Ativistas angolanos são condenados à prisão por realizar grupo de estudos
17 angolanos, entre eles o docente universitário Nuno Dala, foram condenados nessa segunda-feira (28) à prisão pelo crime de “atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores”, com penas distintas entre eles que variam de 2 a 8 anos de prisão. Os ativistas foram detidos em junho de 2015 na cidade de Luanda, capital do país, por realizar um grupo de estudos sobre o livro “Da ditadura à democracia”, de Gene Sharp. Angola viveu, até 2002, 27 anos de guerra civil e seu presidente, José Eduardo dos Santos, está no poder desde 1979.
Diversas organizações, como a Anistia Internacional, se manifestaram contrárias ao julgamento dos ativistas. “A Anistia Internacional considera que esta condenação nem sequer deveria ter existido, tal como o julgamento. Estamos falando de cidadãos angolanos que estavam reunidos para debater. Condenar vozes críticas ao regime é profundamente grave”, disse, ao portal Rede Angola, Ana Monteiro, coordenadora de campanha da organização.
“Vamos até as últimas consequências. Ou Angola é um Estado de Direito ou não é. Em qualquer parte do mundo, a liberdade é a regra. A sua privação é mera exceção. Para um tribunal condenar tem que encontrar elementos objetivamente materiais e não condenar com imaginações. O que puniram aqui hoje, senhores jornalistas, foi a coragem dos rapazes. Puniram a intenção, e a intenção não se pune em direito penal”, afirmou em entrevista, Miguel Francisco, advogado de defesa dos ativistas.
Um dos ativistas condenados, o professor Nuno Dala, está em greve fome há 19 dias. Ele exige que o governo angolano lhe devolva seus pertences apreendidos em junho de 2015. Desde o dia 10 de março, data em que começou com a greve, Nuno Dala só ingere líquidos. Água, soro e chá são os únicos meios de sobrevivência. “Se as autoridades satisfazerem o meu pedido, devolvendo o meu dinheiro, os meus cartões de crédito, telefones e os livros que tiraram da minha casa, e se me revelarem os resultados dos dez exames que fiz, eu paro com a greve de fome”, disse Nuno ao portal Rede Angola.
Com informações e imagem de Rede Angola.
Fonte: ANDES-SN