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Caminhos para descolonizar a arqueologia

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Créditos: Tiago Kickhöfel

Matéria publicada na sexta edição do jornal Voz Docente. Confira aqui. 

Professora da UFPel desde 2010, Loredana Ribeiro encontra na crítica feminista um tensionameno necessário para as epistemologias coloniais que ainda hoje permeiam tanto a arqueologia - seu campo de formação - quanto o próprio ambiente universitário. 


Este encontro de perspectivas se manifesta em todas as faces do seu trabalho: desde os projetos de pesquisa, em que compartilha com os pares suas reflexões, à extensão. A partir dela, socializa com o público reflexões que questionam os lugares estabelecidos pelo cânone quanto à raça, gênero e sociedade.


"A antropologia e a arqueologia são profundamente eurocêntricas", reflete ela. "O homem branco, cisgênero, hetero estabeleceu a si mesmo como padrão ao analisar povos com composições sociais distintas. Eles eram então tratados como primitivos, desumanizados". 


Para ajudar a desnaturalizar nosso olhar sobre a história e este passado construído pela ciência positiva, surge o projeto de extensão AMAA, o Acervo Multimídia de Arqueologia e Antropologia. 


Seu foco, como expõe a professora, é o uso em sala de aula. Não por acaso, a equipe do projeto tem produzido e disponibilizado livros eletrônicos, planos de aula e vídeos de suporte para incentivar que professores e professoras levem para crianças discussões que unem cultura material, identidade, representação e patrimônio. Um dos destaques vai para o material audiovisual, com uma linguagem contemporânea que une memes, teoria e enfrentamento aos desafios do presente.


Exposições 

Na ciberexposição “O vestuário típico gaúcho e os grafismos indígenas”, o texto de Jozileia Kaigang reflete sobre os modos como a padronagem geométrica que compõe o Rá (marca) do seu povo foi incorporada na pilcha sem qualquer referência aos Kaigang. As fotografias de Tiago Kickhöfel expõem este apagamento, ajudando a desnaturalizar nosso olhar. 


Já em “Vai na frente que eu vou índio”, encontramos um conjunto de ilustrações produzidas por Mikaela Barcellos Medeiros. A adolescente com baixa visão conta que se inspirou em desenhos de livros didáticos sobre povos indígenas para criar uma aldeia- -quilombo. Mais do que isso, inverte o papel dos gêneros tradicionalmente representados: homens cuidam dos filhos, mulheres vão à caça.


Por fim, em “Dois modos de ser menina. Pelotas, séc. XIX”, a narrativa da exposição costura notícias e artigos de jornal, bonecas e peças de cerâmica de 200 anos atrás para refletir sobre o que se esperava das crianças negras e das brancas ricas. Enquanto umas eram vendidas como escravas, reduzidas a força de trabalho desde cedo, as outras repetiam nas brincadeiras o ritual dos chás e convescotes para construir relações. 


Conforme Loredana, a próxima exposição, que deve entrar no ar em breve, vai tratar das masculinidades. Entre as imagens que serão retomadas estão a dos bandeirantes – e o modo como suas práticas de violência e extermínio foram traduzidas em heroísmo pela historiografia paulista do século XX. Acesse o site aqui


Assessoria ADUFPel


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