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Etapa Pelotas do III ENE debate os ataques à educação pública e as perspectivas de luta

Nos dias 16 e 17 de agosto, aconteceu o III Encontro Nacional de Educação (ENE) - etapa Pelotas, no Colégio Pelotense. Cerca de 150 pessoas participaram do Encontro, que teve como tema "Por um projeto classista e democrático de educação". Durante os dois dias foram debatidos assuntos relacionados aos ataques à educação pública, além das perspectivas da mobilização e a articulação dos movimentos estudantis, sindicais e sociais frente à tentativa de mercantilização da educação.  


A etapa municipal teve início na noite de quinta-feira (16) com a mesa "Educação X Capitalismo", composta pela presidenta da ADUFPel-SSind, Fabiane Tejada, pela estudante secundarista e militante da UJC, Ana Laura Juk, e pelo professor da rede básica de ensino e militante do coletivo Alicerce, Guilherme Lovatto, com a mediação do diretor da ADUFPel-SSind, Francisco Vitória.


A presidenta da ADUFPel-SSind pontuou alguns aspectos dos ataques à educação pública, assim como destacou práticas e ações possíveis para a construção de uma educação superior pública democrática, que tem sido um desafio até então. Segundo ela, é necessário pensar em práticas pedagógicas que construam saberes de forma coletiva, com a participação de professores/as, técnicos/as e estudantes. "De que vale para a população reformas educativas se os mais interessados não são consultados para construí-las", questionou. Tejada também ressaltou a importância da autonomia universitária e da formulação de políticas que tenham por base os anseios e necessidades da sociedade. "A universidade deve orientar-se por um plano periódico de prioridades que contemple os problemas nacionais e regionais de relevância social, e deve ser autônoma em relação ao estado, aos governos e a partidos políticos".


Em sua fala, a estudante Ana Laura Juk abordou a necessidade de um novo projeto de educação frente ao seu desmonte e tentativa de mercantilização. Para ela, é importante entendermos o sistema capitalista para que possamos entender a educação que se tem hoje no Brasil. "Temos que lutar por uma educação pública, gratuita, de qualidade, laica e universal, mas isso nunca vai ser o suficiente se o individualismo neoliberal continuar educando a nossa população, se continuarmos sendo educados para ser um trabalhador explorado e oprimido", afirmou.


O professor Guilherme Lovatto trouxe, ao debate, alguns dados e questionamentos sobre qual educação que se tem no Brasil. Segundo ele, temos hoje uma educação que está servindo para formar uma força de trabalho extremamente precária, um exército de reserva excedente. "Estamos formando para o desemprego e formando também para uma ideia de que as coisas não tem mais como serem modificadas, e a gente tem que se adaptar a elas ou tentar saídas individuais". Para ele, a educação nunca foi de todos e a pátria nunca foi uma "pátria educadora". O professor ainda ressaltou que o que os professores têm vivido não está muito longe do que sofre a classe trabalhadora como um todo. Um “constante processo de brutalização e desumanização". Nesse sentido, afirmou que "as mudanças no mundo do trabalho e a reestruturação produtiva irão aprofundar ainda mais a exploração e transformar o Brasil em uma grande colônia, sem educação e sem saúde".


Documentário “Escola Sem Censura” é exibido

No início da manhã de sexta-feira, foi exibido uma prévia do documentário Escola Sem Censura. O filme foi apresentado pelo professor de Sociologia da FURG, Ricardo Severo. A ideia de gravar o material, segundo Severo, surge depois de uma pesquisa sobre ocupações de 2016 aqui no Rio Grande do Sul, as quais tinham como mote o apoio aos professores, devido aos atrasos e parcelamentos dos salários, a necessidade de investimentos em estrutura e manutenção das escolas, maior participação sobre as decisões das escolas e também o risco de implementação do Escola Sem Partido.  


