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Shirley & Deisê: docentes adaptam projeto e o transformam em uma irônica e divertida websérie

Um projeto que começou a ser desenvolvido em 2019, e teve que ser reformulado por conta da pandemia, resultou na divertida websérie Shirley & Deisê, estrelada, respectivamente, pelas docentes Maria Falkembach e Marina de Oliveira, dos cursos de Teatro e Dança do Centro de Artes da UFPel.


Conforme contam, a vontade de trabalharem juntas é antiga e a amizade já existia antes do projeto, mas a agenda e a rotina de trabalho não permitiam que fosse concretizado. Falkembach explica que embora cada uma desenvolvesse atividades diferentes, a sintonia já existia em relação à dramaturgia, à dança, ao teatro e a sua dimensão política. 


“Nós temos uma mesma graduação, nós duas somos formadas na UFRGS, no curso de Artes Cênicas, e tínhamos vontade de construir um trabalho juntas, um trabalho artístico, porque a gente entende que um trabalho artístico em Artes Cênicas depende de tempo de trabalho em conjunto”, salienta Maria. 


Foi, em meados de 2019, que as agendas delas finalmente encontraram-se e dois projetos de pesquisa/extensão uniram-se: Janelas do Feminino, coordenado por Paulo Gaiger, hoje diretor da website, e Produção do Corpo-Sujeito nas Práticas de Dança, coordenado por Maria, com a colaboração de Marina. Logo após, a professora do curso de Cinema, Cíntia Langie, integrou a equipe.


A ideia inicial não era de uma websérie, mas de um trabalho presencial. No Núcleo de Teatro da UFPel, situado na antiga AABB, começaram os ensaios e a construção dos personagens e, a partir de improvisações, definiram que seriam retratadas duas trabalhadoras da limpeza de um Posto de Saúde. “Achamos que esse contexto permitiria que abordássemos de um modo interessante questões referentes ao feminismo, ao racismo, à homofobia, etc., numa linguagem não realista. Daí veio a pandemia e o trabalho foi redirecionado. Com cada um na sua casa, como dar sequência à pesquisa? Daí nasceu a ideia da websérie”, explica Oliveira. 


Pandemia muda tudo 

Com a pandemia, a alternativa foi transferir o projeto para o meio virtual. A vontade, segundo Falkembach, era de não encerrar o processo que já haviam começado. Como nenhuma das duas havia realizado um projeto nesse formato antes, houve desafios, experimentações e muitos aprendizados. 


“Um salto no abismo. Um desafio. É uma alegria retomar o meu trabalho de atriz, que ficou alguns anos deixado de lado em função do mestrado, do doutorado, dos filhos e das demandas como professora na Universidade. A Maria é uma atriz experiente e uma grande parceira. O Paulo Gaiger é um diretor generoso. A Cíntia Langie, responsável pela montagem, é objetiva e atenta. Os discentes envolvidos na pesquisa, Ana Paula Ambrosano Ribeiro, Mariana Corrêa, Rayssa Fontoura (do cinema) e Karol Mendes (do teatro) são fundamentais para a produção dos episódios. Somos uma equipe”, ressalta Oliveira.


Já, para Maria, a parceria firmada tem sido fundamental para a execução da websérie. “Tem sido ótimo trabalhar, é um momento de respiro nesse tempo tão doido que a gente está vivendo. É um momento de criação que a gente só se alimenta e em que uma estimula a outra. Não somente eu e a Marina, mas também o Paulo. (...) Eu gosto muito de trabalhar em parceria. Eu venho de teatro de grupo em que é a relação entre as pessoas, é a criação no coletivo que desafia e que produz”. 


Processo de produção

As gravações ocorrem à distância, por meio das salas virtuais da Universidade, assim como os ensaios e toda a preparação da série. Segundo Marina, é um formato novo de linguagem para todos os envolvidos, mas que cresce a partir das dificuldades, dos pontos de tensão e das incertezas. 


“Temos desafios em relação a questões técnicas, como internet que cai, falta de memória nos aparelhos celulares ou dificuldade de sincronizar as duas gravações (tarefa da Cíntia), quando uma gravação tem um tempo diferente da outra. E também dúvidas, incertezas em relação à dramaturgia e às personagens. Estamos tateando, descobrindo, construindo juntos. Está tudo em construção. E todas as etapas constituem um percurso de pesquisa compartilhada. Acreditamos que a cada episódio as personagens ganham mais complexidade e tem sido prazeroso observar o desenvolvimento delas”, conta Oliveira. 


Para Falkembach, essa linguagem, além de trazer desafios, traz também contribuições para a formação dos alunos: “É importante, para nós, estar em cena, estar criando no momento que a gente está formando alunos, e até questionar para que os alunos também possam nos questionar. Isso é bem instigante e é muito importante a gente estar atuando em um momento em que a gente é formador também”. 


A websérie

A série, produzida por professores e estudantes do Centro de Artes da UFPel, já conta com duas temporadas e está disponível no Facebook e Youtube. Ela busca mostrar o cotidiano de duas amigas que trabalham como faxineiras em Posto de Saúde e, por causa da pandemia, tiveram que se adaptar às novas ferramentas e conversar através de chamadas de vídeo. Os diálogos entre as duas são cheios de ironia. Neles, as duas tratam de assuntos do cotidiano, dão aconselhamentos e comentam fatos. 


O Posto de Saúde foi escolhido como cenário fictício, conforme explica Maria, por ser um local onde as pessoas chegam fragilizadas. Ainda, a série busca atentar para a vulnerabilidade e a maneira como as trabalhadoras são tratadas pelo governo. “Esse governo trata de forma preconceituosa e destrói tanto artistas, professores, como essa classe mais baixa, uma classe mais baixa no sentido econômico. Na verdade, a ideia é ressaltar essa maravilha que somos nós, que são essas trabalhadoras, essas pessoas que vivem esse cotidiano e que têm uma sabedoria. A ideia é trazer esses temas a partir da perspectiva dessas mulheres, que são muito sábias”.


Assessoria ADUFPel

Imagem: Divulgação Shirley e Deisê

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