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Notícia

Decisão do governo em não adiar o Enem aprofunda desigualdade social

Mesmo após pedidos para adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por conta dos impactos da pandemia de COVID-19, o Ministério da Educação irá manter a realização da prova neste ano. As inscrições começaram nesta segunda-feira (11).


O ministro da Educação, Abraham Weintraub, decidiu realizar a prova apesar das crises econômica e sanitária, de inúmeras incertezas decorrentes deste período de pandemia e da suspensão das aulas presenciais em todo o país por decretos estaduais e municipais. 


Pela primeira vez, os estudantes poderão optar entre prova presencial, que irá ocorrer em 1 e 8 de novembro, e prova digital, que acontecerá em 22 e 29 de novembro. A versão digital será realizada em locais determinados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) - órgão responsável pelo exame -, que deverão receber os computadores para aplicação. 


Riscos ao manter a data do Enem 

Diversos órgãos, entidades, escolas e instituições superiores de ensino pediram o adiamento da prova, alegando que a realização do exame, neste momento, desconsidera a realidade de estudantes pobres e contribui para o aprofundamento de desigualdades, já que nem todos possuem recursos e condições para manter os estudos em casa durante a paralisação das aulas. 


A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) solicitaram a suspensão do edital e afirmaram que o Ministério da Educação (MEC) e o Inep não demonstram "sensibilidade para o momento". Além disso, relatório elaborado por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que manter as provas do Enem em novembro deste ano pode prejudicar uma parcela dos estudantes. 


A desvantagem é grande para aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade social, que integram a rede pública de ensino e que estão afastados do ambiente escolar. Mesmo assim, Weintraub acusou a esquerda de agir para que o exame não aconteça e, em reunião com senadores, disse que o Enem não foi feito para corrigir injustiças. O governo de Jair Bolsonaro chegou a veicular uma campanha publicitária em rádio e TVs na qual diz que “a vida não pode parar” e pede que alunos continuem estudando de qualquer lugar e de diferentes formas. 


Não adiamento faz parte de um projeto de “extermínio”, avalia docente

Fabiane Tejada, docente do Centro de Artes da UFPel e membro do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) da ADUFPel-SSind, ressalta que o projeto apresentado pelo MEC para a educação superior é de “extermínio, de abrir mão dos recursos para financiar a educação pública, de desserviço à população”. A falta de políticas, segundo ela, aflige, principalmente, aqueles que têm perspectiva de ingressar na universidade e veem nela uma oportunidade de ascensão social. 


“É um absurdo esse não adiamento, neste contexto, para quem pensa em uma sociedade mais justa, mais humana, em um Estado onde as ações sejam republicanas, onde a gente possa esperar de qualquer governo que aja da melhor forma possível para que todos e todas tenham mínima condição de acessar algo proporcionado por uma política educacional”, afirma Fabiane. 


A professora salienta que esse é mais um ataque do governo federal, somado a outros tantos que nos atingem no momento em que estamos mais fragilizados. “Nós estamos sendo muito atacados porque sabem que a gente não pode estar na rua, que a nossa mobilidade diminuiu”. De acordo com ela, é por isso que todos devem manter-se fortes, unidos, dialogando e utilizando as redes sociais para enfrentar a situação e pensar em alternativas. 


“Não podemos deixar de lutar para que o Enem seja adiado. Estamos em várias frentes fazendo abaixo assinado e precisamos sermos porta-vozes desse adiamento em todas as frentes dentros das universidades, das escolas. Os servidores e a população em geral têm que pedir o adiamento para podermos aguardar passar o momento mais crítico no país, da pandemia, e depois nos reorganizarmos”. 


Índice de abstenção 

Em 2019, o Enem recebeu o menor número de inscrições desde o início da última década. Foram pouco mais de 5 milhões de alunos. Desse total, 23% (1,1 milhão) não compareceu às provas. Este ano, com as dificuldades enfrentadas pela população por conta da pandemia, há risco de o número de inscritos e a taxa de abstenção ser ainda maior.


Assessoria ADUFPel

Com informações de Inep, Exame e Brasil de Fato

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