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EaD: educação distante da realidade do povo brasileiro

As aulas e atividades remotas durante a pandemia de Covid-19 têm desgastado professores e estudantes, gerando adoecimento entre aqueles que se vêem obrigados a trabalhar por meio de uma tela de computador ou celular. A isso, soma-se a angústia pela situação do país, que acumula dezenas de milhares de mortos por Coronavírus. 


Uma pesquisa realizada pelo portal Nova Escola traçou um raio-x sobre a situação dos professores que dão aulas remotas durante o isolamento social. O levantamento ouviu mais de 9,5 mil profissionais de forma virtual, a maioria deles da rede básica, sendo 70% de escolas particulares. 


Os resultados são chocantes. Ao avaliar a experiência com o ensino remoto, um terço (33%) dos professores a classifica como razoável, 30% como ruim ou péssima. Menos de um terço (32%) dos professores avalia de forma positiva.


A adaptação do formato, o baixo retorno dos alunos, a alta cobrança de resultados, o crescimento da demanda de atendimento individual às famílias e falta de capacitação, de infraestrutura e de contato direto com os alunos são alguns dos principais fatores negativos apontados na pesquisa. Mais de metade (51,1%) dos professores relatam não ter recebido formação alguma de suas redes ou mantenedores para trabalhar.


Quanto à saúde emocional dos professores ouvidos pela pesquisa, apenas 8% afirmam que se sentem ótimos. 28% avaliam a saúde emocional como péssima ou ruim e 30% como razoável. Os problemas levantados foram: estresse envolvido na necessidade de aprender rápido para adequar o planejamento, risco de contaminação, insegurança em relação ao futuro, falta de reconhecimento das famílias e gestores, aumento no tempo de preparo das aulas e de dedicação aos alunos e sensação de não conseguir dar conta de todas as demandas domésticas, familiares e profissionais.


ADUFPel debate assunto em Assembleia Virtual

No dia 14 de julho, a ADUFPel realizou Assembleia Geral Virtual, que contou com a participação de mais de 60 docentes. Um dos temas debatidos foi justamente o ensino remoto durante a pandemia. Depois de um espaço para informes, o professor Avelino Oliveira, segundo tesoureiro da ADUFPel, abriu as discussões. Em sua exposição, o docente citou que o tema tem diversas implicações sobre a carreira, as relações de trabalho, a precarização do trabalho e sobre o projeto de educação pública.


Ressaltou que um dia as atividades presenciais retornarão e que a UFPel ainda pouco fez para preparar o retorno. Citou que a categoria docente não está preparada para dar aulas remotas e que, na maioria das vezes, as responsabilidades do processo são colocadas nas costas dos professores. 


“Nós estamos em um processo em que precisamos discutir esse tema. Há incidências sobre a nossa carreira, nosso trabalho e a precarização de nosso trabalho. Nós não estamos acostumados a isso, não é nossa praia trabalhar com educação à distância. Estamos sendo submetidos a um período, por necessidade, de adaptação”, afirmou Avelino. 


“A responsabilidade sobre o sucesso ou insucesso disso é colocada nos próprios professores. Os treinamentos são rápidos, aligeirados. Nós, que temos outro ritmo de trabalho, não nos tornaremos professores de EaD em algumas horas”, completou o docente. 


A aprovação do Calendário Alternativo pelo Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe) da UFPel foi alvo de críticas pelo pouco debate que a proposta teve pela comunidade. Quando o debate foi aberto, muitos professores reforçaram a crítica.


Os docentes presentes na Assembleia deliberaram reativar o Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) local para tratar especificamente da questão do ensino à distância/remoto e do retorno às aulas, buscando as informações de outras universidades e avaliando o cenário nacional. Depois do debate do GTPE, as discussões serão retomadas em nova Assembleia.


Também foi decidido que a ADUFPel solicite à Pró-Reitoria de Ensino quais os números de vagas, disciplinas, demandas e condições objetivas oferecidas aos estudantes para as aulas remotas, bem como o processo para avaliação deste calendário alternativo. Ainda, que os docentes pensem em instrumentos avaliativos dessa experiência.


MEC quer volta às aulas presenciais

Mesmo sem controle da disseminação do novo coronavírus (Covid-19) e enquanto o país ultrapassa dezenas de milhares de mortes, o Ministério da Educação (MEC) decidiu anunciar, no início de julho diretrizes para a volta às aulas presenciais das Instituições Federais de Ensino (IFEs). Apesar de ainda não ter data prevista para o retorno das atividades, a portaria já está em vigor e a regras foram publicadas no Diário Oficial da União. 


A Portaria, de número 572, institui um Protocolo de Biossegurança para o retorno nas universidades e institutos federais, que incluem diversas normas que podem ser acessadas através de uma cartilha. As orientações englobam medidas coletivas e individuais de proteção e prevenção à Covid-19 em diferentes cenários, critérios para a retomada, monitoramento após retorno e sugestões para adoção de estratégias digitais. 


Entre as diretrizes estão: uso de máscara obrigatório; edição de temperatura no acesso às áreas comuns; disponibilização de álcool em gel; volta ao trabalho de forma escalonada; ventilação do ambiente; possibilidade de trabalho remoto aos servidores e colaboradores do grupo de risco; reuniões e eventos à distância; distanciamento de pelo menos 1,5 m; orientação para manter cabelo preso e evitar usar acessórios pessoais, como brincos, anéis e relógios; não compartilhamento de objetos; elaboração quinzenal de relatórios para monitorar e avaliar o retorno das atividades. No entanto, o documento não prevê testagem de funcionários e alunos. 


Segundo o MEC, as diretrizes foram elaboradas por um grupo composto por profissionais da medicina, da biomedicina, da biologia e da área sanitária, e seguem orientações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).


UFPel não terá aulas presenciais por enquanto

A Administração da UFPel, em nota divulgada no dia 29 de julho, afirmou que todas as atividades presenciais de ensino estão suspensas na universidade. A declaração veio um dia depois do Comitê interno da UFPel para acompanhamento da evolução da Covid-19 recomendar que a universidade não retornasse às atividades acadêmicas presenciais no período imediato após o fim do Calendário Alternativo. 


A nota da Reitoria ressalta que “oportunamente, após diálogo com a comunidade da UFPel e avaliação em processo dos pontos positivos e negativos do calendário alternativo em curso, será apreciado pelo Cocepe um novo plano de desenvolvimento das atividades remotas de ensino, a partir do mês de outubro”. 


O aconselhamento do Comitê foi baseado nos indicadores do estágio em que a pandemia encontra-se no país, cujos dados demonstram que os números de infecções e de óbitos continuam em um nível muito elevado na maior parte do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul e em Pelotas, onde há aumento de casos. Conforme o Calendário Alternativo, aprovado 22 de maio pelo Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe), as atividades remotas terão fim no dia 12 de setembro.


A decisão corrobora com a posição da Diretoria da ADUFPel, que entende que o momento realmente não permite o retorno presencial. "Esperamos poder discutir com a comunidade universitária os melhores encaminhamentos antes da votação no Cocepe”, afirma Celeste Pereira, presidente da ADUFPel. 


Matéria originalmente publicada no jornal Voz Docente. Leia aqui. Imagem de EBC.

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