O movimento das comunidades acadêmicas, contrário aos cortes orçamentários que secaram as contas das instituições federais de ensino superior em todo o país, teve efeito positivo. Ao meio-dia desta quinta-feira (08), o governo federal devolveu parte do recurso financeiro que havia retirado no dia 1º de dezembro. Na UFPel R$ 1,5 milhão voltou ao caixa e no IFSul cerca de R$ 1,231 milhão. 

Essa quantia será utilizada para arcar com as despesas da assistência estudantil, referentes ao mês de novembro, de tudo que havia sido liquidado do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), mas não tinha sido pago por conta do bloqueio aplicado pelo Ministério da Economia, num total de R$ 344 milhões. 

“O que a assistência estudantil já pagava, como bolsa moradia, auxílio deslocamento, auxílio pré-escolar, enfim, todos os alunos receberão. Estamos fazendo todos esses pagamentos agora para não ter nenhum risco. Está escrito, na liberação, que esse dinheiro veio para a assistência estudantil e vai dar para pagar o que nós precisávamos. Não sobra nada, até porque é um dinheiro liquidado”, explica a pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFPel, Rosane Brandão. 

No entanto, deste último bloqueio, permanecem retidos R$ 700 mil da Universidade e em torno de R$ 2,572 milhões do Instituto, que inviabilizam a quitação de outros gastos já comprometidos: despesas básicas contínuas, contratos dos/as trabalhadores/as terceirizados/as e as bolsas que não são concedidas via Pnaes. Tudo isso somado aos demais cortes que já ocorreram e que impedem o pleno funcionamento das instituições. 

Segundo o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Paulo Ferreira, a reitoria continuará em busca da recomposição do orçamento total e manterá as ações já planejadas. “Enquanto tudo não estiver no lugar para os nossos estudantes, permanecemos mobilizados”, afirmou. 

Ainda confidenciou que a gestão também tomou uma nova decisão para que os impactos aos/as estudantes sejam minimizados. “Acabamos de isentar almoço e jantar daqueles que estão sem receber bolsas, inclusive da CAPES”. 

Mobilização da comunidade universitária

Desde que foram anunciados os bloqueios, estudantes, docentes e técnico-administrativos tem ampliado um movimento em todo o Brasil. Em Pelotas, discentes foram às ruas, na última terça-feira (06) para reforçar que não ficarão de braços cruzados enquanto Bolsonaro tenta destruir a educação pública. No final da tarde manifestaram-se pelo centro da cidade e depois saíram em marcha do Mercado Público até o Chafariz do Calçadão. E, durante a noite, alunos e alunas da UFPel ocuparam o Campus II. 

Na quarta (07), toda a comunidade e representações da ADUFPel, do ASUFPel e do Comitê de Crise da Universidade estiveram reunidos no local da ocupação em uma assembleia geral, convocada pelo movimento estudantil, com o objetivo de discutir o calendário de mobilização contra os cortes das bolsas de ensino, pesquisa e extensão e os auxílios estudantis.

O levante de alunos/as da Universidade acirrou o debate em relação ao novo bloqueio que zerou os caixas das instituições públicas de ensino superior e deliberou uma série de ações, com a finalidade de unificar as lutas, paralisando as atividades da Universidade, até que sejam regularizados os pagamentos das bolsas e demais itens da assistência estudantil. 

Dando continuidade ao cronograma de mobilizações, uma série de atividades estão previstas para esta quinta-feira. Às 14h, acontece uma assembleia geral de discentes da Pós-graduação, junto ao movimento Ocupa UFPel. Às 17h, a mobilização deve seguir para o Calçadão de Pelotas, onde acontecerá panfletagem e ato, a fim de dialogar com a população. O dia termina com uma assembleia geral da Faculdade de Educação às 19h, na sala 352 da FAE.

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Assessoria ADUFPel

Fotos: ADUFPel