MEC anuncia corte de verbas e perseguição a universidades federais por balbúrdia
Desde que assumiu a presidência, Jair Bolsonaro (PSL) tem
colocado a educação na mira de seus ataques. Com um pouco mais de cem dias de
governo, mudanças significativas ocorreram na pasta. Censura; cortes de verbas;
perseguição a docentes, à diversidade e à pluralidade; estímulo à Educação a
Distância; extinção de secretarias de apoio em estados e municípios; mudanças
de ministros no Ministério da Educação (MEC) integram algumas das medidas
adotadas nesses primeiros meses.
A ofensiva mais recente a três universidades acende um
grave alerta sobre o futuro da educação no país. O novo ministro da Educação,
Abraham Weintraub, anunciou a redução de 30% nos repasses da Universidade de
Brasília (UnB), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) por estarem promovendo “balbúrdia” em seus campi. O
bloqueio orçamentário agrava ainda mais a situação das universidades, que já
sofrem com os demais cortes impostos pelo governo.
A decisão ocorreu porque as instituições haviam permitido
eventos políticos, manifestações partidárias ou festas consideradas
“inadequadas” em suas instalações. O ministro ainda destacou ainda que irá
cortar recursos de universidades que não apresentarem desempenho acadêmico
esperado. No entanto, o resultado obtido por essas instituições contraria a
decisão, já que nos últimos anos todas conquistaram posições melhores no ranking
universitário internacional “Times Higher Education” (THE).
ANDES-SN
posiciona-se contra os cortes
O ANDES-SN divulgou na manhã desta terça-feira (30) uma
nota de repúdio ao anúncio de mais um corte no orçamento das universidades
federais. Para Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, o contingenciamento
divulgado, de forma ainda não oficial, é absurdo e ilegal. “A Universidade deve
ser um espaço de formação emancipatória do sujeito, por isso tem que ser um
espaço de criticidade e autonomia. O governo, para impor sua política
educacional, que é uma política de retrocesso, de pensamento único, e de ataque
aos direitos fundamentais, elege como prioridade o contingenciamento de verbas
das universidades, usando uma argumentação ilegal e inaceitável politicamente”,
explica.
O presidente do Sindicato Nacional reforça a importância
social das universidades federais. Destaca que esse novo corte terá impacto em
todas as áreas, inclusive no acesso e permanência dos estudantes. Pode,
inclusive, inviabilizar a continuidade das atividades acadêmicas nessas
instituições de ensino superior. “Nossas universidades continuam primando pela
qualidade e isso é comprovado em inúmeras pesquisas nacionais e
internacionais”, acrescenta.
“A política estudantil, por exemplo, já está com recursos
contingenciados, já não têm mais bolsas e já não conseguimos ampliar o número
de vagas. Novos cortes vão prejudicar sobremaneira o acesso, a permanência e a
produção do conhecimento tão necessária para a evolução da sociedade e do homem
e da mulher, trabalhadores do nosso país”, alerta Gonçalves. Confira a
nota na íntegra.
Outros
ataques
Em 29 de março, o governo publicou o
decreto 9.741, no qual contingenciou R$ 29,582 bilhões do Orçamento Federal de
2019. Da Educação foram cortados R$ 5,839 bilhões, cerca de 25% do
orçamento do previsto para esse ano. Já da Ciência, Tecnologia e Inovação foram
retirados R$ 2,158 bilhões.
Além do ataque ao financiamento e manutenção das
instituições, o governo vem promovendo outras ofensivas à educação pública e
aos educadores. Recentemente, ameaçou acabar com cursos da área de humanas como
filosofia e sociologia. Editou a MP 783/2019, que impede o desconto da
mensalidade sindical no contracheque de educadores docentes tentando fragilizar
a organização sindical.
No domingo (28), Weintraub e Jair Bolsonaro divulgaram
declarações incentivando a gravação de professores em sala de aula, sem
autorização. “É um discurso que abre espaço para diferentes formas de assédio
contra os professores. São falas inaceitáveis para qualquer autoridade pública,
principalmente daquelas responsáveis pela educação”, afirma Antonio Gonçalves.
Ele ressalta que o ANDES-SN está alerta às ameaças e
orienta a categoria “a buscar o sindicato diante de qualquer tipo de tentativa
de ataque à liberdade de cátedra e à liberdade de expressão dentro dos espaços
de trabalho”.
Greve
da Educação
Diante de tantos ataques, o presidente do ANDES-SN ressalta
a necessidade de intensificação da luta em defesa da educação pública e da
liberdade de ensinar. Diversas ações estão previstas nos próximos dias, e
culminarão na greve da educação marcada para 15 de maio.
“Consideramos fundamental, diante de todos esses ataques,
que a categoria adira à greve geral da educação no dia 15 de maio, como
preparatória para a greve geral de todos os trabalhadores e trabalhadoras do
país”, conclama.
Assessoria ADUFPel e ANDES-SN
Com
informações de O Estado de S. Paulo