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Notícia

Assédio é tema central do segundo dia de encontro da Regional RS

O tema “Assédio e Trabalho” fez parte da discussão, na manhã do segundo dia (1º de abril), do XVI Encontro da Regional RS do ANDES-SN, em Pelotas. A professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Rejane Jardim (UFPel), e a advogada da Regional RS, Fabiane Batisti, compuseram a mesa que debateu o assunto. Enquanto Fabiane caracterizou os tipos de assédio e suas consequências no ambiente de trabalho, Rejane relembrou os casos de assédio ocorridos durante o 36º Congresso do ANDES-SN e propôs uma reflexão sobre o tema a partir da sua experiência acadêmica.

 

O lançamento da cartilha sobre opressões, produzida pelo Grupo de Trabalho de Política de Classe para as questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN antecedeu o debate. O primeiro secretário da Regional, Caiuá Al-Alam, falou sobre a importância do assunto dentro da entidade. Para ele, é uma vitória colocar em pauta a questão, pois as práticas opressivas serão tratadas com a seriedade que necessitam.

 

Assédio na esfera jurídica

A advogada Fabiane Batisti deu início ao debate caracterizando os tipos de assédio e suas consequências no ambiente de trabalho, apontando que os assédios sexual e moral estão interligados, não havendo uma grande diferença de tratamento entre eles no âmbito jurídico. “Independentemente do tipo, nós temos instrumentos dentro do direito para combater”, explicou.

 

Ainda, destacou que à medida que o neoliberalismo avança no Brasil, cresce o assédio moral, sendo mais comum no mundo do trabalho. Para Fabiane, é possível pensar no assédio como um instrumento de produtividade. Quando utilizado pela gestão para esse propósito, pode causar danos não só ao assediado como também ao ambiente onde ocorre. As leis que impõem condutas a serem adotadas pelos servidores também fazem parte desse mecanismo e, a partir delas, é possível enquadrar diversos tipos de assédio.

 

Feminismo classista

A professora da UFPel, Rejane Jardim, relembrou os casos de assédio sofridos pelas monitoras durante o 36º Congresso do ANDES-SN que, segundo ela, a chocaram por acontecerem em um ambiente de vanguarda. Para a docente, há uma ideologia machista dentro da universidade, que se impõe sobre o sexo feminino, na qual os homens não se veem como agentes de opressão e, portanto, “não se comportam como deveriam”. “É uma pena que em pleno século XXI nós ainda estejamos aqui debatendo pautas do movimento de mulheres do século XIX, dentro da Universidade, dentro do sindicato”, lamentou e caracterizou o ocorrido como um “ato inescrupuloso”.

 

A discussão do feminismo, para a docente, deve se mesclar com as questões de classe. A resistência feita nas ruas por estudantes secundaristas tem ensinado muito e deve ser tomada, com respeito e dignidade, como uma discussão da classe trabalhadora, que há muito tempo deixou de ser exclusivamente masculina. A universidade, também, é um espaço constituído por um número expressivo de mulheres e por isso esse é o momento dos sindicatos se apropriarem da temática feminista e tomá-la como central.

 

A docente também criticou a forma como o Grupo de Trabalho de Política de Classe para as questões Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) é tratado. "Não podemos mais tratar essas questões de maneira desrespeitosa. Não podemos tratar o GTPCEGDS como 'GT Letrinhas'. É desrespeitosa essa forma de tratamento e inaceitável que se refira a esse GT que discute temas tão contundentes, tão humanos, com essa forma absurda de desrespeito. Esse GT reúne os cabeções que têm discutido o problema das populações indígenas, por exemplo. Esse GT reúne aqueles que estão interessados em discutir questões que afetam a comunidade negra. Esse GT reúne a comunidade LGBT. Esse GT reúne as mulheres da universidade pública brasileira, que são maioria no número de matrículas. E o sindicato deve estar atento a isso. Como assim 'GT Letrinhas'?".



Feminismo ou barbárie

Rejane finalizou propondo uma reflexão: “É feminismo ou barbárie. O feminismo não tem matado ninguém ao longo de sua história. O machismo, vulgar, mata todos os dias um pouquinho, afetando a autoestima, a saúde mental e, às vezes, de morte matada mesmo, com a violência mais sanguinolenta que a gente possa imaginar. Esta cidade em particular, aliás, o Rio Grande do Sul como um todo é o lugar da truculência contra o feminino. (...) O que denuncia a primeira delegacia da mulher funcionar aqui [Pelotas]? O que denuncia o primeiro Conselho Municipal ser aqui? O que denuncia essa quantidade de coletivos feministas que nós temos nesta universidade, nesta cidade? Denuncia que esta cidade é uma cidade hostil às mulheres, em vários aspectos”.

 

Fórum das Seções Sindicais

O Fórum das Seções Sindicais encerrou o Encontro. Representando as seções sindicais do Rio Grande do Sul, compuseram a mesa Daniela Hoffmann (ADUFPel-SSind), Mailiz Garibotti Lusa (Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS), Rodnei Valentin Pereira Novo (Aprofurg), Carlos Alberto da Fonseca Pires (Sedufsm) e Guinter Tlaija Leipnitz (Sesunipampa).

 

A diretora da ADUFPel-SSind, Daniela Hoffmann, discorreu sobre o trabalho realizado pela Comissão Local de Mobilização docente, ativa desde 2016, e a articulação com as demais categorias e movimentos de resistência, através da Frente em Defesa do Serviço Público, das Conquistas Sociais e Trabalhistas. Também, informou que a Seção Sindical está entrando em período de eleições para a diretoria biênio 2017-2019.

 

Mailiz fez um breve relato sobre a greve e as ocupações ocorridas em 2016, que totalizaram mais de dois meses, e destacou a atuação da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS para a retirada da moção que tramitava na Câmara de Vereadores, em que os apoiadores dos atos contra o golpe eram criminalizados. Entre as pautas da Seção Sindical, está a criação de creches para servidores.

 

A importância de extrapolar os muros da universidade foi ressaltada por Rodnei, que falou sobre a produção de panfletos para que a comunidade externa se informe sobre as principais pautas que tramitam no Congresso Nacional. Ainda apontou a participação de professores nos grupos de trabalho do ANDES-SN, bem como no Curso de Formação Sindical.

 

Representando a Sedufsm, Carlos pediu auxílio para uma nota em defesa dos municipários de Cachoeirinha, que sofreram graves ataques da Brigada Militar em uma manifestação. Os presentes aprovaram, então, uma moção de apoio. Além disso, relatou as ocupações protagonizadas pelos estudantes da UFSM, que foram amparadas pela Sedufsm. Sobre eventos futuros, articulam um seminário sobre questões agrárias e ambientais, principalmente para debater a mineração em Caçapava do Sul.

 

Guinter, da Sesunipampa, agradeceu à ADUFPel-SSind pelo apoio, especialmente em relação à cotização dos sindicalizados, que até 2016 não havia sido possível. Tocou, também, na questão da multicampia, que inviabiliza muitas articulações, mas que a militância tem garantido o acontecimento de muitas ações na universidade. Para ele, a parceria com outros sindicatos e professores é fundamental e, a partir da arrecadação dos sindicalizados, vislumbram uma possibilidade de crescimento da Seção Sindical.



Assessoria ADUFPel

 

Fotos: Assessoria ADUFPel

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