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Notícia

Odontologia da UFPel pode ser balão de ensaio para retorno presencial

Mesmo sem o arrefecimento da crise pandêmica, a Universidade Federal de Pelotas vem promovendo o retorno do atendimento presencial para a Faculdade de Odontologia. Os alunos do décimo semestre retornaram às atividades no dia 10 de maio, mas apenas para atendimentos de emergência, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde. No dia 24 de maio, está programado o retorno dos 51 alunos do nono semestre (em dois blocos), abrindo espaço para atendimentos eletivos. Com esse prognóstico, aumenta a pressão dos próprios alunos de semestres anteriores para retornar também.

 

Para o retorno, informa o professor da FO-UFPel, Júlio César Spanó, foram seguidos novos protocolos de biossegurança, com triagem prévia dos pacientes. Também houve adequações na infraestrutura, especialmente no andar térreo, e em salas convertidas em vestiários. “Mas o grande problema não está só dentro do prédio”, reflete ele. “A imunização lenta dos familiares dos servidores, alunos e pacientes agora é o principal problema que enfrentamos”.

 

O parecer é compartilhado pelo também professor da faculdade, Renato Waldemarin. A rigor, pondera, as equipes responsáveis pela implementação dos protocolos fizeram um trabalho eficiente. Seu questionamento é outro: “o que se teme é que a Odonto venha a ser o ‘balão de ensaio’ do retorno da Universidade, por isso há uma pressão sobre o assunto. No entanto, a nossa condição é muito diferente dos outros docentes da casa”.

 

Como profissionais da saúde, tanto os professores e TAE’s da FO-UFPel quanto os alunos dos últimos semestres que retornam para os atendimentos presenciais já foram vacinados com imunizantes, informa Waldemarin. O mesmo não pode ser dito dos demais membros da comunidade acadêmica, e nem mesmo de alunos dos semestres anteriores do próprio curso.

 

O gargalo da imunização, por vezes, acaba sendo ignorado diante das pressões sociais para o retorno às atividades presenciais, inclusive das aulas. E tanto de dentro quanto de fora. “Eu não posso dizer pelos TAE, mas os docentes estão sendo muito pressionados para retomarem os atendimentos”, reforça o professor Spano. “Considerando a situação atual e as peculiaridades dos atendimentos odontológicos, teria que haver uma atenção especial com os riscos a que estão submetidos os servidores que apresentam comorbidades consideradas prioritárias pelo Ministério da Saúde”.


 

Retorno

 

A opção pelo retorno das atividades da Odontologia da UFPel insere-se na já ampla discussão que permeia iniciativas como o Projeto de Lei (PL) 5595/2020, aprovado na Câmara em abril e que ainda não retornou à pauta do Senado. O PL propõe o entendimento da Educação como serviço essencial, impedindo o encerramento das atividades durante pandemias e calamidades públicas.

 

Em nota, a Assessoria Jurídica do ANDES-SN indicou que o projeto deturpa e vulgariza completamente o conceito de atividade essencial definido pela Constituição como sendo aquelas que colocam em “perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população”. Além disso, rejeita a ideia de que a proposta seja uma defesa à educação. É como mostra o trecho:

 

“A Assessoria salienta que a proposta não figura como defesa da educação - ideia que tem sido defendida por seus apoiadores -, mas como uma “política indiligente à vida, calcada na omissão em estabelecer medidas eficientes de enfrentamento da pandemia, no esforço em desinformar a população sobre a gravidade da doença e no projeto de deterioração crescente das condições mínimas necessárias para manter de pé o ensino de qualidade e a pesquisa, especialmente nas universidades públicas”.

 

No momento do enfrentamento pandêmico, uma série de discursos se atravessam. Há a fadiga pela extensão do isolamento social, com o desejo intrínseco de que as coisas voltem a ser como antes – algo que, a rigor, não voltará a acontecer. Há a vontade do encerramento do ciclo de graduação, uma vez que cursos que exigem atividade presencial (como Odontologia e Medicina Veterinária) estão com os calendários mais atrasados. Existe ainda o discurso prático, de que o retorno é necessário para a manutenção dos contratos com a prefeitura – grande fonte de receita para a FO.

 

O entrave, todavia, permanece o mesmo de 2020: o desgoverno, a ingerência e a política genocida que insiste em pensar em CNPJs ao invés de CPFs. Essa equação nos levou a enterrar quase 440 mil brasileiros, a sobreviver à negligência na compra de vacinas - que apenas agora está sendo investigada, o reforço negacionista à ciência, o sucateamento do Sistema Único de Saúde. Tristemente, raiva e frustração se voltam contra aqueles que buscam preservar vidas, não contra o governo que as viola.


Assessoria ADUFPel

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