ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Ameaças do “Future-se” para as instituições de ensino são debatidas em Audiência Pública em Pelotas

Ontem (11), houve Audiência Pública (assista na íntegra aqui) na Câmara Municipal de Pelotas, para discussão do programa “Future-se”. Representações do movimento estudantil e de diversas entidades ligadas à educação compuseram a mesa e avaliaram o projeto. A destruição do direito à educação, à pesquisa, à extensão e aos serviços públicos prestados nas mais diversas áreas pelas universidade a institutos foram pontos assinalados nas falas.


A Audiência foi convocada pelo vereador Ivan Duarte, com presença de de Asufpel Sindicato, Sinasefe IFSul, Dce-UFPel, ADUFPel-SSind, reitoria da UFPel e reitoria do IFSul. Em sua fala, o diretor da ADUFPel-SSind Giovanni Frizzo realizou uma panorama das últimas décadas de luta contra a destruição do caráter público das Instituições Federais de Ensino (IFE). Segundo o diretor, a partir da década de 1990, com a expansão do neoliberalismo no Brasil, diversos projetos de mercantilização da educação se intensificaram. 


Com a mobilização da comunidade acadêmica, no entanto, o Brasil ainda tem um modelo de universidade pública e gratuita, diferente de diversos países da América Latina e do mundo. “Tanto docentes quanto técnico-administrativos e estudantes têm se dedicado para que a universidade pública e gratuita tenha cada vez mais um impacto social enfrentando os problemas sociais que essa sociedade tão desigual apresenta para a grande massa da população”, ressaltando que esse modelo está em disputa e ameaçado pelo “Future-se”.



“Future-se”: novo capítulo das privatizações

Diversos avanços do setor privado sobre a universidade já aconteceram nos últimos anos, como lembrou Frizzo, que citou o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, aprovado em 2016 e regulamentado em 2018, como um dos projetos de caráter privatista. Com o “Future-se”, entretanto, avaliou o professor, abre-se um novo capítulo. O projeto pretende utilizar os recursos públicos e o trabalho de servidores/as e estudantes das IFE para potencializar o lucro dos setores do mercado. Coloca em jogo, assim, a função social das universidades.  “Dessas disputas de projeto de sociedade e, portanto, de educação, a gente precisa não só fazer a defesa e a resistência por nossos direitos, mas também fazer o enfrentamento a esses setores que querem transformar todas as universidades, e em nosso caso particular a UFPel e IFSul, em um grande balcão de negócios”.


Em relação à gestão das universidades, o diretor lembrou que o projeto pretende que sejam realizadas por Organizações Sociais (OS). “Esse balcão de negócios que se transforma a universidade pública vai ser gerido por uma OS que tem por intenção captar recursos e especular no mercado financeiro através da estrutura pública, do patrimônio brasileiro que são as universidade públicas, e também do pessoal que aqui trabalha ou estuda”, explicou, lembrando que não há exemplos de benefícios dessa captação de recursos, via fundos que especulam no mercado financeiro, para a grande maioria da população.


Além disso, o diretor da ADUFPel-SSind questionou o que aconteceria se grandes empresas do agronegócio injetassem dinheiro nas universidade. “Que projeto de agroecologia, economia solidária e agricultura familiar seriam realizados nas instituições se o que vale é atender ao interesse de quem paga? E imaginem essas grandes empresas sendo responsáveis por administrar, controlar e conduzir os cursos de licenciatura dessas universidades. Então vai ser a Gerdau, a Havan que vão controlar qual vai ser a formação das professoras e dos professores que vão atuar nas escolas municipais, estaduais e federais?”.


Rejeitar o programa “Future-se” e explicitar o caráter destrutivo da função social das IFE é fundamental para o professor. “Nós temos a firmeza de dizer que faremos essa luta e que manteremos a UFPel pública e gratuita enfrentando o Future-se e quaisquer outras medidas que venham a destruir o direito à educação, o direito à pesquisa, o direito à extensão e o direito das pessoas projetarem um futuro melhor, especialmente para a juventude pobre e negra desse país”, finalizou.


Gestão da UFPel é contra o “Future-se”

Na fala da Administração Superior da UFPel, o reitor Pedro Hallal apontou a contrariedade da gestão ao “Future-se”.  Ele lembrou também que o projeto não foi dialogado com nenhuma administração das universidades e institutos do país, tampouco com as representações dos segmentos docentes, técnico-administrativos e estudantes.


Segundo a avaliação de Hallal, a lógica de mercado expressa no projeto, com a gestão das OS e com o financiamento das instituições por grandes empresas, poderia significar o fechamento de cerca de 30 a 40 cursos, dos 96, que a UFPel oferta. para ele “o Future-se tem uma visão econômica e de mercado, não tem nenhum componente educacional, não fala no plano nacional de educação. É um projeto construído por economistas, que a maioria deles jamais pisou numa universidade pública nesse país e aqueles que pisaram, especialmente o ministro, não tem a sua carreira marcada por grandes feitos acadêmicos”.


Outro ponto lembrado pelo reitor foi a ausência de qualquer menção aos técnico-administrativos em educação (TAE) no “Future-se”. Para o reitor da UFPel, a intenção do Ministério da Educação (MEC) é terceirizar todo o serviço técnico-administrativo. Hallal assinalou que, com o “Future-se”, as universidades voltariam a um modelo para poucos, destinado à parcela mais rica da população. “Não tenho dúvida que o ministro da educação e o Ministério da Educação são os inimigos número 1 da educação nesse país. Não tem nenhuma possibilidade que venha um projeto bom vindo desse ministério da educação”, afirmou. 


Docentes continuarão o debate em AG

A próxima Assembleia Geral (AG) da categoria docente da UFPel será no dia 20 de agosto, próxima terça-feira. A pauta inclui os ataques à autonomia, à democracia, autonomia e financiamento das universidades, o projeto “Future-se” e a discussão sobre greve docente e da educação. A AG acontecerá no auditório da Faculdade de Direito, às 17h. A ADUFPel-SSind convoca todas/os docentes para aprofundar o debate sobre o “Future-se” e discutir a mobilização. 


Assessoria ADUFPel

Veja Também

  • relacionada

    Docentes da UFPel e do IFSul-CaVG deflagram greve a partir de 15 de abril

  • relacionada

    Por que fazer greve?

  • relacionada

    Mulheres recebem 19,4% a menos que homens, aponta o primeiro relatório de igualdade salari...

  • relacionada

    Após 6 anos e dez dias, PF prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

  • relacionada

    Nota das Diretorias do ANDES-SN e do Sinasefe em apoio à greve da Fasubra

  • relacionada

    Setor das Federais aponta greve docente a partir de 15 de abril

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.