O bloco Acorda Peão, organizado pelo Sindicato dos Metaúrgicos e pela CSP-Conlutas, transformou o sábado de Carnaval numa grande manifestação contra a falta d´água, a retirada de direitos trabalhistas e a corrupção na Petrobras. Cerca de 600 foliões acompanharam o bloco pelas ruas do centro de São José dos Campos.

O samba-enredo “Duas é Dilmais” trouxe divertidas críticas à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). No carro-alegórico, os dois governantes dividiram espaço com uma banheira e torneiras de petróleo e de água.

Pra completar o cenário, uma “vaca” lembrava a população sobre a promessa feita pela presidente durante a campanha eleitoral de 2014 – de que não iria mexer em direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”. Menos de dois meses depois de ter feito a promessa, Dilma anunciou a edição das medidas provisórias 664 e 665, que reduzem o acesso ao seguro-desemprego, PIS, licença por doença ocupacional e pensão por morte.

Durante o desfile, o secretário-geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates, alertou a população sobre a necessidade de se manifestar contra todos os ataques realizados pelos governos estadual e federal. “O Carnaval dura apenas quatro dias, mas os problemas estão aí diariamente. Temos de ir pra rua e lutar por nossos direitos”, afirmou.

Em outro carro do bloco, a presidente (usando chifrinhos) cortava  uma carteira de trabalho com uma tesoura gigante. Durante todo o percurso, a população que assistia o desfile se manifestava, cantando o samba-enredo e apoiando as críticas representadas pelo bloco. O refrão “2015 vou direto pra luta. Não entrego direitos nem que a vaca tussa” era cantado animadamente pelos foliões. O prefeito Carlinhos Almeida (PT) também foi alvo dos foliões, que protestavam contra o recente reajuste da tarifa de ônibus. O Acorda Peão saiu pela primeira vez em 1998 (na época, com o nome “Se liga, Brasil”), sempre com críticas bem humoradas ao governo.

“Dezessete anos depois, ele continua com seu papel de acordar a população para os problemas sociais, políticos e econômicos que persistem em nosso país”, o autor do samba-enredo do bloco, Renato Bento Luiz, o Renatão, dirigente da CSP-Conlutas.