14 de março é dia de exigir justiça para Marielle e Anderson
Neste sábado, 14 de março, completam-se dois anos da execução de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Vereadora e ativista pelos direitos humanos, Marielle saía de um evento, no Rio de Janeiro (RJ), em carro conduzido pelo motorista Anderson, quando sofreu atentado a tiros. Um ex-Policial Militar (PM) e um PM estão presos há um ano pelo crime, mas a mando de quem essa execução foi feita é uma pergunta que ainda não foi respondida.
Marielle Franco era vereadora na cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) quando foi executada. Atuante pelos direitos humanos desde adolescente, nasceu na favela da Maré, formou-se em Sociologia pela PUC e fez mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF).
As pautas que Marielle defendia diziam respeito principalmente a grupos marginalizados, como mulheres, LGBTs, pobres e negras/os. Crítica da intervenção militar no Rio de Janeiro, a parlamentar, em 15 meses de Câmara, redigiu 16 projetos de lei, dos quais sete foram aprovados - cinco após sua morte.
A investigação
A investigação pelos homicídios foi intensamente cobrada por ativistas, militância e órgãos ligados à defesa dos direitos humanos. Em 12 de março de 2019, dois dias antes do crime completar um ano, foram realizadas as prisões de Ronnie Lessa, que efetuou os 13 disparos responsáveis pela morte de Marielle e Anderson, e de Élcio de Queiroz, que dirigia o carro que perseguiu a vereadora.
Até o momento, a apuração dos crimes aponta que a motivação centrou-se no repúdio às pautas que Marielle defendia. Familiares da vereadora e do motorista cobram, agora, que seja apurado quem encomendou o crime. Em relação à motivação, o que se sabe até agora é que Lessa, responsável pelos disparos, de acordo com a promotora responsável pelo caso, demonstra “perfil absolutamente reativo a essas pessoas que se dedicam às causas das minorias".
Na última terça-feira (10), a Justiça determinou que os dois acusados pela execução da vereadora e do motorista sejam levados a um júri popular. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz devem permanecer em prisão preventiva, já que as circunstâncias que levaram à medida continuam inalteradas.
Atos cobram respostas
O dia 14 de março, ficará marcado para sempre pelo luto decorrente da morte de uma incansável batalhadora pelos direitos das minorias. Ocorrerão atos em diversas cidades do país para que a data não seja esquecida. Em Pelotas, estava marcada uma manifestação a partir das 14h, no chafariz da Andrade Neves, que teve de ser cancelada por conta da epidemia de coronavírus.
Marielle vive
Marielle deixou como semente, além do ativismo pelos direitos humanos, a luta pela representatividade de mulheres negras na política. Apesar de mais da metade da população brasileira ser constituída por mulheres, e 27% por mulheres negras, o número de cargos ocupados por elas na política ainda é desproporcional. No entanto, a última eleição registrou um pequeno avanço. Em 2018, houve um aumento de 26 deputadas federais e 42 deputadas estaduais em relação a 2014, entre elas foi eleita a primeira indígena e a primeira mulher transgênero. Na Câmara de Deputados, as mulheres negras passaram de dez para 13. Ao silenciar uma voz, outras se insurgem.
LGBTs, mulheres, negras, negros e pobres inspiram-se na luta de Marielle para resistir em um país que mata e viola minorias diariamente. Para quem acredita na justiça social, os heróis, conforme afirmou o samba-enredo da Mangueira, não são aqueles emoldurados, mas as “Marias, Mahins, Marielles, malês”.
Assessoria ADUFPel
Com informações de Estadão, BBC, Piauí e Exame