Governo comanda investigação sigilosa contra centenas de servidores antifascistas
A Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça comandou uma investigação sigilosa sobre 579 servidores públicos antifascistas e montou um dossiê com informações pessoais dos investigados. A informação foi divulgada no blog de Rubens Valente, do UOL, no dia 24 de julho.
A maioria dos servidores investigados é de policiais e trabalhadores do judiciário, mas também há professores envolvidos, um deles Paulo Sérgio Pinheiro ex-secretário nacional de Direitos Humanos. O dossiê, que inclui endereços, redes sociais e fotografias dos servidores, foi encaminhado pela Seopi à Polícia Federal, à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), entre outros órgãos.
Para Antônio Dias, docente da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e doutor em educação pela UFPel, a ação do governo federal não surpreende. “Não dá pra gente dizer que fica surpreso com essa informação. Eu quero aqui lembrar que não faz muito tempo que o presidente Jair Bolsonaro disse, literalmente, que as pessoas que lutam contra o fascismo são terroristas”, comenta.
“O que talvez causa estranheza é ver o governo agir contra pessoas que lutam contra o fascismo. Isso é bem complicado para um governo que se elegeu democraticamente. Mas não surpreende também, visto que Bolsonaro, desde antes de eleito, flerta com o fascismo e a ditadura”, completa o docente da Uespi.
O professor ressalta que o dossiê foi financiado e operacionalizado com dinheiro público. “Uma ação como essa, que se utiliza da estrutura estatal e do dinheiro público, não é apenas problemática. É uma ação criminosa e como tal deve ser tratada. Os órgãos do poder judiciário deveriam imediatamente tomar as medidas cabíveis. É a institucionalização do uso de um meio fascista e antidemocrático para perseguir e controlar os passos e pensamentos das pessoas”, critica.
Confira a entrevista completa com o professor Antônio Dias no programa Viração da segunda-feira, 3 de agosto, às 13h30 na RádioCom 104.5 FM. Também disponível no site www.radiocom.org.br, nas redes sociais da Rádio e nos principais agregadores de podcast.
Assessoria ADUFPel com informações de UOL e imagem de EBC.