Agricultores são assassinados em protesto contra Usina de Belo Monte
Centenas de agricultores foram vítimas de um atentado, na última segunda-feira (18), que trabalham nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no protesto que bloqueou a BR-230, Transamazônica, em Vitória do Xingu, no Pará, contra a retirada de seus direitos. O protesto contra a empresa responsável pela construção da usina, Consórcio Norte Energia, contou com agricultores de várias cidades da Transamazônica e Xingu, organizados no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR).
O motorista furou o bloqueio e atropelou os manifestantes. Em seguida, o condutor ateou fogo no carro e fugiu de motocicleta. Dois deles, Leidiane Drosdoski Machado de 27 anos e Daniel da Silva Vilanova de 41 anos, não resistiram aos ferimentos e faleceram. Um garoto de 13 anos continua no hospital entre a vida e a morte, outros agricultores estão com ferimentos leves.
Segundo nota publicada pelo Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB), há indícios de que a ação foi premeditada. “Logo após atropelar os trabalhadores, mais adiante o motorista parou e ateou fogo no carro. O motorista fugiu em uma motocicleta que vinha dando cobertura ao atentado. Os agricultores afirmam que ambos estavam armados e que ameaçaram matar mais pessoas”, denuncia. O movimento ainda repudia a violência contra qualquer trabalhador, sobretudo quando estes estão em luta. “É inadmissível continuarmos perdendo nossos companheiros e companheiras pelo fato de estarem em luta”, afirma em nota.
No mesmo dia, pescadores e ribeirinhos cercaram a sede do Consórcio Norte Energia, com mais de 700 metros de redes, impedindo a entrada de funcionários e da diretoria. Os manifestantes exigiam a continuidade das negociações sobre indenizações para o setor da pesca, uma vez que centenas de famílias perderam a sua principal atividade econômica com a construção da hidrelétrica. A Norte Energia tem se negado a reconhecer os impactos e negociar as indenizações.
Belo Monte
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte está sendo construída na bacia do Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do Pará. Desde o início das obras da hidrelétrica, em 2011, centenas de famílias de agricultores, comunidades ribeirinhas e indígenas foram excluídos das negociações e tiveram seus direitos atacados. Muitos deles, foram notificados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a deixar o local onde viviam, sem direito a reassentamento. As obras ainda são marcadas por irregularidades e trabalho em condições análogas à condição de escravo.
*Com informações do MAB, O Xingu e Xingu Vivo e Imagem Felype Adms
Fonte: ANDES-SN