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COVID: Governo importa modelo europeu de cuidado que ignora a realidade dos brasileiros

As fragilidades da política do Ministério da Saúde no combate à pandemia


A política de isolamento social é fundamental no combate à pandemia de Coronavírus (COVID-19), mas a estratégia do Ministério da Saúde tem muitas fragilidades. Uma delas é ignorar a realidade econômica e social da população brasileira e importar um modelo europeu de cuidado, que deixa de lado questões como a desigualdade social e a pobreza do país.


É o que afirma Angela Moreira Vitória, 1ª vice-presidente da ADUFPel, médica de família em comunidade, mestre em epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutoranda em saúde coletiva na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A entrevista completa será divulgada no programa Viração do dia 13 de abril, às 13h30 na RádioCom 104.5FM e também como podcast.


“Desde o início da epidemia, a campanha é voltada para a classe média. Na imprensa, vemos entrevistas de famosos contando como é ficar em casa. E isso não dialoga com a população que vive em domicílios mais vulneráveis. É uma fragilidade da política de saúde que não olha para a atenção básica como um espaço que deve ser melhor cuidado”, diz. 


“Essa política tem fragilidades, não está olhando para a realidade da população brasileira e está importando um modelo europeu de cuidado. E esse modelo não pode ser adotado por várias parcelas da população. Aí não se controla a pandemia e não vai haver leitos de UTI suficientes”, completa Angela. 


Priorizar a atenção básica 

Para a docente, o Ministério da Saúde apresenta uma série de propostas adequadas, como o isolamento social, a ampliação de leitos de UTI e de enfermaria, e a estrutura de telemedicina nos municípios. Porém, há fragilidades quando se trata de garantir condições sanitárias, de higiene, além de informações para toda a população, especialmente os mais vulneráveis. 


“No SUS há uma organização que prevê Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) distribuídas por todo o território, e a população tem acesso ao serviço de saúde próximo de sua residência. O acesso à atenção básica de saúde atinge 70% da população, mas esse acesso precisa ser bem qualificado. E, ainda assim, há 30% que não são atingidos”, comenta Angela.


Segundo a professora, o Ministério da Saúde deveria dar mais importância justamente à atenção básica para que os brasileiros mais pobres sejam melhor atendidos no processo de combate à COVID-19. “A proposta do Ministério é frágil porque não dá orientações claras para o trabalho do agente comunitário de saúde, que pode ser feito, por exemplo, por WhatsApp, para informar cada família sobre os cuidados necessários ou como proceder quando alguém da família ficar doente, em que quarto ficar… Ir ajudando no processo de tomada de decisão de cada domicílio. Isso é super importante. Se isso acontecer, se todos os domicílios estiverem orientados e se planejando para evitar o contágio, a gente consegue achatar a curva”, completa. 

“Uma das tarefas dos serviços básicos de saúde é fazer abordagem familiar e comunitária. Olhar para cada família e fazer um plano. Olhar para a comunidade e ver como ela pode servir de base de apoio”, ressalta. 

Outro problema citado por Angela Moreira Vitória é, por exemplo, o protocolo de triagem de possíveis contagiados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que o processo seja feito em tendas montadas a céu aberto, e não dentro das UBS, como propõe o Ministério da Saúde. 


Política de Assistência Social também é necessária

“É necessário ter uma política de assistência social para enfrentar a pandemia. No Sistema Único de Assistência Social (SUAS) há a previsão de uma série de benefícios, como o aluguel social. Além de renda emergencial, do que mais a população precisa? Se não, o que vai acontecer quando a doença chegar a esses domicílios mais vulneráveis?”, questiona a docente da UFPel. 


Angela ressalta que foi divulgado, recentemente, um estudo de quantos leitos serão necessários em Pelotas se for mantido, ou não, o isolamento social, e a diferença é gritante. Se não tiver isolamento, serão necessários 255. Se houver isolamento, 150 leitos de UTI. “E temos muito menos. Não temos 80 completos. Precisamos que o cuidado seja mais qualificado do que está sendo feito hoje”, conclui a 1ª vice-presidente da ADUFPel. 


Assessoria ADUFPel. Imagens de ADUFPel, EBC e Radis.

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