Após retorno presencial em Manaus, 342 professores já foram contaminados pela Covid-19
Em
apenas 20 dias da volta às aulas presenciais em Manaus (AM), 342
professores do ensino médio da rede pública testaram positivo para o
novo coronavírus. As aulas no ensino médio foram retomadas no dia 10 de
agosto. A situação fez com que o governador Wilson Lima (PSC)
decretasse o adiamento por tempo indeterminado da retomada das
atividades do ensino fundamental, que deveria ter começado na última
segunda-feira (24). Porém, as aulas presenciais no ensino médio foram
mantidas.
Manaus foi a primeira capital a retomar as atividades presenciais nas
escolas, mesmo tendo sido um dos estados com recordes de contaminação
por Covid-19 nos três primeiros meses de pandemia. Em maio, o Amazonas
chegou a ultrapassar as regiões Sul e Centro-Oeste juntas em número de
pessoas infectadas, o sistema de saúde colapsou e muitos morreram por
falta de assistência médica.
Os
resultados dos testes foram divulgados durante audiência pública
virtual realizada pela Assembleia Legislativa do Amazonas, para discutir
o planejamento da volta às aulas presenciais no estado. Os exames foram
aplicados em 1.064 profissionais da educação da cidade, o que equivale a
32,2% de contaminação. Ao todo, a rede pública estadual tem 30 mil
educadores.
Apesar dos dados, a diretora da Fundação de Vigilância em Saúde do
Amazonas, Rosemary Pinto, afirmou não haver transmissão ativa nas
escolas. "Como medida de precaução, os profissionais que testaram
positivo, os que já passaram pelo período de transmissão, permanecem
mais sete dias longe da escola, dentro de um protocolo. Quem ainda está
no período de transmissão, permanece mais 14 dias longe", anunciou.
No entanto, os professores discordam e defendem a suspensão total do retorno presencial às aulas. Segundo a Associação Sindical dos Professores e Pedagogos das Escolas Públicas do Ensino Básico de Manaus (Asprom), cerca de 80 escolas já registraram ao menos um caso positivo de covid-19.
De acordo com a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) em Manaus, Isis Tavares Neves, o governo do estado não se preparou para combater a pandemia, e também não seguiu protocolos para o retorno das aulas presenciais. "Fomos às escolas fiscalizar e vimos aglomerações na entrada, alunos sem máscara e salas de aula com vidros chumbados, sem ventilação natural, e EPIs [Equipamento de Proteção Individual] de péssima qualidade", relatou.
Paralisação
Diante da situação, a categoria aprovou a paralisação, a partir dessa
terça-feira (1/9), das aulas presenciais em defesa da vida, mas mantém
as aulas remotas para não prejudicar os alunos da rede pública. Cerca de
50% das 123 escolas já aderiram ao movimento, apesar das ameaças do
governo do estado, que insiste em manter as aulas presenciais. "Porque
nossa intenção é salvar vidas, e se o governador não recuar iremos fazer
uma greve, ou seja, não vai ter aula presencial nem remota", disse Isis
Tavares Neves.
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Más condições
A
Associação Sindical dos Professores e Pedagogos das Escolas Públicas do
Ensino Básico de Manaus (Asprom) também reclama de pouca ventilação nas
salas e falta de materiais de higiene, como papel toalha e álcool gel a
70%. Várias escolas foram fechadas temporariamente desde o início das
aulas por casos confirmados de covid-19.
Além disso, o governo estadual entregou apenas uma máscara de pano para
cada estudante. O material também era de baixa qualidade e com tamanhos
desproporcionais, em muitos casos cobrindo totalmente o rosto dos
estudantes.
Fonte: ANDES-SN
* Com informações da CNTE e da Rede Brasil Atual