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Notícia

Construção da greve foi pautada no final de semana por entidades do setor da educação pública federal

A construção da greve unificada dos Servidores Públicos Federais (SPF) no campo da educação voltou a ser debatida nacionalmente neste final de semana, dias 20 e 21 de maio, em Brasília. Na sexta-feira, o assunto norteou mais uma reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do ANDES-SN e, no sábado, foi tratado na Reunião Ampliada Unificada da Educação. Em ambas, estiveram presentes diretores da ADUFPel. 


No Setor das IFES, que contou com a presença da direção nacional e de 24 seções sindicais, foram avaliados os resultados das rodadas de Assembleias Gerais (AG) que debateram o indicativo de greve. Em um panorama baseado nas informações obtidas de 40 seções, 7 optaram pela deflagração da greve a partir desta segunda-feira (23), 8 pelo indicativo sem data prevista, 10 por manter a mobilização, 11 sem ter realizado Assembleia ou ainda sem deliberação sobre e 4 contrárias à greve. A mais recente a aprovar a deflagração é a ADUFPA, em AG realizada nesta segunda. Durante os próximos dias, novas Assembleias ocorrerão. 


Diante do que foi exposto, Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN, revelou que vê o quadro geral com entusiasmo, mesmo frente aos problemas apresentados, pois vê a disposição e o entendimento da necessidade de uma luta mais ofensiva e de um processo de mobilização que chegue à greve. 


“É verdade que o que se aponta é que não deflagraremos greve [em todas as seções] a partir do dia 23, mas é verdade também que está colocada a possibilidade de uma mobilização forte, inclusive num processo de construção junto aos estudantes e técnicos administrativos. O 19,99% é fundamental, mas é nas condições concretas de vida que vamos conseguir mobilizar”, ressaltou. 


Segundo a docente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (ADUFF), Claudia March, ao avaliar a preocupação dos discentes com a paralisação das aulas, frisou que o que prejudica os estudantes não é a greve, nem mesmo a luta docente, mas o conjunto de medidas e contrarreformas que precarizam o ensino público. 


Ela aponta, a título de exemplo, a sua própria universidade, a UFF, que, mesmo com uma reitoria politicamente oposta ao governo Bolsonaro, subscreveu medidas de gestão de desempenho da mesma maneira. E concluiu: "Nossa luta não é só contra o fascimo ou o fascista, mas contra aliados fascistas ultraliberais. Nossa luta não cabe nas urnas, ela transborda, e vai continuar mesmo depois das eleições”.


A análise de conjuntura foi reforçada pela diretora do ANDES-SN, Francieli Rebelatto, que apontou para a grande dificuldade que está sendo construir a greve junto aos demais Servidores Públicos Federais, dada a eminência das eleições e a esperança depositada nas urnas, o que tem contribuído para a desmobilização.


“Derrotar Bolsonaro não significa ter derrotado o bolsonarismo e tudo o que ele expressa em nossa sociedade, especialmente em tudo o que ele expressa na construção da classe trabalhadora, que neste momento está completamente desorganizada, em processo de individualização. Não se vê em um projeto coletivo de lutas. Como ir além das urnas? Como nossas organizações sindicais, junto com o movimento popular e o movimento estudantil, consegue apontar um novo ciclo de luta que nos tire desse patamar de derrota histórica, eu diria?”, questionou. 


Encaminhamentos 

Após longo debate, a reunião do Setor das IFES aprovou a manutenção do indicativo de greve sem data definida para iniciar, remetendo para as bases a discussão de se acrescentar à pauta atual outros pontos relativos às condições objetivas de funcionamento das IFES, tendo em vista a possibilidade de construção de um movimento paredista da educação. 


Também deliberaram pela construção de um calendário de mobilização e lutas, que prevê o um ato no Distrito Federal em 31/05; nova rodada de Assembleias entre 23/05 e 09/06; Ocupa Brasília em 10/06 e reunião do Setor em 11/06. Ainda, encaminharam o fortalecimento ou a criação dos comitês locais de mobilização, ampliação do Comando Nacional de Mobilização (CNM) de três para seis representações de seções sindicais e o fortalecimento do conjunto das ações nacionais, a partir do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e do próprio Setor. 


