Estudantes ocuparam, ontem (13), o Centro de Artes (CArte) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O movimento é caracterizado pelos alunos como uma “ocupação cultural” em defesa da integração e autonomia dos espaços do prédio - que abriga 14 cursos de graduação -, da permanência dos programas de pesquisa, ensino e extensão, posicionando-se contra os cortes do governo federal e o sucateamento e privatização da educação pública.

Os discentes fortalecem o movimento de ocupação dos secundaristas e universitários que ocorre pelo país. O CArte é a segunda unidade ocupada na Universidade. A primeira foi o Instituto de Ciências Humanas (ICH), no dia 9 deste mês. A decisão foi tomada por ampla maioria após assembleia estudantil realizada na tarde de ontem.

Em nota divulgada na página da ocupação, o movimento manifestou-se contrário ao governo de Michel Temer, mais especificamente em defesa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura (Minc), defendendo criação de novos espaços culturais e contra a privatização da cultura.Também, reivindicam a revogação da Portaria de n° 46/2016 - que altera o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), desestruturando-o e ameaçando sua continuidade - e do PL 44/2016, que visa permitir a interferência de Organizações Sociais nas instituições públicas de ensino.

Uma universidade autônoma e democrática é defendida pelos estudantes, além da manutenção dos programas de inclusão e permanência. “Repudiamos totalmente o cancelamento da matrícula dos colegas cotistas que haviam ingressado na UFPel. Não aceitaremos nenhum direito a menos! Nenhum corte passará despercebido!”, ressaltam.

Oficinas culturais estão sendo realizadas pelos estudantes. Na tarde de hoje (14), foi realizada uma atividade de dança e movimento corporal. Neste momento, acontece uma reunião entre o movimento e a coordenação do Centro de Artes para debater as pautas de reivindicação, que são:

- Reintegração dos estudantes cotistas que tiveram a matrícula cancelada e discussão dos motivos que levaram à situação atual, inclusive para que isso não venha a ocorrer no futuro;

- Pela interdisciplinaridade e integração entre os cursos do CArte, tornando-o efetivamente um centro. Pelo reconhecimento e participação paritária da categoria estudantil no desenvolvimento desta integração;

- Rediscussão da matriz de vagas docentes para o CArte, pela contratação de mais técnico-administrativos e docentes, prezando pela interdisciplinaridade e interesse comum de todos os cursos;

- Midiateca/biblioteca departamental;

- Abertura dos projetos, planos institucionais, licitações ou programas em andamento para a Laneira e Brahma, com situação concreta dos recursos destinados a esses espaços;

- Integração de aparelhos culturais junto ao CArte. Abertura efetiva para realização de projetos e apresentação de produções com autonomia estudantil e integração com a comunidade;

- Garantia de novo espaço estudantil junto ao Centro de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) e integração destes dois, liberando um acesso na parede para que sejam interligados;

- Liberação imediata de mais espaços de convivência, produção e estudo, integrados aos saguões, corredores e salões dos prédios;

- Reconhecimento e efetivação da autogestão destes espaços pelos estudantes;

- Liberdade de manifestação, pintura e intervenção artística nas fachadas e espaços de convivência de ambos os prédios;

- Contra a Portaria 46/2016 que altera o PIBID;

- Contra o PL 44/2016 do governo estadual;

- Eleições diretas para o DCE da UFPel imediatamente;

- Fora Mendonça Filho;

- Fora Marcelo Calero;

- Fora Temer.

Mais informações em breve.

Assessoria ADUFPel

Fotos: Assessoria ADUFPel