A partir de um projeto de extensão em Rio Grande, o documentário começou a ser filmado, em 2017. "Em Rio Grande, o Escola Sem Partido não foi aprovado, mas ele não precisou ser aprovado para já gerar constrangimentos aos professores e professoras em relação ao debate sobre qualquer tema que eles [os autores e apoiadores do projeto] compreendam como político. Em especial, na conjuntura atual, temas voltado a valores morais. Machismo, religião, relações étnico-raciais são temas muitas vezes introjetados", explica o professor. Os depoimentos exibidos no filme, dessa forma, foram gravados com docentes que já sofreram perseguição pelos temas tratados em aula.


Durante o III ENE Pelotas foi exibido uma prévia do documentário, que será lançado em setembro.

Ocupações estudantis de 2016

Após a exibição do filme, teve início a mesa "A Juventude ocupa SIM: não vão nos calar", conduzida pela estudante de Direito/UFPel Isabela Fischer, que participou das ocupações na UFPel em 2016 contra a aprovação da PEC do Teto de Gastos (hoje Emenda Constitucional 95). A estudante logo abordou a importância do envolvimento dos estudantes com os projetos de educação. "Se tem uma ideia de que o estudante não é para pensar a educação, é apenas para vivê-la, sem opinar. É importante o protagonismo dos estudantes nesses processos, tanto através do movimento estudantil quanto pensando e debatendo junto com professores e demais categorias qual o projeto de educação que queremos e que projeto de sociedade queremos", apontou.


Outro ponto abordado por Fischer foi a falta de perspectivas para a juventude. Para ela, isso tem ligação direta com o desinvestimento na educação e no serviço público. "A gente vem se frustrando com esse sucesso profissional que nos é prometido porque a gente tem perdido cada vez mais as perspectivas de futuro, tanto pelos cortes na educação, como também pelo mercado de trabalho, com desemprego cada vez maior, menos concursos e extinção de carreiras". A estudante também refletiu sobre o quanto essa falta de perspectiva é agudizada nas periferias, refletindo em índices brutais de morte de jovens, especialmente negros.


Criminalização do movimento estudantil, Teto dos Gastos, cortes nas bolsas acadêmicas e na assistência estudantil também foram assuntos levantados por Isabela Fisher e, após, aprofundados no debate com o plenário.


Grupos de Discussão e encaminhamentos

Na tarde de sexta-feira, os participantes do III ENE uniram-se em um Grupo de Discussão para a discussão dos três temas: "Educação não é mercadoria"; "Reforma do Ensino Médio"; "Entrar e permanecer sem opressão". Após os debates, na plenária final foram levantados pontos que serão encaminhados à etapa estadual do ENE. Confira alguns deles:



- Frente de resistência contra os ataques da EC 95, contra a Reforma do Ensino Médio e contra o corte das bolsas Capes;

- Criação de grêmios estudantis em todas as escolas secundaristas, com formação nas escolas para a compreensão da importância da articulação e representação estudantil;

- Fortalecimento dos estudantes enquanto categoria, aproximação dos estudantes secundaristas com estudantes universitários;

- Garantia de 10% do PIB para educação;

- Garantia de gestão democrática. Eleição de diretores pelo voto universal entre alunos e outros servidores em todas às escolas;

- Retirada da lógica de meritocracia nos planos de carreira;

- Democratização do acesso aos Institutos Federais e Escolas Técnicas;

- Valorização dos professores e técnicos em educação;

- Fortalecimento a lógica, necessidade e importância da educação presencial;

- Combate ao controle do trabalho;

- Formação continuada para professores;

- Preparação de professores para o debate em gênero, diversidade sexual e em raça e etnia - cumprimento da Lei 11.645);

- Fomentar a articulação de grêmios estudantis, movimento estudantil e sindicatos.


O III ENE, etapa estadual, ocorre nos dias 24, 25 e 26 de agosto, em Porto Alegre. As inscrições podem ser realizadas através do link: encurtador.com.br/bdku7


Assessoria ADUFPel

Fotos: Assessoria ADUFPel


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