Reunião Ampliada Unificada da Educação 

No sábado (21), representantes do ANDES-SN, da Fasubra e do Sinasefe, entidades que representam docentes, técnicos e técnicas das Instituições Federais de Ensino (IFE), participaram da Reunião Ampliada Unificada da Educação, que aconteceu na capital federal em formato híbrido, presencial e via Zoom, e foi transmitida pelas redes sociais do Sindicato Nacional (acesse aqui)


O encontro abordou o cenário nacional das greves, principalmente as do campo da educação, capitaneadas, neste momento, pelo Sinasefe, com o objetivo de consolidar o movimento paredista de forma unificada e articular a construção de uma pauta de reivindicações da educação federal, o que foi enfatizado nas intervenções dos representantes das entidades sindicais. 


Conforme destacou a diretora do SINASEFE, Elenira Vilela, não é possível derrotar o bolsonarismo, o fascismo e o neocolonialismo somente nas urnas. “A gente precisa derrotar nas urnas, na greve, nas ruas. (...) A gente precisa se lembrar que lutar por condições de trabalho e por boa remuneração aos profissionais de educação, é uma forma de evitar a mercadorização que está sendo denunciada, por exemplo, nas universidades privadas que estão transformando a educação  em um ensino de baixa qualidade, encaixotado em pacotes de ensino vagabundos que não formam nem a nossa juventude e nem desenvolvem cientificamente o nosso país e que quebram a nossa soberania. A gente não pode permitir que nossas redes sejam transformadas nessa educação mercantilizada. (...) É greve por que é grave!”. 


A diretora de relações institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thais Falone, lembrou que, no Dia Internacional da Educação (24/01), Bolsonaro cortou R$ 739 milhões da educação brasileira, e enfatizou quais têm sido as consequências para os alunos. “Vários restaurantes universitários não estão funcionando ou com aumentos absurdos. Estamos com um orçamento super inchado, pois vários estudantes entraram na universidade agora e precisam da assistência estudantil, das bolsas, do transporte, da casa de assistência estudantil”. 


Ela ainda citou a aprovação do Projeto de Lei que regulamenta o ensino domiciliar, conhecido como “homeschooling”, na Câmara dos Deputados, em 19 de maio. “Bolsonaro além de acabar com a universidade, quer acabar com a escola pública. São várias faíscas que temos para tornar a educação pauta para mobilização pública no Brasil”, salientou. 


Regina Ávila, do ANDES-SN, em sua intervenção, evidenciou que este é um momento histórico porque ele se dá num processo de continuidade de mobilização e construção unitária das lutas. Em nome do Sindicato Nacional, saudou os trabalhadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que estão em greve reivindicando condições de trabalho, e os funcionários da Eletrobras, que estão em luta contra a privatização da estatal. 


A professora também cumprimentou o conjunto das entidades da educação que estão mobilizadas atuando na construção da greve. Segundo a docente, isso é resultado de um processo unitário permanente de mobilização que visa derrotar o governo Bolsonaro. “A destruição dos serviços públicos e as medidas ultra neoliberais desse governo estão jogando a população e a classe trabalhadora na miséria, na fome, e, nesse processo, o ataque à saúde e à educação são fundamentais para que o projeto desse governo seja vitorioso”. 


Frente a isso, ela ressaltou que os SPF têm acumulado experiência de luta para promover greves vitoriosas e, inserido no processo, está o ANDES-SN, fortalecendo o movimento. Em que pesem as dificuldades que os servidores públicos têm enfrentado nas universidades, ela reforçou o apontamento da reunião do Setor das IFES para a manutenção da greve e propôs a organização de comitês locais de mobilização e a construção de uma pauta da educação a partir da realidade concreta do que está acontecendo nas instituições públicas de ensino superior, de cortes das comentários, tentativas de privatização da educação e precariedade do quadro de permanência estudantil. 


Segundo Celeste Pereira, uma das representantes da diretoria da ADUFPel nos dois eventos, a avaliação é a de que a luta é necessária e possível. “Não nos deixaremos intimidar por esse governo que ameaça trabalhadoras e trabalhadores, se utiliza das fakenews como estratégia e busca destruir todas as políticas públicas do campo social, favorecendo sempre os mais ricos. Só a luta muda a vida!”. 


Assessoria ADUFPel


Fotos: ADUFPel e ANDE-SN

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