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Diferentes visões de sindicalismo pautam debate sobre vinculação do ANDES-SN à CSP-Conlutas

Na noite da última terça-feira, 10, diversas leituras de como deve se dar a organização sindical das e dos trabalhadores adentraram o auditório Suze Scalcon da Sedufsm. Isso porque, muito mais que debater a continuidade ou não da filiação do ANDES-SN à CSP-Conlutas, a atividade tocou em pontos centrais àqueles e àquelas que se dedicam a compreender o sindicalismo, as configurações do mundo do trabalho e a dinâmica da luta política no Brasil. Desde seu 26º Congresso, realizado em 2007, em Campina Grande (PB), o ANDES-SN decidiu pela filiação à CSP-Conlutas. Um pouco antes, em 2005, em seu 24º Congresso, o Sindicato votou pela desfiliação da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Tem crescido um debate no interior do ANDES-SN sobre a necessidade de se reavaliar a filiação do Sindicato Docente à CSP-Conlutas, levando em consideração, essencialmente, se a entidade possui o caráter necessário para intervir no movimento real da luta de classes. Tal debate se mostrou mais concreto a partir de 2016, quando divergências relativas à Operação Lava Jato e à destituição de Dilma Rousseff afloraram.

No 41º Congresso do ANDES-SN, a ocorrer em fevereiro, em Rio Branco (AC), será definido sobre a permanência ou a saída da CSP-Conlutas do ANDES-SN. Para aprofundar essa discussão a Sedufsm convidou quatro debatedores na noite da terça: Gustavo Seferian Scheffer Machado, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 1º secretário da Regional Leste e encarregado de assuntos jurídicos do ANDES-Sindicato Nacional; Paulo Barela, servidor do IBGE e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas; José Eudes Baima Bezerra, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), integrante do Fórum ‘Renova ANDES’; e João Carlos Gilli Martins, professor aposentado da UFSM e integrante do Coletivo Edmundo Fernandes.

Cada um deles trouxe uma visão sobre a relação do ANDES-SN com a CSP-Conlutas, e sobre, de forma mais ampla, a capacidade organizativa e política da central para dar conta dos desafios que o cenário brasileiro coloca.

Novos desenhos organizativos

Seferian deu início à atividade destacando que a CSP-Conlutas contempla organizações sindicais e movimentos populares diversos, mas que realizou uma leitura equivocada dos acontecimentos que estamparam o ano de 2016. O golpe à ex-presidenta Dilma Rousseff, diz o membro da Diretoria do ANDES-SN, foi reiteradamente negado pela central sindical em questão, que também se negou a conferir contornos políticos à prisão de Lula. “Sabemos que a prisão arbitrária do Lula foi um ataque a todos os trabalhadores, e a CSP não foi capaz de incidir de forma satisfatória sobre os movimentos neofascistas no Brasil”, disse Seferian.

Ao mesmo tempo em que defendeu a saída do Sindicato Docente da CSP-Conlutas, Seferian disse não acreditar que o retorno à CUT seja o caminho. “O ANDES-SN pode ser aquele que convidará as entidades à autocrítica e a novos desenhos organizativos capazes de atuar de forma efetiva na conjuntura. Essas pontes podem e devem ser embrião de algo novo”, finalizou.

2016 não foi secundário

As diferentes concepções sobre o golpe ocorrido em 2016 não assumem um valor secundário no debate sobre a permanência ou não do ANDES-SN na CSP-Conlutas. É o que avalia José Eudes Bezerra, professor da Uece e integrante do fórum ‘Renova Andes’. Para ele, ao levar às ruas a bandeira do ‘Fora Todos’, a CSP-Conlutas estava unindo-se ao coro golpista e pedindo, na prática, ‘Fora Dilma’, já que o governo da petista era o então vigente.

“O mais importante são as consequências do golpe de 2016. Onde foi plantada a semente que permitiu o surgimento do governo Bolsonaro? A Lava Jato foi parte do golpe”, atestou Eudes. Em sua avaliação, a CSP-Conlutas tem uma atitude de autoproclamação que dificulta o contato com a base. “A questão é de concepção. O sindicato tem que ser para toda a categoria. Não dá para levantar uma bandeira e querer que a categoria venha”, complementa.

Central com conteúdo socialista

Paulo Barela, membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, frisou o conteúdo socialista da central, que reúne trabalhadores assalariados, informais, povos originários, movimentos populares e setores oprimidos.

Sobre os acontecimentos de 2016, Barela diz não existir nenhuma resolução da CSP-Conlutas em defesa do impeachment de Dilma ou da prisão de Lula. “Naquele momento, Dilma não tinha mais de 17% de apoio popular. Por que o PT não conseguiu construir grandes mobilizações contra o impeachment? E nem para evitar que Lula fosse preso? Não houve apoio popular, porque outros problemas assolavam os trabalhadores naquele momento”, disse Barela. Ao contrário de Seferian, que defendeu a desfiliação da CSP-Conlutas mas o não retorno à CUT, o dirigente da Conlutas reafirmou a necessidade e a importância da central sindical.

Quem também defendeu a permanência do ANDES-SN na CSP-Conlutas foi o professor aposentado da UFSM e integrante do coletivo Edmundo Fernandes, João Carlos Gilli Martins, para quem a CUT traiu os trabalhadores, e em especial os servidores públicos, ao ser o que ele considera ‘conivente’ com a publicação da Reforma da Previdência de Lula, em 2003.

“Com essa traição, diversos sindicatos de servidores começaram a se mobilizar para desfiliar da CUT. Mas viram que precisavam de uma central. Foram várias reuniões para construir uma central que fosse independente de partidos, patrões e governos. É nesse contexto que surge a CSP-Conlutas”, disse o docente da UFSM, argumentando que a central sempre esteve ao lado do ANDES-SN, mesmo quando o Proifes tentou cassar sua carta sindical. 

A primeira secretária da ADUFPel, Elaine da Silva Neves, esteve presente no encontro e trouxe contribuições para o debate. Em sua fala destacou a importância de resgatar a história do sindicato, pois isso baliza perspectivas futuras. “Justamente por termos um 41° Congresso, com um plano de lutas imenso para ser atualizado, em função da conjuntura política que a gente se encontra, por ser um momento crucial para nos debruçarmos sobre esse plano de lutas, não é o momento de fazermos essa opção de saída da CSP-Conlutas”. E finalizou dizendo: “eu acho precoce a saída, pois quando nós saímos da CUT, teve uma discussão muito longa em cima disso para se tomar uma decisão de saída. Só teremos força se estivermos juntos com outros sindicatos e movimentos sociais, isso quer dizer, dentro da CSP-Conlutas”.

 

Assista ao debate completo no canal do youtube da SEDUFSM

 

Fotos: Fritz Nunes

Fonte: Assessoria de Imprensa da Sedufsm, com edição Assessoria da ADUFPel

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