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Evento no IFSul debate os impactos dos cortes orçamentários nas instituições federais de ensino

Na última sexta-feira (1), um debate realizado no auditório do Campus Pelotas reuniu representantes do IFSul e da UFPel para discutir os impactos dos cortes orçamentários nas instituições federais de ensino. O evento foi promovido pela ADUFPel-SSind e pelo Sinasefe-IFSul, para marcar o Dia de Luta Contra os Cortes na Educação. 


No dia 27 de maio, o governo de Jair Bolsonaro anunciou um corte de 14,5% na área para este ano, correspondente a R$ 3,23 bilhões. A medida atingiu em cheio as universidades, institutos federais e Cefets, prejudicando as verbas destinadas à assistência estudantil, ao pagamento das despesas básicas, como água, luz e limpeza, afetando até mesmo limitando a capacidade de realização de reformas de grande porte e adequação de prédios. Pouco depois, em 3 de junho, o governo federal recuou, para uma redução de 7,2% nas verbas, o que ainda não é suficiente para manter o funcionamento pleno das instituições.


O coordenador do Sindicato Nacional e membro do Comando de Greve do IFSul, Manoel Porto Jr., comandou o debate. Na abertura, Manoel falou sobre a importância da campanha salarial de 2022, que denuncia o desmonte da educação pública no país não apenas nos sucessivos cortes orçamentários, mas também no desmonte da carreira dos servidores(as), que há mais de cinco anos não recebem nem mesmo a correção inflacionária de seus salários. 


Em seguida, a presidenta da ADUFPel, Regiana Wille, falou sobre os impactos de mais um corte para a UFPel, que não deve conseguir fechar o ano em pleno funcionamento. Após mais de dois anos de pandemia, a Universidade retoma o ensino presencial sem a certeza de que será possível manter as atividades até o final de 2022.


Os diretores dos campi Pelotas e Pelotas Visconde da Graça, Carlos Corrêa e Marcos Betemps, também participaram da atividade e comentaram os desafios de mantê-los em funcionamento, especialmente com a qualidade do ensino e com as condições de acolhimento aos alunos que é tão cara ao IFSul. Betemps afirmou que a situação do CaVG é crítica há bastante tempo e que com os cortes, agora, o principal temor é em relação ao impacto dos cortes na assistência estudantil, uma vez que o campus possui alunos de internato, cuja manutenção demanda um investimento significativo da instituição.


O diretor Carlos Corrêa iniciou sua fala destacando a importância da tradição de luta e de resistência do campus Pelotas, que ao longo da história foi atuante nos diversos movimentos de resistência e luta em defesa da educação pública e de qualidade no IFSul. Ele alertou para o fato de que o orçamento tem sido suprimido ano após ano, o que tem feito com que, mesmo durante a pandemia com a supressão das atividades presenciais, se torne praticamente impossível garantir o funcionamento do campus. 


Nesse sentido, Carlos reforçou a importância da mobilização que tem sido feita pelo sindicato, para ele, "com ou sem greve, se não nos unirmos e lutarmos por nossa instituição, vamos acabar precarizados até o limite da privatização. Infelizmente, essa é a realidade que o governo aponta para a educação com seus sucessivos ataques e cortes orçamentários".


O reitor do IFSul, Flávio Nunes, esteve presente no debate e falou sobre o quanto tem se agravado a realidade da instituição nos últimos anos. Flávio comentou a reação do CONIF (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) aos cortes. A instituição se manifestou imediatamente após o anúncio e segue em diálogo com parlamentares e representantes do governo para que, pelo menos, uma parte do valor bloqueado seja liberado. Além da pressão do CONIF, Flávio manifestou apoio ao debate promovido pelas entidades sindicais e reforçou a importância de que todos, servidores e comunidade, se unam na mobilização contra estes cortes.


