ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Cortes no Censo 2020 devem afetar políticas públicas, segundo trabalhadores/as do IBGE

noticia

Protesto contra os cortes no Censo em Santa Catarina. Foto: ASSIBGE/SC

A edição do Censo Demográfico de 2020 terá redução orçamentária e mapeamento simplificado. Com o corte do governo de Jair Bolsonaro (PSL) de cerca de 25% nas verbas da maior pesquisa sobre a população brasileira, serão menos questões no estudo. O Censo, que é feito a cada dez anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e embasa políticas públicas, também deverá ser feito com menos recenseadores do que em 2010.


O corte orçamentário para a realização do Censo 2020 foi confirmado pelo governo de Bolsonaro em maio. A presidente do IBGE, Susana Guerra, divulgou na última segunda-feira, 1 º de julho, a nova versão do questionário do estudo. Guerra, que foi nomeada pelo governo em fevereiro após o ex-presidente ser exonerado do cargo por discordâncias em relação à condução da pesquisa, tem sido alvo de críticas de trabalhadores/as do IBGE pelas decisões arbitrárias.


Servidores/as envolvidos na preparação censitária, organizados na campanha Em Defesa do Censo, manifestaram preocupação com o enxugamento do questionário e criticaram a unilateralidade de Guerra, que não os consultou em relação às modificações. “ [...] o Comitê do Censo, instância do IBGE oficialmente responsável por deliberar sobre o questionário do Censo Demográfico, não foi ainda consultado e muito menos aprovou o questionário proposto pela presidência”, apontaram, em nota divulgada na página da campanha


Impacto no planejamento do país

A última versão do questionário subtraiu questões sobre a migração interna e emigração de brasileiros, sobre a questão habitacional, a educação e a renda. Também ficaram de fora as perguntas como os itens de posse nos domicílios, como geladeira, fogão, telefone, entre outros, que são considerados importantes para analisar as multidimensões da pobreza. 


No caso do tema de migração e emigração, as análises sobre o comportamento migratório ficarão prejudicadas, trazendo impactos sobre o planejamento dos municípios e estados sobre suas populações. A questão habitacional será afetada pela subtração da questão sobre o valor do aluguel, inviabilizando a análise do papel do mercado imobiliário no déficit habitacional. Já no âmbito da educação, foi retirada a pergunta sobre a especificação da rede de ensino do entrevistado (rede pública ou privada).


O demógrafo e técnico do IBGE, Antônio Tadeu Ribeiro de Oliveira, na audiência pública que ocorreu hoje na Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara de Deputados, afirmou que haverá uma quebra da série histórica com a retirada das questões e deu ênfase nos prejuízos na área habitacional. “[A retirada] do aluguel é terrível. Se acaba com a possibilidade de fazer política habitacional. [...] Quando se tira essa informação do questionário da amostra, não se permite calcular o déficit habitacional e as desigualdades urbanas em cada município”. 


A representante do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE), Dione Oliveira, também na audiência, se manifestou em relação às mudanças na pesquisa. “É um prejuízo irreparável que a direção do IBGE que a direção do IBGE, de forma irresponsável, está levando a cabo”, sinalizou.


Protestos e críticas

Devido à contrariedade em relação aos cortes que prejudicarão o Censo 2020, bem como às violações à autonomia do corpo técnico, quatro diretores do IBGE deixaram os cargos em junho. A decisão também aconteceu em protesto à exoneração de dois diretores pela presidente do IBGE, após eles se manifestaram contra a os encaminhamentos na condução da pesquisa censitária.


O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE), em nota, defende a luta pelo Censo sem cortes e a importância da pesquisa. “O Censo Demográfico é a maior e mais detalhada pesquisa domiciliar, uma tomografia computadorizada do país. Por sua capilaridade, só o Censo consegue rastrear as condições de vida da população, suas carências e potenciais”, pontua.


A entidade também critica as decisões do governo Bolsonaro e do Ministro da Economia, Paulo Guedes, de cortar verbas e concursos para o IBGE. Preocupa-se, ainda, que a simplificação na metodologia do Censo seja também aplicada para outras pesquisas realizadas pelo Instituto, prejudicando a razão de existir do órgão, que é o fornecimento de dados e estatísticas sobre a realidade da população brasileira para embasar políticas públicas.


O ANDES-SN também publicou, em conjunto com diversas entidades ligadas à ciência e à tecnologia, uma nota em que repudia “a atuação do governo federal contra as instâncias e protocolos de validação técnico-científica e de governança de programas de órgãos do Estado Brasileiro”. O documento refere-se tanto às mudanças no censo como a outras ataques que vem ocorrendo nas esferas educacionais e científicas do país. 


Assessoria ADUFPel

*com informações de ASSIBGE e campanha Em Defesa do Censo 2020. Imagem de ASSIGBE/SC

Veja Também

  • relacionada

    67° Conad do ANDES-SN teve início nesta sexta-feira (26) em Belo Horizonte

  • relacionada

    ANDES-SN lança campanha de combate ao racismo nas universidades, IFs e Cefets

  • relacionada

    Conheça algumas das mulheres negras que se destacaram na luta pela igualdade racial e pelo...

  • relacionada

    Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia de Tereza de Benguela...

  • relacionada

    Comunicado Consulta Informal Reitoria UFPel (Gestão 2025-2028)

  • relacionada

    Lei garante licença para mães e pais concluírem graduação e pós

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.