Assembleia Geral mobiliza a categoria para discutir trabalho docente durante a pandemia
Foi realizada nesta quarta-feira (14) mais uma sessão da Assembleia Geral Permanente da ADUFPel. Durante quase 2 horas, os sindicalizados e sindicalizadas debateram os temas em pauta, sempre atravessada pela urgência no entendimento das implicações do retorno presencial às aulas, da instituição do ensino híbrido e do novo decreto que prevê a Educação como serviço essencial.
Um dos temas que mais movimentou a discussão foi no que diz respeito ao Relatório Anual de Atividades Docentes, o RAAD. A documentação, que deve ser preenchida obrigatoriamente por todos os professores de ensino superior, exige um limite de 1760 horas trabalhadas, sendo possível 10% a mais ou a menos. Dentro desse limite, fica o embaraço: os docentes são penalizados se não cumprirem o acordado, mas caso trabalhem a mais – como muitas vezes ocorre – isso deve ser mascarado no relatório.
Como resultado, proliferam-se depoimentos de docentes que preencheram relatórios colocando apenas 1 hora por ano dedicada à orientação, ou para atividades de extensão, sendo que é um número irreal. Em um momento em que a universidade é atacada e questionada em todas as suas instâncias, que professores e professoras normalizem assinar um documento informando que trabalham menos do que o realmente efetivado é mais que problemático.
O trabalho docente, especialmente em período pandêmico, é agravado pela sobrecarga de atividades administrativas. Qual a solução possível? Um registro paralelo? A resposta ainda está em debate. A grande questão é tensionar esse cenário em que o trabalhador se vê doando seu trabalho para o empregador. O desejo de buscar a mobilização da categoria foi aprovado por unanimidade.
Representações
A reunião iniciou com informes gerais e a lembrança de que a inscrição de chapas para as eleições para a nova diretoria da ADUFPel já teve início e se estende até o dia 23 de abril.
Foi deliberado que os professores Adhemar Lourenço e Miriam Ribeiro serão os representantes do Conselho de Representantes (CR), o professor Enio Pereira, pelo Conselho Fiscal e o professor Cristiano Engelke pelo ANDES-SN na Comissão Eleitoral (COE), .A diretoria deverá indicar em breve sua representação na COE.
Outra temática em discussão foi quanto à representação da seção sindical no Conselho da Mulher, da mesma forma como já se faz presente no Conselho Municipal de Saúde e na Agência de Desenvolvimento da Lagoa Mirim. Para este primeiro, será encaminhado como titular a professora Rejane Jardim e, como suplente, a professora Miriam Alves.
A representação demonstra-se importante uma vez que é possível acompanhar a metodologia e discussões presentes nas pautas que mobilizam as entidades.
A Pandemia
O Rio Grande do Sul ultrapassa o Amazonas e registra a semana mais mortal no final de março. E ainda assim, o governo flexibiliza a abertura do comércio, autoriza bares e restaurantes noturnos. Em Pelotas também a flexibilização foi autorizada no último decreto municipal, que suspende o lockdown de fim de semana como vinha ocorrendo. Segundo a professora Eliana Bender, representante da ADUFPel no Conselho Municipal de Saúde de Pelotas, por vezes há o questionamento sobre a presença do conselho no Comitê de Crise, especialmente quando da formulação dos decretos - uma vez que as informações ou chegam de última hora ou as decisões não levam em consideração o que os conselheiros deliberam. “Saber de tamanho descaso é parte do processo. Mas estamos ali para defender a vida”, comenta a professora.
Encaminhamentos
Foi deliberado na AG pela realização de uma Live que trate da sobrecarga de trabalho docente neste contexto da pandemia, abordando o Ensino Remoto e o Ensino Híbrido, possibilidade de retorno presencial, a transformação do ensino em serviço essencial, RAAD e outros temas relacionados. Também serão realizadas rodas de conversa com a categoria em seus locais de trabalho sobre estas e outras questões que impactam diretamente na categoria.