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Unipampa sofre ataques verbais de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro

No último domingo (28), um grupo de manifestantes apoiadores do presidente Jair Bolsonaro proferiu diversos ataques verbais à Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e à comunidade universitária. O ato ocorreu em frente ao campus de Itaqui/RS.


As acusações sobre o papel desempenhado pela Universidade foram gravadas pelos próprios bolsonaristas e publicadas em vídeo nas redes sociais. São pouco mais de dez pessoas vestidas de amarelo, segurando bandeiras do Brasil, que chamam a instituição de “essa porcaria que nós temos aqui”, e ainda ameaçam: “quem for contra o presidente naquela bosta, tá ferrado”. O grupo também questiona o “custo” da Unipampa para a sociedade e faz insinuações sobre o trabalho docente. 


Relevância da Unipampa para a sociedade 

Assim que tomaram conhecimento sobre o vídeo, a direção do Campus Itaqui, a reitoria e a diretoria da Sesunipampa (Seção Sindical do ANDES-SN) posicionaram-se sobre o fato e enfatizaram a importância da Universidade à sociedade, a qual desempenha um papel relevante ao proporcionar, para a população do interior do estado e de baixa renda, acesso a um ensino superior de qualidade e a possibilidade de um futuro melhor. 


Em nota, a direção do Campus destacou que a criação da Unipampa é uma das ações oriundas da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE), com o objetivo de assegurar acesso gratuito à educação de pessoas que sem ela não o conseguiria. A Metade Sul do RS foi identificada como uma das regiões prioritárias para a ação pelo seu alto nível de desigualdade. 


Conforme apontou a direção, a instalação da Unipampa, em 2008, foi responsável por aumentar consideravelmente a economia itaquiense nos setores de comércio e serviços, superando o até então segmento líder, a agropecuária, a partir de 2010. Além disso, ressaltou que a instituição, como um todo (em 10 campi), tem matriculados em torno de 15 mil alunos. 


Sesunipampa repudia ataques 

A Sesunipampa também expressou repúdio aos ataques em nota, na qual afirmou que a Unipampa é uma forma efetiva de acesso ao ensino público, gratuito e de qualidade, por onde passam milhares de jovens por ano, entre seus quase 70 cursos, além das especializações, mestrados, doutorados e projetos de pesquisa e extensão. 


Ainda, reiterou que a Unipampa “é um sonho coletivo que expressa uma sólida tentativa de inclusão social e de construção do conhecimento e que tem transformado positivamente o cenário da fronteira oeste e da campanha”. E por esse, dentre outros vários motivos, “precisa ser respeitada, potencializada, apoiada e principalmente permanecer tal como é pública, gratuita, laica, de qualidade, democrática e socialmente referenciada”. 


Em depoimento à ADUFPel, o presidente da Seção Sindical, Cesar Beras, salientou que o esforço diário do conjunto de servidores públicos que acalentam sonhos de uma vida e de um país melhor, a partir do acesso efetivo à universidade, foram desrespeitados com o ato dos apoiadores de Jair Bolsonaro, “militantes que, ao fazerem tal ofensa, passam os limites aceitáveis da democracia, do bom senso e do respeito à condição humana. As divergências sobre o futuro da humanidade não podem atacar um de seus principais patrimônios: a universidade pública”. 


Beras também enfatizou que o processo de inclusão da população ao ensino superior no país é lento e desigual. Diante disso, disse: “temos orgulho de, junto com as outras instituições federais de ensino do RS e do Brasil, representar uma alternativa a 350 anos de escravidão e as suas grandes consequências: a desigualdade social e concentração de renda que venham a negar uma das principais virtudes da educação pública: a universalidade do apreender e a igualdade, não somente formal, mas substancial de construir o conhecimento, o ser humano e um pais para todxs”. 


Ataques às instituições pública de ensino superior crescem

A reitoria também manifestou-se via nota de repúdio, na qual afirmou que a situação não causou estranheza, “visto que as universidades públicas vêm sofrendo sucessivos ataques por grupos da sociedade, que desconhecem por completo as atividades que são desenvolvidas em prol das regiões em que atuam e do nosso país, inclusive nesta pandemia, em que apesar das atividades presenciais terem sido suspensas, seguimos fazendo a diferença”. 


Aos manifestantes que atacaram a Unipampa, desejou que busquem informarem-se melhor acerca dos serviços prestados antes de expressar “críticas vazias e desprovidas de conteúdo”. A administração da Universidade pediu que a comunidade siga em frente, pois a Unipampa é muito maior que “picuinhas partidárias”, ao constituir-se como polo de construção do saber, de ampliação do conhecimento científico e beneficiando toda população por meio daquilo que produz.


ADUFPel condena ato

Segundo a presidente da Seção Sindical, Celeste Pereira, a entidade presta apoio e solidariedade à comunidade acadêmica da Unipampa e repudia a ação de bolsonaristas. “É evidente que tais manifestações têm a mesma intenção das ações do atual governo, de buscar desqualificar as instituições públicas de ensino e seus trabalhadores para facilitar o acesso dos grandes empresários da educação privada, que têm investido duramente para abocanhar essa fatia do mercado”. 


Assessoria ADUFPel


Foto: Reprodução YouTube



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