1º Seminário de Comunicação da CSP-Conlutas fortalece a luta sindical
A ADUFPel participou do 1º Seminário de Comunicação da CSP-Conlutas entre os dias
12 e 14 de dezembro, em São Paulo-SP. O objetivo do seminário foi o de
fortalecer da comunicação dos trabalhadores. A ADUFPel
esteve presente no evento, representada pelo 1º Vice-presidente Henrique
Mendonça e pela Jornalista Liana Coll.
Primeiro dia: estratégias de
comunicação, linguagem e audiovisual são os temas abordados
A programação
abordou os desafios da comunicação dos trabalhadores, a importância da
linguagem na comunicação, o mundo digital e sua relação com as lutas e o
audiovisual como ferramenta de comunicação.
Para falar
sobre o primeiro tema estiveram presentes Claudia Santiago, do Núcleo
Piratininga de Comunicação, José Arbex, professor da PUC-SP e Mauro Puerro,
dirigente da CSP-Conlutas. Claudia mencionou que há uma nítida diferença entre
a comunicação que os patrões e os trabalhadores realizam, deixando claro que a
mídia tradicional está a serviço dos primeiros. Para ela, o primeiro desafio da
comunicação dos trabalhadores é existir, sendo que os outros desafios são
torná-la de qualidade, atraente e regular. Claudia também disse que um dos
maiores dilemas é transgredir o pensamento de que “sindicato é coisa do
passado”.
José Arbex
abordou o fato da grande mídia ser a mídia da sedução. Mencionou que, para uma
comunicação verdadeiramente do trabalhador, é preciso autocrítica, no sentido
de travar uma luta interna com nossas próprias contradições e sectarismos. Por
fim, Arbex disse que um dos fatos positivos da comunicação do trabalhador é o
de que “ninguém consegue domesticar a luta de classes”, ou seja, por mais que a
imprensa sindical enfrente problemas, ela sempre existirá.
Mauro Puerro
abordou a questão de a comunicação sindical ser transformadora, pois “trabalha
com o presente para realizar o futuro”. Também falou que um jornalismo de
qualidade sem ser aliado das grandes empresas é possível.
No segundo
momento do primeiro dia, Vito Gianotti, coordenador do Núcleo Piratininga de
Comunicação, palestrou sobre a importância da linguagem na comunicação,
deixando claro que a linguagem precisa ser compreendida pelo público que se
pretende atingir. Para ele, tão importante quanto o conteúdo é a linguagem.
Esta precisa ser simples, sem os vícios do “sindicalês”, ou seja, sem lançar os
jargões que são utilizados diariamente nos sindicatos, pois estes podem
confundir os leitores que não estão acostumados às suas expressões.
Já a terceira
mesa, “O mundo digital e as lutas”, foi composta por Herbet Claros, do SindMetal
SJC-SP, Danilo Dara, do Movimento Mães de Maio, e Camila Lisboa, do Movimento
Mulheres em Luta. As falas direcionaram-se para a importância das ferramentas
digitais, entre elas as redes sociais. Todos deixaram claro que a rede social
não substitui o contato direto nem as mídias tradicionais, mas facilita o
contato entre trabalhadores. Fizeram relatos do trabalho desenvolvido nas suas
instituições e valorizaram a comunicação via meios eletrônicos.
O último
momento do dia foi com a exibição do documentário “20 centavos”, do cineasta
Tiago Tambelli, o qual retrata as manifestações da jornada de junho de 2013 em
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Nos debates que se sucederam, o diretor
do documentário falou um pouco sobre a montagem do filme, ressaltando o fato de
que para mostrar uma posição não é preciso escancará-la, pois o próprio
processo de montagem expõe a linha política que o documentário
segue.
