ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Terceirizadas da UFPel enfrentam sobrecarga de trabalho

Após a eliminação de 60 postos de trabalho terceirizados da limpeza da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), as 139 funcionárias que permanecem enfrentam sobrecarga e condições degradantes de trabalho. Situações de assédio moral e acúmulo de afazeres intensificaram-se após o corte de cerca de 1/3 das trabalhadoras, ocorrido em novembro. Diante do esgotamento causado pelo aumento do trabalho, uma das funcionárias desabafa: “tudo que é ruim acontece com a gente”.

 

Mudança de empresa

Com o vencimento do contrato da empresa Click, que era responsável pela contratação de 199 funcionárias para a limpeza da Universidade, houve nova abertura de licitação em novembro. No entanto, no edital anunciava-se mais um corte dos postos de trabalho terceirizado na UFPel: seriam contratados apenas 139 trabalhadoras/es para o serviço.

 

A eliminação de 60 postos, segundo funcionárias que preferem não se identificar por receio de retaliações, ocorreu em um processo classificado por elas como “aleatório e humilhante”. A nova empresa responsável pela contratação, SulClean, as chamava na sala de entrevista, e após breves minutos apontava quem seria demitida e quem permaneceria.

 

Diante da situação, o reitor da UFPel, Pedro Hallal, exime-se da responsabilidade pelos cortes e afirma: “A UFPel não procedeu com a demissão de nenhum trabalhador. O que ocorre é que a nova contratação do serviço de limpeza foi realizada com base na Instrução Normativa 05/2017 do Ministério do Planejamento”, a qual aponta os critérios para contratação e o número de trabalhadoras/es, com base em indicadores de produtividade, visto que a contratação não é por posto de trabalho, mas sim por área.

  

Assédio

Os dias seguintes à mudança de empresa foram de adaptação. A SulClean, que tem sede em Santa Maria, moveu diversas funcionárias de prédios, sem consultá-las e desconsiderando se a mudança prejudicaria no deslocamento entre trabalho e casa. Conforme relatam trabalhadoras, a empresa também foi taxativa em dizer para as funcionárias que, se houvesse qualquer reclamação, mesmo que a reclamação viesse de servidores e alunos, elas receberam advertência. “A gente não pode nem falar nada para os professores porque disseram que se um professor, diretor ou técnico ligar para a empresa e  disser que a gente reclamou, eles vão vir aqui e nós vamos assinar uma advertência”, contou uma das funcionárias.

 

A reitoria da UFPel sinalizou desconhecer o acontecido e, diante da informação, comunicou que irá agendar reunião com a fiscalização superior da contratada para esclarecer “o suposto acontecimento”.

 

Incerteza da permanência

Além do corte proveniente da orientação do Ministério do Planejamento, as substituições de trabalhadoras seguem ocorrendo, sem justificativa considerada válida por elas. Até 90 dias após a contratação, a empresa pode dispensar as funcionárias, mesmo que sejam trabalhadoras antigas da UFPel, já que a cada mudança de contratada as trabalhadoras entram em um novo período de experiência. A situação de incerteza da permanência no posto de trabalho tem abalado a vida das terceirizadas que, diante da demissão de colegas de trabalho, têm realizado campanhas de doação de alimentos junto à comunidade acadêmica da UFPel para sanar as necessidades básicas daquelas pegas de surpresa com o anúncio de demissão. Ainda, além de se encontrarem em uma situação financeira delicada, as funcionárias estão desgastadas física e psicologicamente, já que mesmo com o aumento da carga de trabalho, continuam recebendo o mesmo salário - cerca de R$900 reais.


Irregularidades

Além de enfrentarem uma sobrecarga de trabalho e assédio, a situação das funcionárias ainda é pior pois a antiga empresa que as contratava, Click, ainda não pagou todos os direitos das trabalhadoras e já removeu o escritório da cidade, dificultando o acesso a informações precisas. Segundo a reitoria da UFPel, o pagamento do mês de outubro ainda não foi efetuado pela Click. Já a multa do FGTS, que também não havia sido efetivada, foi depositada na penúltima semana de dezembro. Em relação aos atrasos dos pagamentos por parte da empresa, o reitor pontua que “são de total responsabilidade da mesma, sendo que os fiscais da UFPel, assim como o  NUGEST - Núcleo de Gestão de Serviços Terceirizados, adotaram as providências cabíveis para regularização da situação”.

 

Tratamento desigual

O setor terceirizado da UFPel não possui recesso de fim de ano ou turno reduzido, como possuem as/os servidoras/es da UFPel. As/os terceirizadas/os, assim, são o único setor da Universidade que permanece realizando integralmente os turnos. A Instrução Normativa 05/2017, conforme aponta a administração da UFPel, veda a instituição de realizar mudanças na gerência das contratada [Sulclean], como “conceder aos trabalhadores da contratada direitos típicos de servidores públicos, tais como recesso, ponto facultativo, dentre outros”. Caso fossem diminuídas as horas da jornada, segundo a reitoria, também haveria diminuição no salário.

 

Posição da ADUFPel-SSind

A ADUFPel-SSind, bem como o ANDES-SN, são contrários à terceirização, por entender que essa modalidade de contratação precariza as condições de trabalho. Defende a contratação de todas/os trabalhadoras/es das instituições públicas via concurso, garantindo assim sua estabilidade no emprego, bem como plano de carreira a que todos as/os servidoras/es têm direito. A terceirização, como estamos acompanhando, coloca as/os trabalhadoras/es em um vínculo frágil, sendo aos alvos mais suscetíveis das políticas de cortes e de ajuste fiscal.   

 

* A empresa SulClean foi contatada para a reportagem, mas não retornou o contato até o fechamento da matéria.

 

Assessoria ADUFPel

 

Foto: Assessoria ADUFPel (registro realizado durante paralisação das terceirizadas da limpeza, em 2015)

Veja Também

  • relacionada

    Docentes atualizam plano geral de lutas do ANDES-SN durante o 67º Conad

  • relacionada

    Após greves, docentes atualizam plano de lutas dos Setores das Iees/Imes/Ides e Ifes duran...

  • relacionada

    Podcast Viração aborda a descriminalização do porte de maconha

  • relacionada

    67º Conad: Docentes aprovam prestação de contas, criação de novo GT e sede do 68º Conad

  • relacionada

    67º Conad aprova resoluções de apoio à Palestina e outras pendências do 42º Congresso

  • relacionada

    67° Conad do ANDES-SN teve início nesta sexta-feira (26) em Belo Horizonte

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.