Amapá, há uma semana sem luz, é esquecido pelo poder público
Desde uma tempestade na última terça (3), o estado do Amapá está praticamente sem luz, água e com muitos problemas em outros serviços essenciais. Raios atingiram a Subestação de Macapá, capital do estado, causando incêndios e deixando grande parte da população amapaense às escuras desde então.
A empresa privada responsável pela energia elétrica no estado, a multinacional espanhola Isolux, sequer tinha o gerador necessário para emergências como essa. O aparelho está “em manutenção” há um ano. A iniciativa privada tampouco tem atuado para solucionar o problema. A situação só melhorou um pouco depois de intervenção do poder público por meio da Eletronorte, mas o abastecimento de energia elétrica só deverá ser completamente normalizado nos próximos dias.
André Guimarães, docente da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), conta que o apagão gerou filas quilométricas em postos de gasolina e aumentos abusivos no preço de itens básicos. Um garrafa de 20 litros de água passou a custar 25 reais e um pacote de velas é vendido a 15 reais, por exemplo. Há relatos na imprensa de barras de gelo vendidas a 50 reais.
“Tudo isso ocorre no meio da segunda onda de Covid-19 em Macapá. Antes do apagão, os leitos de UTI já estavam sendo muito ocupados. Havia muitas filas nos postos de atendimento”, lembra o professor. A população local tem realizado uma série de manifestações exigindo a solução imediata dos problemas decorrentes do apagão.
Para o docente da UNIFAP, o apagão no Amapá expõe duas questões gravíssimas. “A primeira é a desigualdade regional e social que marca o país. Por estar afastado dos grandes centros, mesmo tendo hidrelétricas e produzindo energia para outras regiões do país, mas o povo amapaense sofre com a falta de energia. É a grande contradição da desigualdade regional que marca o país”, afirma.
A desigualdade também é explícita dentro do Amapá: há condomínios de luxo que têm energia 24h enquanto áreas de periferia sofrem. A segunda questão, segundo André, é a privatização da energia. “A Subestação tem um gerador há mais de um ano em manutenção, e outro que não estava funcionando. Ela é administrada por uma empresa multinacional que, no momento em que deveria resolver o problema, se isenta completamente. E é o poder público, com a Eletronorte, que tem atuado”, completa o docente.
Solidariedade
“A ADUFPel se solidariza com o povo do Amapá e exige que o Estado tome as providências necessárias para restabelecer o mínimo necessário de serviços para os enfrentamentos cotidianos”, afirma Celeste Pereira, presidente da Seção Sindical. O ANDES-SN, junto a outras entidades, está organizando uma campanha de arrecadação solidária em prol dos amapaenses.
Deposite qualquer quantia em:
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Assessoria ADUFPel com imagens de Rudja Santos/Amazônia Real e de ANDES-SN.