Segundo dia: banco de dados próprio e
assessoria estratégica são debatidos e troca de experiências fortalece a rede
de comunicação das entidades ligadas à CSP-Conlutas
O dia 13/12 começou
com a palestra de André Rosa de Oliveira sobre Lei de Acesso à Informação e
cruzamento de dados. André, que é professor de Jornalismo e especialista em
novas mídias e tecnologia, expôs a questão de que, se antes existiam detentores
de informação, hoje a internet dilui esse poder. No entanto, disse que, apesar
dos portais de transparência serem uma obrigação dos órgãos públicos, ainda
assistimos muitos deles dificultarem o
acesso à informação, já que disponibilizam documentos de forma pouco clara. O
palestrante também falou sobre como a gestão de dados pode ajudar o jornalista
sindical a não ser pautado pela grande mídia. Assim, pensar na pesquisa e na
organização periódica de dados próprios pode ser uma estratégia de grande valia
para a comunicação dos trabalhadores.
No segundo
momento do dia aconteceu a mesa “Assessoria de imprensa: o que interessa às
mídias?”, com participação de Bruna Barlach, da revista Vírus Planetário, Simone
Freira, do Brasil de Fato, e Vinicius Segalla, do UOL. Uma das polêmicas da
mesa foi sobre até que ponto é válido procurar os veículos de mídia tradicional
na tentativa de inserir as pautas dos trabalhadores.
Vinicius
defendeu que o relacionamento com a grande mídia deve ser utilitarista e que os
jornalistas sindicais devem ocupar os mínimos espaços que imprensa tradicional
oferece, aproveitando-se das “brechas”, como o contato direto com os
profissionais mais sensíveis à causa dos trabalhadores. A fala de Bruna sinalizou que é preciso construir uma mídia de fato contra-hegemônica, já
que a mídia burguesa sacrifica os trabalhadores e serve sempre a um patrão
interessado nos grandes lucros que a informação como produto gera. Citando o
exemplo da Vírus Planetário, defendeu também que é preciso uma organização
horizontal nos veículos alternativos, onde cada um possa construir sem
interferência de um patrão. Tanto Bruna
quanto Simone deixaram o convite para aqueles que queiram contribuir coma Vírus
e com o Brasil de Fato, dois veículos que trabalham com colaborações.
Após essa mesa,
houve um momento de troca de experiências entre os presentes. Os interessados
em expor o trabalho que realizam nos seus respectivos sindicatos puderam apresentá-lo. A atividade foi de grande valia para que as
assessorias pudessem aprender umas com as outras.
Terceiro dia: encaminhamentos,
deliberações do Seminário
No último dia
do 1º Seminário de Comunicação da CSP-Conlutas foi realizado um balanço sobre a
atividade. A mesa “A comunicação é estratégica? Relação entre entidades e
profissionais de comunicação”, composta por Joaninha Oliveira, da CSP-Conlutas,
e Marinalva Oliveira, do ANDES-SN, foi responsável por um balanço da atividade
e planos para um segundo seminário. O consenso entre os presentes foi de que o
1º Seminário de Comunicação da CSP-Conlutas foi extremamente importante para
fortalecer a comunicação sindical.
Marinalva e
Joaninha abordaram o fato de que é preciso pensar numa comunicação dos
trabalhadores mais profunda, sendo que a colaboração mútua entre as entidades
ligadas à CSP-Conlutas precisa ser um ponto forte para uma comunicação
verdadeiramente estratégica. Além disso, Marinalva ressaltou o fato de que as
bases dos sindicatos precisam participar das atividades da comunicação e defendeu
a profissionalização da tarefa de comunicação. Também foi ponto comum que a
comunicação seja um elemento central, a ser valorizado pelos dirigentes dos
órgãos sindicais. Para integrar os membros das equipes de comunicação das
entidades, foi proposto também que se crie uma Setorial de Comunicação da CSP-Conlutas.
Nos debates
finais foram levantadas questões como a necessidade da CSP constituir o seu
Plano de Comunicação, a exemplo do que foi aprovado no Congresso do ANDES-SN,
bem como intensificar o debate sobre o projeto de Democratização das
Comunicações e por uma nova Lei das Mídias no Brasil.
Para acessar mais fotografias do 1º Seminário de Comunicação da CSP-Conlutas, clique aqui.
Assessoria ADUFPel