Atualmente, 22 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) estão sob intervenção e sofrem com os atos antidemocráticos do governo Bolsonaro, que colocam em risco a autonomia e a democracia universitárias. A mais recente é a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 

Na manhã desta quarta-feira (31), foi publicada, no Diário Oficial da União, a portaria de nomeação do professor Roberto de Souza Rodrigues para exercer o mandato de reitor da instituição, por quatro anos (2021-2025). O caso é semelhante ao que ocorreu na UFPel, já que o docente integrava a chapa vencedora do processo de consulta informal (Chapa 2 - UFRRJ é a gente), encabeçada pelo até então reitor da instituição, Ricardo Luiz Louro Berbara. 

Os nomes de ambos constaram na lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação (MEC). Entretanto, Roberto não foi escolhido democraticamente pela comunidade acadêmica para ocupar o cargo de reitor, mas como candidato a Pró-Reitor de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento Institucional, assim como já ocupava anteriormente, no período entre 2017 e 2021, no mandato de Berbara. 

Luta pela nomeação do reitor eleito

Desde o resultado da consulta informal, finalizada no dia 26 de novembro de 2020, servidores e estudantes vinham pressionando e exigindo que a reitoria eleita pela comunidade tomasse posse imediatamente. A ADUR-RJ - Seção Sindical do ANDES-SN e a Sintur-RJ uniram-se na luta em defesa da autonomia universitária e da democracia e já haviam até mesmo iniciado a campanha #ReitorEleitoÉReitorEmpossado. 

Assim que o prazo para a nomeação do reitor expirou, em 27 de março deste ano, e o MEC ainda não havia dado prosseguimento à nomeação, as duas entidades, com o apoio de outras, atores políticos da UFRRJ, Centros e Diretórios Acadêmicos, lançaram um comitê para tratar do assunto e garantir a posse de Ricardo. 

Em nota, a ADUR-RJ ressaltou que vivemos tempos muito sombrios em que os valores fundamentais de nossa sociedade estão sendo destruídos, e o aviltamento dos princípios da administração pública está entre eles. 

Diante deste cenário, apontou que “a ADUR-RJ assumiu seu compromisso de lutar com todos os meios à sua disposição pelo respeito à manifestação democrática da Comunidade Universitária, com a nomeação do primeiro nome da lista tríplice elaborada na Instituição”. 

Também afirmou que, junto aos demais membros da comunidade, irá permanecer na linha de frente da luta. “Desde o início, entendemos ser a preservação do compromisso histórico de toda a Comunidade Universitária com a democracia, expressa na forma de escolha de sua Reitoria praticada já há algumas décadas, um valor superior a ser defendido pelo Sindicato”. 

A ADUFPel presta seu apoio à comunidade universitária da UFRRJ e, segundo a presidente da entidade, Celeste Pereira, “somente o reitor eleito tem legitimidade neste processo, e a figura da chapa, bem como afinidade entre os membros, é mecanismo para evitar golpe e não para justificá-lo”. 

A escolha da comunidade  

A consulta para a administração central da Universidade, que aconteceu em novembro do ano passado, apontou a vitória da Chapa 2, que tinha como candidato a reitor Ricardo Luiz Louro Berbara. 

A chapa vencedora recebeu um total de 3.993 votos (55%), enquanto que a Chapa 1 obteve 3.182 sufrágios (45%). Ao todo, participaram da consulta pública para a escolha da nova gestão ruralina 5.184 discentes, 1.039 docentes e 952 técnicos-administrativos.

Acesse aqui a lista das IFES que estão sob intervenção do governo Bolsonaro. 

Assessoria ADUFPel

Com informações de Assessoria de Imprensa e Comunicação do IM/UFRRJ e ADUR-RJ