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1ª Semana da Visibilidade Lésbica de Pelotas reforça a luta contra a lesbofobia

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é em 29 de agosto. A data, criada por ativistas brasileiras em 1996 durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), é um marco para a história dos avanços de direitos LGBTs + e representa a importância do combate à lesbofobia no país. Para debater e dar visibilidade à luta, em Pelotas acontecerá a 1º Semana da Visibilidade Lésbica Antirracista e Anticapitalista, entre os dias 24 e 29 de agosto. 


Segundo Luiza Caetano Affonso, estudante de Psicologia da UFPel, militante feminista e organizada no Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM) e uma das organizadoras do evento, a ideia de realizar a primeira edição da Semana da Visibilidade Lésbica no município surgiu dentro do Coletivo, a partir da necessidade de construir um espaço ou atividade que marcasse o mês e que não fosse restrito ao público universitário. Demais iniciativas sobre o tema, que acontecem em outras cidades, como em Porto Alegre e São Paulo, também estimularam a organização de atividades locais. 


“Percebemos que, ainda que existam coletivos e ações que abordam a questão e as pautas das mulheres lésbicas na cidade, elas não estão articuladas ou fazem parte de um “calendário” instituído. A ideia de uma semana, e não apenas um dia de atividade, veio daí”, explica Affonso. A partir disso, chamaram uma reunião aberta, em julho, para ampliar a construção do evento, na qual abordaram a importância de “afirmar que se trata de uma construção política e posicionada, principalmente no momento em que vivemos no Brasil”. 


Mês da Visibilidade Lésbica

Agosto é chamado de “Mês da Visibilidade Lésbica”, já que, duas datas marcam o movimento lésbico no Brasil. Além do dia 29, o dia 19 de agosto foi nomeado como Dia Nacional do Orgulho Lésbico. Neste dia, conhecido como “Stonewall brasileiro”, em referência à revolta que deu origem ao dia do orgulho LGBT, lésbicas integrantes do Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) protagonizaram uma revolta contra o preconceito vivido no Ferro’s Bar no centro de São Paulo, na década de 1980. 


A feminista Rosely Roth articulou junto de outras mulheres, da comunidade LGBT e até de membros da OAB, uma série de protestos na frente do bar, por eles não permitirem a distribuição de um dos boletins do Grupo do qual ela fazia parte, chamado “Chana com Chana”. O GALF, com apoio do movimento gay e do movimento feminista, voltou ao bar no dia 19 de agosto de 1983 com a imprensa e forçou sua entrada para ler, em cima das mesas, um manifesto contra a repressão e pelos direitos das mulheres lésbicas. 


O evento aconteceu em meio a um contexto de ditadura militar e é um marco histórico para a luta das mulheres lésbicas no país. Rosely era ativista LGBT e 13 anos após seu suicídio, que ocorreu em agosto de 1990, definiram a data do protesto organizado por ela como Dia Nacional do Orgulho Lésbico, para respeito e valorização do orgulho das mulheres lésbicas.


Importância da luta 

Na atual conjuntura, de diversos ataques às minorias promovidos por um governo de extrema-direita, misógino, racista, que não respeita os direitos LGBTs + e afirma que “as minorias têm que se curvar para as maiorias”, é fundamental o fortalecimento do movimento e o preenchimento de todos os espaços de organização política, acadêmicos e de resistência. 


Para Luiza, esses espaços são urgentes para garantir a sobrevivência e para mostrar a força das mulheres lésbicas, que foram “sistematicamente apagadas, enquanto mulheres e enquanto mulheres lésbicas de todos os espaços. Apagadas não só simbolicamente, mas literalmente, pelo lesbocídio que nos mata, como matou Luana Barbosa, mulher negra, lésbica, mãe, não-feminilizada, e por isso foi espancada e assassinada por policiais militares ao se recusar ser revistada por homens, ou as namoradas Meiryhellen Bandeira e Emilly Pereira, que em 2017 foram assassinadas a tiros por um vizinho que não aprovava a relação das duas”. 


Affonso avalia, ainda, que as políticas do governo de Jair Bolsonaro (PSL) são políticas de morte, de violação e negação da existência dos todos/as LGTBs em todos os aspectos e setores. “Quando não é de morte, é de deixar morrer, com o sucateamento dos serviços públicos, a destruição dos direitos sociais, o desemprego e o aumento do custo de vida”. 