O diretor do campus Novo Hamburgo, Marcus Ribeiro, parabenizou a mobilização dos servidores da instituição, inclusive do seu campus, durante a Greve e agora na luta contra os cortes. Ele destacou que o campus Novo Hamburgo é um dos dois campi que mantém o status de campus avançado e, com isso, já opera em condições mínimas e praticamente sem margem para cortes, com isso, qualquer redução, por menor que seja, pode inviabilizar o funcionamento da unidade. Nesse sentido, ele pediu que instituição e sindicato estejam unidos na bandeira de consolidação do campus e sua promoção para status de campus de fato.


Após os diretores, a servidora Letícia Santos, que coordena o departamento de assistência estudantil do campus Pelotas Visconde da Graça, apresentou um quadro com a evolução do orçamento de assistência no Instituto de 2011 para 2022. Além dos sucessivos cortes que as instituições sofreram nos últimos anos, soma-se ao problema o cenário de inflação desenfreada, que corrói um orçamento já defasado e achatado por sucessivos cortes. 


Em meio a esse desmonte, a instituição ainda enfrenta o empobrecimento generalizado da comunidade acadêmica, o que faz com que a fila para o recebimento de assistência estudantil não pare de aumentar. Desde o início da pandemia, os alunos que ingressam na instituição podem solicitar somente a opção de auxílio emergencial, no valor de R$ 200 mensais, ou seja, os demais auxílios - transporte, alimentação e moradia - deixaram de ser ofertados e não há previsão ou orçamento disponível para que retornem.


Durante as intervenções da plateia, os servidores destacaram que, apesar das críticas e dos desafios que envolvem um movimento paredista, este sempre foi fundamental na história da instituição. De fato, ocorreram greves que não foram vitoriosas do ponto de vista da negociação, no entanto, todos os avanços que a categoria conquistou ao longo dos anos foram resultado de greves. Além disso, em resposta à falácia de que a greve teria como efeito o aumento da evasão, a resposta foi unânime, o que aumenta a evasão é a fome, a miséria e a volta da carestia. Lauro Borges, do Comando de Greve do IFSul, destacou que "fizemos uma greve em condições muito difíceis, mas que foi extremamente rica, especialmente do ponto de vista da construção coletiva e do debate, foi uma greve que serviu para nos colocar em movimento novamente e para nos fazer olhar a realidade".


O coordenador de ação do Sinasefe-IFSul, Francilon Simões, relembrou a greve de 2012, quando a categoria reivindicava 10% do PIB para a educação. Dez anos depois, a nossa realidade é tentar sobreviver, é lutar para que reste algum orçamento que possibilite o funcionamento mínimo de nossas instituições. "Hoje, temos um governo que investe apenas 2,7% do PIB em educação e que, mesmo assim, anuncia cortes que tentam inviabilizar o funcionamento das instituições. Precisamos reagir e voltar a lutar pela educação e pelos investimentos e reconhecimento que acreditamos ser justo e necessário para o país se desenvolver e para termos mais justiça social", avaliou.


Rodrigo, do campus Novo Hamburgo, lembrou o texto de Júlio Cortázar "Casa Tomada", que fala que vamos nos acostumando a perder as coisas aos poucos, quase que de forma imperceptível, até que não reste mais nada. Para ele, não podemos deixar que isso ocorra com a educação, não podemos seguir encolhendo ano após ano, corte após corte. "É preciso fazer a luta e defender o espaço que é nosso, a nossa educação, o nosso orçamento, pois eles são conquistas do povo e dos(as) trabalhadores(as) da educação". 


Já o coordenador do Sinasefe-IFSul, Osni Rodrigues, lembrou que os cortes e os sacrifícios impostos à população são reflexo das prioridades do governo federal. "Novamente, o governo destina mais da metade do PIB para o pagamento de juros e amortização da dívida pública. Agora, o governo ainda resolveu usurpar mais uma fatia do orçamento para fazer o maior estelionato eleitoral de todos os tempos. Após quatro anos sem apresentar políticas públicas para a população mais vulnerável e soluções para os grandes problemas do país, o governo chega às vésperas da eleição com uma série de medidas eleitoreiras e provisórias para tentar comprar votos”, finalizou.


Fonte: Assessoria de Imprensa Sinasefe-IFSul, com edição de Assessoria ADUFPel


Fotos: Assessoria ADUFPel e Sinasefe-IFSul

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