Bolsonaro faz comentário homofóbico para minimizar mortes causadas pela Covid-19
“Tem que deixar de ser um país de maricas”, disse o presidente Jair Bolsonaro, em um evento na tarde da última terça-feira (10) sobre a retomada do turismo no país. A fala foi uma crítica às medidas de proteção e distanciamento social como forma de diminuir o contágio pela Covid-19. De acordo com o presidente, a pandemia, que já matou mais de 162 mil brasileiros foi “superdimensionada”. “Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio”, declarou.
A manifestação pública foi a primeira após o presidente ter comemorado, em suas redes sociais, a suspensão, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do estudo clínico da vacina CoronaVac, após a morte de um voluntário da pesquisa. No entanto, já foi comprovado que o óbito não teve qualquer relação com a pesquisa.
O presidente chegou a afirmar que a interrupção da pesquisa foi mais uma vitória sua, em referência ao adversário político, João Dória (PSDB), governador de São Paulo. A vacina está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã, do estado de São Paulo, em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech e já teve sua pesquisa retomada.
Ainda durante o evento no Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro condenou novamente o fechamento do comércio e alegou que, os alertas em relação a uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus, seriam mais uma tentativa de “amedrontar o povo”.
Repúdio
Não é a primeira oportunidade em que o presidente faz discursos negacionistas para minimizar os impactos da pandemia e colocar em questionamento a eficácia das vacinas, em desenvolvimento, contrariando, inclusive, orientações das autoridades sanitárias nacionais e internacionais. Além disso, Bolsonaro, outra vez, utiliza expressões homofóbicas e xenófobas, o que é considerado crime pela legislação brasileira.
O ANDES-SN, reiteradamente, tem se manifestado contra o total descaso do governo federal diante da grave crise sanitária e ausência de políticas públicas de enfrentamento à pandemia de Covid-19. Além disso, o Sindicato Nacional segue fazendo frente aos ataques das mais diversas ordens, por parte do governo federal, e constantes medidas para desmonte dos serviços públicos essenciais, como Saúde e Educação.
A entidade reafirma, novamente, seu papel no combate contra todas as formas de opressão e humilhação e irá cobrar, junto aos demais movimentos sociais e sindicais, a responsabilização do presidente por suas posturas LGBTfóbicas, de ataque à população brasileira e de descaso com as milhares de mortes no país.
Impeachment
O ANDES-SN é signatário, conforme deliberações congressuais, de um pedido de impeachment do governo Bolsonaro. O documento, assinado por mais de 400 entidades da sociedade civil e partidos políticos, foi protocolado em maio na Câmara dos Deputados.
‘‘O ANDES-SN, em consonância com seus quase 40 anos de luta como Sindicato classista e combativo, assina o pedido de impeachment de Jair Bolsonaro. Não temos nenhuma ilusão com esse Congresso Nacional, mas entendemos que esta ação política é uma ferramenta importante para mostrarmos a nossa disposição de luta nessa conjuntura. Esperamos contribuir para a construção da unidade necessária para derrotar este governo Bolsonaro/Mourão’’, pontuou Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN.
De acordo com a agência de notícias A Pública, até meados de agosto, 1458 pessoas e organizações assinaram pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Dos 53 pedidos enviados ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e recebidos pela casa, apenas um foi arquivado até hoje. No total, incluindo aditamentos e pedidos rejeitados e retirados pelos autores, foram 56.
Fonte: ANDES-SN. Edição de Assessoria ADUFPel com imagem de EBC.