Criação de novos cursos na UFPel: expansão x precarização
A ADUFPel-SSind,
desde muito, vem debatendo a questão da ampliação de vagas na universidade de
modo a dar vez e voz à classe trabalhadora, sobretudo àqueles e àquelas com
condições socioeconômicas de vulnerabilidade. Mas uma ampliação ordenada,
pensada a partir de uma grade curricular bem estruturada e com a garantia
mínima de infraestrutura, corpo técnico docente e administrativo e todas as
ações para ingresso e permanência estudantil.
Entretanto, há que se analisar a atual conjuntura para que
uma decisão sobre o tema não seja unilateral, sem o debate aprofundado em torno
da universidade que defendemos.
Vivemos um momento dramático em que a manutenção das
Universidades está em jogo, com os cortes de investimentos já anunciados pelo
governo, a suspensão de contratações via concurso público e a perspectiva de
redesenho do ensino público universitário a partir do projeto FUTURE-SE e da
recente PEC enviado ao Senado que prevê, inclusive, a redução da jornada de
trabalho e diminuição salarial.
O que se tem percebido é que a política de pessoal da
gestão se constitui através da retenção de vagas de aposentadoria (a cada três
aposentadorias, retornam duas vagas para a unidade) e a utilização destas vagas
para a criação de cursos novos sem infraestrutura necessária (uma sala de aula
é suficiente?), já precarizados quer pela infraestrutura acadêmica – salas de
aula, laboratórios, campos práticos, quer pela cuidadosa avaliação de pessoal,
em detrimento de investimentos em cursos ainda precarizados da UFPel.
E mais! Os meios de comunicação anunciam como certa uma
decisão que ainda não foi discutida nem pautada entre os diversos cursos e nem
entre os conselheiros que exercem REPRESENTAÇÃO nos conselhos superiores da
Universidade. Tal medida de criação de novos cursos é bem-vinda desde que
tratada com o conjunto de todas as unidades da UFPel, pois os impactos
negativos em relação às condições de trabalho e diminuição de vagas docentes
nos cursos já existentes são motivos de reflexão de toda a universidade e não
somente das unidades envolvidas.
Há que se pensar na expansão ordenada, com a garantia de
uma base sólida para estes pretensos novos cursos, considerando a necessidade
de garantia dos cursos já existentes, evitando e corrigindo os processos de
precarização do trabalho e preocupados com a redução da evasão, na medida em
que se garantam ações de acesso e permanência estudantil.
Nossa defesa parte do pressuposto do ensino público,
gratuito, laico, de qualidade e socialmente referenciado. Esta é a Universidade
que defendemos!
Diretoria ADUFPel-SSind