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Mesa de debates marca evento preparatório para o 8M em Pelotas

No dia 2 de março ocorreu o evento de preparação para o Dia Internacional da Mulher, no auditório da Faculdade de Direito da UFPel. No local, foi realizado um debate com mulheres militantes, que abordaram os aspectos históricos do 8M e os ataques aos direitos das mulheres - como as Contrarreformas Trabalhista e Previdenciária - e seus impactos. Foram apresentados os dados sobre a violência contra a mulher (locais e nacionais) e pautado o feminismo negro. Além disso, questões como o descaso do governo municipal em relação a políticas públicas para as mulheres também foram discutidos.

 

A mesa foi composta por Isabella Filippini, estudante de Serviço Social/UCPel e membro do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Larielly Gonçalves, estudante de Ciências Sociais e membro da Setorial de Estudantes Negras e Negros da UFPel, Niara de Oliveira, jornalista e membro do Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (GAMP), e Patrícia Cunha, cientista política, professora da UFPel e membro do conselho de representantes da ADUFPel.

 

História do 8M

Os aspectos históricos do 8M foram trazidos por Filippini em sua fala. “O 8 de março teve início a partir de um protesto que aconteceu no 27 de fevereiro de 1917 do calendário juliano, o que equivaleria no nosso calendário ao 8 de março, na Rússia. No contexto da primeira guerra mundial, mais de 100 operárias saíram às ruas de Petrogrado para se manifestar contra o czar e também contra tudo aquilo decorrente da guerra, como a fome e o desemprego”. Ela também aponta que desse momento de lutas surge o processo que culmina com a Revolução Russa.

 

Além disso, a estudante coloca a importância do protagonismo das mulheres na conjuntura de ataques a direitos. “É nosso papel enquanto mulheres lutadoras que a gente reafirme as nossas datas de luta junto à nossa classe, nos desvinculando dos projetos de feminismo que colocam nossas necessidades individuais acima das necessidades coletivas”.

 

Mulheres e direitos

A professora Patrícia Cunha apontou a participação das mulheres em diversas conquistas históricas de direitos no Brasil. “As mulheres participaram ativamente do processo de redemocratização. As mulheres estavam na base da construção do SUS, as mulheres estavam na base da construção das políticas de assistência social e estavam na base das políticas de igualdade racial”, ressalta. Também discorreu sobre a conjuntura de ataque de direitos no país, que passa pelo questionamento da Lei Maria da Penha e a taxação a luta feminista como ‘ideologia de gênero’. “O direito à vida passa a ser tratado como uma ideologia de gênero que precisa ser combatida. É por isso que temos que agir. Nosso direito à vida não é uma ideologia, mas tem que ser reconhecido e garantido pelo Estado”.

 

Outro ponto trazido pela docente foi a representatividade da mulher na política, que ainda segue baixa – cerca de 9%. “Precisamos aumentar nossa presença na Câmara de Deputados, no Senado, na vereança, para que a gente veja resposta para nossas demandas, para que a gente tenha porta vozes legítimos”.  

 

Conjuntura local

A conjuntura do município e do Estado do Rio Grande do Sul foi tratada pela jornalista Niara de Oliveira. A extinção da Secretaria de Política para Mulheres, no RS, foi lembrada por ela. “É muito significativo da disposição deste governo com relação às nossas lutas e nossos direitos. A Secretaria tinha sido uma conquista, que não foi dada pelo governo anterior, mas foi uma reivindicação das mulheres gaúchas”. A jornalista também apontou a violência cometida pelo estado no ataque ao funcionalismo público que, no caso da educação, é composto majoritariamente de mulheres.

 

Com relação a Pelotas, Oliveira apontou que o município é o segundo mais violento do estado para as mulheres. “Essa administração, em 2015, cria-se uma coordenadoria junto ao gabinete do prefeito que é um tanto quanto fictícia, porque não tinha decreto de criação e nem mesmo dotação orçamentária”, aponta, assinalando que há falta de sensibilidade com relação à pauta das mulheres, o que pode se refletir no índice alto de violência.

 

Em relação à Rede Lilás, de enfrentamento à violência contra a mulher, a jornalista assinala que é preciso participação das mulheres organizadas na sua estruturação. “Todos os serviços de enfrentamento à violência e políticas públicas para as mulheres em Pelotas são frutos da luta feminista. A criação do Conselho Municipal da Mulher, a Casa Luciety, a vara especializada em violência doméstica, a Coordenadoria da Mulher e o Centro de Referência: tudo isso fez parte da nossa pauta de reivindicações em algum momento. Quando a gente vê a prefeitura sucateando esses serviços a gente entende como um ataque à nossa luta, às nossas conquistas e aos nossos direitos. Então acho que nada mais justo que a gente participe das ações de estruturação da Rede, porque se deixarmos na mão do executivo municipal o que vai ocorrer é a desarticulação total desses serviços”. Como exemplo do descaso da administração municipal, ela cita o caso do centro de referência para mulheres violentadas, que passou por reforma e trocou temporariamente de local, mas a prefeitura seguia divulgando o endereço errado, e as mulheres que iam até o centro não o encontravam.

 

Mulheres negras

Larielly Gonçalves trouxe sua vivência como mulher negra. “Tive uma infância onde algumas mulheres da família falavam sobre feminismo. Mas sou uma das primeiras a entrar na faculdade e a poder discutir sobre isso mais abertamente e para outros públicos. A caminhada até chegar aqui foi autônoma. A intenção e orgulho da minha família seria eu me tornar uma mulher saudável que pudesse trabalhar. Há poucos anos que eu pensei que tinha capacidade para isso. É importante para mim, jovem, passar isso paras mulheres mais velhas da minha família”.

 

A estudante também refletiu sobre a participação pequena das mulheres negras no evento, apontando o quanto é importante que os debates também saiam da universidade e alcance as mulheres que ainda não tiveram oportunidade de ingressar no ensino superior.

 

Programação do 8M

 

No dia 8 de março, haverá entrega de uma carta de reivindicações para a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, às 11h30. De tarde, ocorre concentração em frente à Prefeitura às 15h, de onde mulheres saem para panfletar nas paradas de ônibus e nas ruas centrais de Pelotas o material informativo preparado para o dia. Às 17h, acontece concentração no largo do Mercado Público, onde também ocorrerá uma performance teatral, intutulada LAMA, cujo foco será a denúncia da violação direito das mulheres e a violência cotidiana que sofrem diariamente. Às 18h, tem início o ato público.

 

Fonte: Assessoria ADUFPel

Fotos: Assessoria ADUFPel

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