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Notícia

A situação precária da CEU/UFPel

Enquanto o Condomínio Estudantil não sai do papel, os moradores da Casa do Estudante (CEU) da UFPel seguem enfrentando as dificuldades de viver em um ambiente com condições precárias. Além de não comportar todos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, a CEU expõe os cerca de 100 residentes a infiltrações e mofo. Como consequência, alguns desenvolvem doenças respiratórias. Insegurança e falta de espaços de convivência também prejudicam os moradores, que não têm cozinha para o preparo das refeições.

A condição na qual os estudantes vivem é de insalubridade. Uma infiltração que desce da caixa d’água e chega até o primeiro andar impacta na estrutura de quartos e banheiros, além do forro dos corredores. Também há a risco de curto-circuito devido à proximidade da rede elétrica com a água. Todos os cinco andares da CEU possuem um balde onde a goteira da infiltração cai.

“A gente evita muito ligar a luz [do banheiro] para não dar curto, mas isso está afetando até o chuveiro porque ele não consegue aquecer o suficiente também. E o resto do quarto que mofa está um desastre, mas por enquanto só o banheiro que está a perigo de cair. O técnico mesmo disse que o teto do banheiro podia cair, mas a gente está vivendo assim”, relata Mônica da Silva, estudante do curso de Relações Internacionais. Mônica, que mora em um dos quartos afetados pela infiltração, sofria uma crise alérgica no momento da entrevista. A estudante limpava o guarda-roupa que estava começando a apodrecer devido ao mofo.

A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Ediane Acunha, afirma que não há risco de desabamento na CEU. Em relação aos reparos, diz que “está sendo feita manutenção preventiva, com equipe da própria UFPel, mas não se configura reforma, pois isso não é permitido de forma legal em prédios locados”. Sobre os problemas respiratórios, explica que são ”todos decorrentes do clima frio e úmido da cidade”.

Por conta da infiltração, a vida útil das lâmpadas dos corredores e de alguns banheiros é curta e a substituição passa por um processo, muitas vezes longo. O pedido é intermediado pelo Chefe do Núcleo de Moradia, Flávio Ricardo Hardtke, que o encaminha para o Controle de Serviços da Prefeitura Universitária (CPS), responsável pelas solicitações e o acompanhamento da execução dos serviços de todas as unidades da UFPel. Outras manutenções também são feitas da mesma forma. Marco Antônio Duarte Silva, estudante de Teatro, conta que passou três semanas com um dos vidros da janela do quarto quebrado até ser feita a troca.

Espaços de convivência

Além dos quartos, a casa deveria ter uma sala de estudos por andar, porém existem apenas duas e uma sala de informática. Uma das salas foi transformada em quarto e a outra está sendo utilizada pelo Chefe do Núcleo de Moradia, que foi transferido recentemente do prédio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). No primeiro andar, dividem o mesmo espaço a sala de informática e a lavanderia, que possui duas máquinas de lavar roupa. O tanque fica no terceiro andar.

Para lavar roupa, os estudantes fazem um revezamento. Uma lista organiza a ordem de uso das máquinas e permite que cada um utilize por, no máximo, 1h20. “E as máquinas sempre quebram, porque funcionam 24 horas. Quando tinha duas por andar não quebravam tanto”, explica Marco.

A cozinha é uma das principais reivindicações. Como não há, os estudantes têm como opção almoçar no Restaurante Universitário (RU) ou equipar o quarto, por conta própria, com fogão elétrico. Muitas vezes compartilham entre si o uso dos aparelhos. O espaço térreo da CEU, onde desde o início do ano funciona o novo RU, seria a única área disponível para instalação da cozinha. A reitoria, no entanto, decidiu pela reforma do local e abertura de um novo RU, por conta da demanda.

Foram comprados utensílios de cozinha e TV pela reitoria, com o objetivo de instalá-los nas salas de estudo, porém a ideia de transformá-las em cozinha não foi aceita pelos moradores. Os estudantes solicitaram que uma parte do espaço onde funciona o RU fosse utilizada como área de convivência e cozinha, o que foi negado pela reitoria. Os materiais, então, permanecem guardados.

Para Ediane Acunha, “priorizou-se o atendimento de um número de estudantes muito maior, que estava tendo prejuízo acadêmico em razão da espera na fila do RU, em detrimento de uma área de lazer para um grupo menor”. Para os estudantes a cozinha não se configura uma área de lazer, mas é uma necessidade. “Eu que estudo à noite tenho que comer cedo, às 17h30, e quando saio da aula, às 22h30, tenho que comprar alguma outra coisa”, afirma Marco. No RU é fornecida, no horário da janta, uma ceia para consumo posterior, mas o estudante revela não ser o suficiente.  

 

Insegurança

Corte no número de vigilantes terceirizados, câmeras que não funcionam e interfones estragados contribuem para a falta de segurança do local. Hoje a CEU não possui vigilante no período da tarde. A Universidade, neste ano, instalou câmeras no prédio mas nem todas estão em funcionamento. A pró-reitora afirma que algumas estão em processo de instalação de software, e que “não há justificativa para colocar mais vigilantes”.  

O controle de entrada e saída de visitantes é dificultado já que a maioria dos interfones está quebrada. “O porteiro tenta perguntar para onde os visitantes vão, mas os interfones não funcionam. Os únicos que funcionam são os nossos e de alguns andares. Nem é um interfone, é uma campainha que toca e ele [porteiro] não consegue ter esse diálogo direto com o morador”, diz Marco. A solução, para o estudante, é ter um controle de visitação mais eficiente.

 

Acessibilidade

A CEU não possui acessibilidade. No prédio não há rampas e o elevador está desativado, sendo utilizado como depósito de produtos de limpeza. O conserto é uma reivindicação antiga. A situação impossibilita que estudantes com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida tentem uma vaga na Casa. Moradores que sofrem fraturas também são prejudicados com a inadequação e geralmente se mudam quando isso ocorre.  

 

Nova moradia

O projeto do Condomínio Estudantil prevê a construção de seis blocos de moradia, com capacidade para 1.332 alunos. Espaço de convivência, cozinha e restaurante universitário estão no plano. O reitor Mauro Del Pino assinou o Plano de Prevenção de Incêndio e Projeto Hidrossanitário em julho, finalizando a parte de projetos do condomínio estudantil. Após análise e aprovação pelo do Corpo de Bombeiros e Sanep, será aberta a licitação para as obras, ainda sem previsão para iniciarem.

 

A expectativa e a promessa era que a obra fosse licitada ainda em 2014,  mas ainda não há data para início da construção. A demora perpetua a situação de precariedade. Organizados, os estudantes seguem na batalha por condições para a permanência.

 

Assessoria ADUFPel

Fotos: Assessoria ADUFPel

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