Na próxima sexta-feira (31), às 17h30, será inaugurado, no Instituto Mário Alves (IMA), localizado na Rua Coronel Alberto Rosa, 164, o Acervo Professor Enrique Serra Padrós. O evento ocorre no dia que marca os 59 anos do Golpe civil-militar de 1964 no Brasil, durante as atividades da XXVI Jornada de Ensino de História e Educação “Devolver alegria ao futuro: ensino de História, lutas sociais e direitos humanos". Um tributo à militância e às convicções do Professor Enrique Serra Padrós", promovida pelo Grupo de Trabalho Ensino de História e Educação da Associação Nacional de História (ANPUH-RS). 

Padrós foi professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e um dos mais importantes pesquisadores sobre as ditaduras do Cone Sul e o terrorismo de Estado que assolou a região. Fez de sua atuação uma trincheira na luta por verdade, memória e justiça, participando de inúmeras ações e projetos dedicados a denunciar as violações de direitos humanos no período.

Ao longo de sua trajetória, constituiu uma valiosa biblioteca acerca de temáticas vinculadas à história do tempo presente, além de coleções de revistas publicadas em diferentes países da América Latina e documentos oriundos de suas pesquisas.

“Além de ter sido um professor universitário muito importante, que formou muitas gerações de pesquisadores e pesquisadoras sobre temáticas da Ditadura, ele também sempre se preocupou muito com a questão do ensino sobre o período. Então, sempre pensou muito em relação à pedagogia da memória e, ao mesmo tempo, atuou muito próximo aos familiares de mortos, desaparecidos políticos e a vítimas da Ditadura, justamente no sentido de organizar acervos, de fazer projetos, de coletar testemunhos, que ajudassem também a difundir para a sociedade tudo que aconteceu naquele momento, porque a gente sabe que até hoje há muito desconhecimento sobre esse período e um negacionismo muito grande na sociedade em relação ao que aconteceu durante a Ditadura”, afirma a professora do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pelotas, Alessandra Gasparotto.

Por conta de seu comprometimento e envolvimento direto com a temática e sua militância, Padrós se aproximou do IMA, e a parceria durou duas décadas. Enrique faleceu em dezembro de 2021 muito precocemente e antes de sua partida, ele doou seu acervo para o Instituto, por entender que todo material coletado até então, precisava também ter uma função social. 

“Nós recebemos o acervo do Enrique e organizamos com a contribuição de estudantes do curso de História da UFPel, junto com a coordenação da professora Ana Klein. Alocamos os livros e revistas que foram doados e ainda estamos nesse processo de arrumação porque há muitas coleções, muitos documentos, mas uma parte bem significativa já vai ser disponibilizada para consulta pública. Isso significa que toda essa biblioteca, esse acervo que o Enrique construiu, vai estar disponível para a comunidade, para a sociedade, para estudantes, professores e professoras, pesquisadores e pesquisadoras, que vão então poder consultar e com certeza isso vai contribuir muito com os estudos, com as reflexões, sobre o período ditatorial no Brasil e sobre as permanências da Ditadura e do autoritarismo que ainda permanecem na nossa sociedade. Padrós nos deixou um legado de esperança e coragem. ENRIQUE PADRÓS, PRESENTE!”, finaliza Alessandra. 

Assessoria ADUFPel