Audiência discute questão Kaingang em Pelotas
No dia de ontem (18), ocorreu audiência pública na Câmara de Vereadores para debater a situação da tribo indígena Kaingang no município de Pelotas (RS). Homens, mulheres, jovens e crianças kaingangs, representando as 16 famílias do grupo, marcharam desde a ocupação onde estão vivendo, nos arredores da rodoviária, até a Casa. Durante o trajeto, sob forte sol, realizaram duas apresentações da dança e canto tradicionais kaingangs, uma em frente ao IF-Sul e outra no largo do Mercado Público, com o objetivo de chamar atenção da população para o descaso com a etnia.
A audiência contou com a presença de agentes públicos locais, representações da Fundação Nacional do Índio (Funai) e 5º Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e membros da comunidade pelotense solidários à causa, resultando na criação de uma comissão para tratar da questão. A comissão será constituída pelas representações kaingang, representantes do legislativo e executivo municipal, entidades, coletivos e membros da sociedade civil interessados. A ADUFPel-SSind esteve na audiência representada pela diretora Ana Oliveira. A Seção Sindical irá participar também das reuniões da comissão, que estão marcadas para, pelo menos, as próximas quatro terças-feiras, sempre às 14h, no plenarinho da Câmara. A primeira reunião acontece dia 23 de fevereiro.
Entenda
O grupo indígena, composto por 16 famílias vindas da aldeia Kondá, em Chapecó (SC), encontra-se em Pelotas desde novembro e reivindica o direito de permanecer na cidade com melhores condições de vida. Desde que chegaram à cidade estão em uma zona de risco, nas margens de uma rodovia movimentada e de um córrego que recebe esgoto. Nesta área, sofrem com a ausência de água e energia elétrica e estão expostos a doenças devido à proliferação de ratos e mosquitos. Assim, conforme explica o cacique Pedro Salvador Oretã, reivindicam um terreno maior, onde as famílias possam viver com segurança e dignidade, podendo desenvolver o plantio e o artesanato e fortalecer sua cultura.
Enquanto a mudança para o novo terreno não ocorre, é urgente a disponibilização de uma caixa d’água e de banheiros químicos, problema que deve ser resolvido pelo município, ainda que a área do acampamento seja uma zona federal (BR 392). Quando à alimentação, a Funai comprometeu-se com o envio de cestos básicos para as famílias,após o cadastramento de todos os integrantes da comunidade Kaingang. Esta e outras questões emergenciais serão tratadas na primeira reunião da comissão.
Assessoria ADUFPel
Com informações de Resistência Kaingang Pelotas
Foto: Resistência Kaingang Pelotas