Nesse sentido, a inserção de temas como a lesbofobia nos espaços de construção da luta e também em espaços acadêmicos são, além de importantes, uma “dívida histórica que muitos movimentos têm com as mulheres lésbicas, como o próprio movimento feminista e o movimento LGBT”, aponta Affonso, que também destaca que o fato da letra “L” ser a primeira da sigla LGBT, foi uma resposta a esse apagamento. Para ela, dentro dos movimentos de esquerda “é fundamental que se trabalhe as expressões do machismo, do racismo e da lesbofobia, com o peso e a importância que eles têm”, já que o capitalismo vem se apropriando do discurso da diversidade. 


Cresce violência contra lésbicas no Brasil

A militante também ressalta que, de 2014 à 2017, 126 mulheres foram mortas no Brasil por serem lésbicas. Número subnotificado, cujo acesso só se deu após a publicação do primeiro Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, divulgado pelo Núcleo de Inclusão Social da UFRJ em 2018. Até então, não havia levantamento. Além disso, registros de 2014 a 2017 indicam que aconteceram 33 suicídios, em sua maioria envolvendo lésbicas na faixa de idade entre 20 e 24 anos, vindo em seguida a faixa de até 19 anos. Juntas, as duas faixas etárias concentram 69% dos casos de suicídios de lésbicas no Brasil. 


“Retomar nossa história e ocupar esses espaços (públicos, de poder, todos) é a de afirmar que não aceitaremos mais esse apagamento dentro e fora da comunidade LGBT, e que seguiremos em luta até superar esse tempo sombrio, cada vez mais organizadas e fortes para superar também esse sistema que nos oprime e que é inteiramente contrário à vida e à diversidade”, ressalta Luiza. 


Quem faz parte da organização?

A Semana é organizada por mulheres independentes, estudantes e trabalhadoras, coletivos feministas e de esquerda, como o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, o coletivo Las Vulvas, o coletivo Alicerce e a União da Juventude Comunista. Também, somam-se à organização do evento o Diretório Central de Estudantes (DCE) da UCPel, o Núcleo de Gênero e Diversidade da UFPel (NUGEN) e a ADUFPel-SSind. 


Programação 

No sábado (24/08), a “Sapatada Cultutal” abre a Semana. Um evento de rua, com apresentações artísticas de mulheres lésbicas, banquinhas feministas e música para celebrar o orgulho lésbico. 

Local: rua Lobo da Costa, em frente ao Teatro Guarany

Horário: 15h


Na segunda-feira (26/08), será realizada uma Roda de Conversa sobre Visibilidades Lésbicas, promovida pelo Núcleo de estudos e pesquisas É’LÉÉKO, do curso de Psicologia da UFPel. 

Local: sala do núcleo no campus Leiga (Av. Duque de Caxias, 250)

Horário: 17h


Na quarta-feira (28/08), acontecerá uma oficina sobre Saúde Integral da mulher lésbica, direcionada às equipes de saúde das unidades básicas e às usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS).

Local: UBS Leocádia (R. David Canabarro, 890 - Areal)

Horário: 9h30


Também na quarta-feira (28/08), ocorrerá uma mesa de debate sobre a conjuntura e a organização política do movimento lésbico na atualidade, intitulada “Lésbica tem classe”.

Local: Casa cultural Las Vulvas (R. Padre Anchieta, 949)

Horário: 19h


Na quinta-feira (29/08), será o dia da Marcha Lésbica, demarcando o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica como um dia de luta para dar voz e vez às pautas das mulheres lésbicas, exigir direitos e afirmar existência e resistência na cidade de Pelotas.

Local:  Largo do Mercado Público

Horário: 17h 


Também na quinta-feira (29/08), ocorre o encerramento da Semana com o evento “Buteco da Filosofia” sobre Visibilidade Lésbica, que irá debater a inserção e visibilidade de mulheres lésbicas na cultura, na política, no mercado de trabalho, no esporte e na literatura.

Local: Bar do Zé (R. Conde de Porto Alegre, 201)

Horário: 20h 


Confira mais informações em: https://www.facebook.com/visibilidadelesbicapelotas/ 


Assessoria ADUFPel


Imagens: Divulgação

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