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Em roda de conversa da ADUFPel, docentes relatam dificuldades e trocam experiências sobre trabalho remoto

O Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) da ADUFPel-SSind promoveu, no fim da tarde desta quarta-feira (8), em formato virtual, uma roda de conversa para discutir a docência na UFPel em tempos de ensino remoto. O encontro deu início a uma série de outros, que irão servir para acolhimento e discussão sobre questões que afligem e compreendem o trabalho docente nesta conjuntura pandêmica.


Conforme a diretora da entidade e coordenadora do GTPE, Valdelaine Mendes, a atividade buscou, assim como as reuniões que o Grupo já vem realizando com regularidade, consolidar-se como um ambiente coletivo para trocas e diálogo diante dos enfrentamentos que estão sendo postos. “Temos como objetivo construir esse espaço para que, em breve, possamos fazer essa mesma roda de conversa na Seção Sindical, presencialmente, conversar sobre nosso trabalho na universidade, conhecer melhor o que fazemos, falar sobre dificuldades, alegrias, desafios e enfrentamentos que precisamos fazer futuramente”. 


Segundo ela, foi uma noite produtiva de discussão, debate, reflexão e para que todos possam se reconhecer nas falas uns dos outros. “Esse espaço é importante para isso porque estamos em uma mesma instituição, no mesmo barco, e teremos muitas coisas a acrescentar, certamente, a partir dessa experiência. Às vezes, estamos na mesma unidade acadêmica, mas não conhecemos as angústias e as dificuldades que o nosso colega está passando”, apontou. 


Desafios

A conversa partiu dos relatos da professora de Geografia, Gabriela Dambrós, e do professor de Agronomia, Roberto Trentin, convidados para apresentarem suas vivências e compartilhar experiências. Ambos, mesmo sob diferentes perspectivas, apontaram para algo em comum: o quão desafiador tem sido ser docente neste momento. 


Gabriela contou que mesmo sendo uma entusiasta das tecnologias e que, inclusive, já as incluía como parte do processo de aprendizagem em suas aulas antes da pandemia, compreende que não comparam-se ao convívio pessoal. “Não entendo a tecnologia como algo que vai nos substituir, mas que vai nos auxiliar e tornar mais dinâmicas as atividades”. 


Ela ressaltou que nada pode compensar o contato do dia a dia, pois, conforme afirma, citando Paulo Freire, ser professor é estar com gente, é gostar de gente. “É muito diferente a gente dialogar sobre a profissão docente quando está também construindo uma forma de sermos docentes nesse contexto”. 


Como seu trabalho inclui a formação dos estudantes para o cotidiano presencial em sala de aula, o desafio está sendo ainda maior. “É bem difícil de dizer para eles, pelo WEBConf, como é a dinâmica de uma sala de aula. É tudo muito abstrato. São coisas que podem parecer banais, mas que fazem parte da docência e que tem que pensar isso porque, quando forem para os estágios, eles vão encontrar esse tipo de situação. Precisam se preparar para lidar com gente para que eles não sejam tão só reprodutores ou enciclopédias de Geografia, mas que tenham a sensibilidade de entender essa sala de aula diversa que eles vão encontrar. (...) Eles não vão ter essa prática até caírem de paraquedas numa turma, para serem professores”. 


Assim como Gabriela expôs, sensibilizar e atrair a atenção do aluno também tem sido uma dificuldade enfrentada por Roberto. Mesmo tendo proximidade com tecnologias até antes da pandemia, quando já utilizava animações, vídeos e páginas interativas nas suas aulas presenciais, ele sente que o interesse do estudante não é mais o mesmo. “[A tecnologia] era para servir de suporte e agora mudou porque temos que fazer toda a aula digital”.


“Eu percebi que lá no início, no primeiro semestre, em 2020, para graduação, o nível de empolgação estava lá em cima. Dávamos aulas ao vivo e gravadas, mas com o passar do semestre a gente viu que a empolgação foi diminuindo. Nos outros dois semestres já começou a ser bastante desanimador. Os alunos não tinham mais aquela mesma empolgação e foi diminuindo até o final do semestre”, afirmou o professor. 


Roberto frisou que busca uma troca com os alunos, mas tem encarado uma realidade bem diferente. “Não sei se é porque a gravação talvez iniba ou qual a situação, mas a gente não está presenciando [feedback] nesse ensino à distância. Acaba perdendo um pouco a qualidade, a profundidade da discussão sobre o assunto. Ficamos mais no ensino cartesiano certinho, todo alinhado, que é o que está dentro do programa”. 


Gabriela também contou que tem passado por situações bastante semelhantes, pois são diversas as circunstâncias externas que podem contribuir para a falta de interesse dos estudantes: demandas domésticas, dificuldades financeiras e de aprendizagem. “Não sei mais como chegar a essas pessoas porque muitas vezes elas não estão ali. Muitos se conectam, mas não acompanham. Tem sido muito desafiador e de certa forma frustrante para alguém que gosta tanto de tecnologia, como eu, não consegui fazer nada com essas tecnologias”. 


Atividades do GTPE
O Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) reúne-se periodicamente para tratar de questões relacionadas ao trabalho docente. No dia 1º de setembro, realizou uma live sobre “As políticas da educação superior e os retrocessos do governo Bolsonaro”. A convidada para falar sobre o assunto foi a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Olgaíses Maués. 


Acompanhe o nosso site e redes sociais para ficar por dentro das próximas atividades. 


Assessoria ADUFPel


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