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Das zebras gordas à balbúrdia: como o desmonte da educação pública é explicado pelas declarações do ministro Weintraub

Desde que assumiu o comando do Ministério da Educação (MEC), em abril deste ano, Abraham Weintraub tem se notabilizado por declarações públicas espalhafatosas sobre a situação da educação pública brasileira e sobre os planos do governo para atacá-la e privatizá-la. No final de setembro, Weintraub chamou a atenção para si novamente, espalhando notícias falsas sobre os docentes federais de Ensino Superior e chamando-os de “zebras gordas”.

 

Dizendo que o MEC ‘gasta uma fortuna com um pequeno grupo de pessoas’, Weintraub atacou os docentes federais. “Eu tenho que ir atrás de onde está a zebra mais gorda: a federal, onde está o professor com dedicação exclusiva e dá só 8 horas de aula por semana e ganha de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês”, afirmou o ministro, durante o Fórum Nacional do Ensino Superior (Fnesp), em São Paulo (SP). Criado em 1999 pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), o Fnesp é o maior evento das empresas privadas de educação do continente.

 

A declaração de Weintraub, que é docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é baseada em uma série de premissas falsas. Os docentes que trabalham em regime de Dedicação Exclusiva (DE) dedicam à sala de aula mais de 8 horas semanais, e têm ainda uma série de outras tarefas a realizar, como orientação de estudantes, correção de provas e trabalho, preparação de aulas, projetos de pesquisa e extensão, participação em bancas, etc.

 

O comentário sobre os salários dos docentes também espalha mentiras: apenas professores doutores em regime de DE e com pelo menos 16 anos de carreira conseguem atingir tal patamar salarial. Somando o tempo mínimo de formação, um docente precisa estudar e trabalhar pelo menos por 27 anos para ganhar o salário de “zebra gorda” citado por Weintraub.

 

“Eu tenho que enfrentar este exército [de docentes federais]. Dentre outras coisas, doutrinação, metodologia de alfabetização totalmente errada”, citou ainda. O objetivo do ataque foi explicitado pelo ministro na mesma palestra. “Preciso do suporte das bases e das bancadas dos senhores para passar o Future-se e, assim, ter verbas para financiar o ensino privado”, apelou aos empresários da educação presentes no evento.  

 

O ANDES-SN divulgou nota de repúdio às declarações. Leia aqui.

 

Ministro compara Future-se à EBSERH

 

Em 23 de setembro, Abraham Weintraub elogiou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), classificando-a como um “caso de sucesso” por levar um modelo de gestão privada aos Hospitais Universitários federais. O ministro da educação concedeu entrevista ao jornal O Estado de São Paulo na qual afirmou que o Future-se segue o modelo da EBSERH por propor contratar docentes via Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

 

A EBSERH foi proposta em 2010, no último dia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas só foi aprovada no Congresso Nacional durante a gestão de Dilma Rousseff, em 2011. A lei, que foi amplamente repudiada pelos defensores da educação e saúde públicas, permitiu a transferência da administração dos HUs das universidades para a empresa de direito privado.

 

Nas dezenas de HUs que aderiram à EBSERH, no entanto, o caso não é de sucesso. Os tão prometidos aumentos de investimento não vieram e, em alguns casos, o orçamento dos hospitais chegou a diminuir. Em 2018, os trabalhadores da EBSERH em Pelotas deflagraram greve para lutar por reajustes salariais que ao menos repusessem a inflação.

 

O fim dos concursos públicos para contratação de docentes é justamente uma das críticas centrais da ADUFPel-SSind ao Future-se. O projeto também retira o caráter público das universidades federais e ataca a autonomia das instituições de ensino. Saiba mais no Especial Future-se.

 

Weintraub já ameaçou cortar orçamento de universidades por balbúrdia

 

Em abril, o ministro da educação se notabilizou por afirmar que o corte de orçamento da pasta afetaria de maneira distinta instituições de ensino, de acordo com a “promoção de balbúrdia”. Na ocasião, Weintraub citou que a Universidade de Brasília (UnB), a Federal Fluminense (UFF) e a Federal da Bahia (UFBA) teriam seus repasses de orçamento diminuídos por conta da balbúrdia.

 

Após a grande repercussão da fala, o ministro voltou atrás e afirmou que manteria o corte de orçamento, ampliando-o ao conjunto das instituições federais e descartando o critério de “promoção de balbúrdia”. Os cortes têm afetado a manutenção das atividades básicas das instituições de ensino, o pagamento de salários de trabalhadores terceirizados e o pagamento de bolsas de pesquisa, entre outros problemas.

 

Assessoria ADUFPel


Com informações de ANDES-SN, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo. Imagens de EBC e Assessoria ADUFPel.

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