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Notícia

Em ato estadual, dez mil pessoas protestam contra medidas do governo Eduardo Leite em Pelotas

Diversos servidores viajaram centenas de quilômetros para participar da mobilização


Cerca de dez mil pessoas participaram, em Pelotas, do ato estadual unificado dos servidores da educação do Rio Grande do Sul, que estão em greve desde o dia 18 de novembro contra o pacote de medidas do governo de Eduardo Leite (PSDB). A mobilização contou com o apoio de estudantes e diversas categorias de servidores estaduais e federais, entre eles os docentes da UFPel e do IFSul CaVG. 


O manifesto, organizado pelo Comando de Greve do CPERS-Sindicato, foi histórico para o município e durou cerca de quatro horas. O largo do Mercado Central ficou pequeno diante das milhares de pessoas que ocuparam o local com faixas e cartazes de protesto. Muitas, vieram em caravanas até Pelotas para participar do ato. “RS se levanta para salvar a educação pública” dizia um dos cartazes carregados durante a mobilização. Outros, também protestavam contra a reorganização curricular do Ensino Fundamental e Médio das escolas estaduais (Portaria 289/2019), que diminui a carga horária das disciplinas das escolas públicas. 


No local, foram realizadas falas de diretores do CPERS-Sindicato e de apoiadores, e entoados os primeiros gritos de protesto, que se estenderam, depois, pelo centro da cidade, em uma marcha. Em torno das 16h, começou a caminhada, cujo trajeto incluiu uma parada em frente à Escola Estadual de Ensino Fundamental Profª. Ondina Cunha, que corre o risco de fechar as portas em 2020. Foi dado um abraço simbólico à instituição. 


Segundo a professora de Sociologia, Carla Silva de Ávila, que trabalha nas escolas Monsenhor Queiroz e Santa Rita, a mobilização é uma resposta de todo funcionalismo público ao pacote neoliberal que o governador Eduardo Leite está apresentando. “É uma política de estado mínimo que vai afetar diretamente as nossas vidas, não só a questão do plano de carreira e a questão dos salários cancelados, mas agora, também, a Reforma do Ensino Médio. (...) Como professora negra não tem como não falar que a resistência é também herança da nossa gente.”

 

Silvana Torres, professora de Filosofia no Monsenhor Queiroz, História no Amilcar Gigante e Sociologia no José Bernardo de Souza, apontou para a relevância da realização de um ato unificado em Pelotas: “É muito importante essa mobilização aqui em Pelotas, na terra do governador, na terra que o governador diz ser a dele, mas que ele desrespeita à medida que desrespeita os professores da sua região, que desrespeita os professores do seu estado e a educação pública”. 


De acordo com ela, o projeto de desmonte da educação é um projeto do PSDB, que caminha rumo à elitização e à privatização da educação como um todo. “Quando se acaba com a escola pública, se tira o acesso do jovem à universidade e se nega às famílias mais pobres, aos filhos dos trabalhadores, esse acesso à educação que é o mais importante numa sociedade”. 


Greve histórica

A greve dos servidores da educação é considerada a maior dos últimos anos no estado. Segundo a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, até o momento possui a adesão de 2.257 escolas. Em Pelotas, a adesão das escolas está entre 70 e 75%. 


Helenir está há 33 anos no magistério e, segundo ela, é a maior greve que já presenciou.“Decidimos vir para Pelotas justamente por ser a cidade do governador, para fazer uma denúncia dos ataques que estamos sofrendo, e principalmente pela falta de palavra do governador, que se elegeu dizendo que pagaria os nossos salários em dia, e agora é o governador que mais atrasa os salários”. Ainda, a presidente destacou que a greve também é sobre “o projeto apresentado na assembleia legislativa que nos tira direitos e é um passo muito grande para a privatização da escola pública no estado do RS”. 


Os professores e funcionários de escola estão há cinco anos sem reajuste e recebem salário de forma parcelada há quatro. Além de lutar pelo pagamento em dia e de maneira integral dos salários, a categoria também deflagrou a greve para combater o Pacote de Reformas de Eduardo Leite.


O pacote, enviado pelo governo à Assembleia Legislativa, traz uma série de ataques ao serviço público gaúcho. Ele trata da reestruturação da Previdência e das carreiras do funcionalismo. Ao todo, são oito projetos que englobam uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei (PL) e seis projetos de lei complementar (PLC). Todos os projetos foram protocolados em regime de urgência, exceto a PEC. Por conta disso, devem ser votados em plenário em um prazo de 30 dias. A data prevista para ocorrer a votação é 17 de dezembro. 


Próximos passos

A greve têm se fortalecido nos últimos dias e, até a data de votação do pacote, o CPERS continuará buscando apoio junto às bancadas de deputados na Assembleia Legislativa para barrar o projeto. Até o momento, segundo Helenir, a maioria das bancadas já se posicionou contra. No dia 10 de dezembro, ocorre assembleia unificada de todos os trabalhadores estaduais em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. 


Durante o ato em Pelotas, os servidores também convidaram todos a participarem da marcha pela paz e contra a violência policial que ocorre em Pelotas nesta sexta-feira (6), às 20h. A caminhada silenciosa sairá do Mercado Central em direção ao Porto e tem como objetivo protestar contra a política de extermínio dos governos federal, estadual e municipal. 


ADUFPel-SSind presente

A mobilização contou com o apoio da ADUFPel-SSind, que esteve presente durante todo o ato e caminhou ao lado dos demais servidores carregando uma faixa “ADUFPel pela educação pública”.


“Nós saímos do ato com a alma lavada. Foi uma manifestação gigante e mostra que os trabalhadores da educação estão muito vivos e muito prontos para resistir a qualquer ataque que aponte para o fim da educação pública. Foi um ato chamado em função dos trabalhadores do estado, mas cuja repercussão atinge todos os níveis, tanto o próprio município de Pelotas quanto o nível federal. Então, nós não temos dúvida de que esse foi um grande passo para a construção da Greve Geral da educação que se anuncia em um período muito próximo”, afirmou a presidente da ADUFPel-SSind, Celeste Pereira. 


Em Assembleia Geral ocorrida no dia 27 de novembro, docentes da UFPel e do IFSul-CaVG, além de deliberar indicativo pelo estado de greve a partir do começo de 2020, também manifestaram apoio irrestrito à greve dos servidores públicos estaduais do setor da educação. Duas notas foram aprovadas pela categoria: uma de apoio à greve dos servidores estaduais e da escola pública e uma de repúdio à truculência do governo estadual na repressão aos servidores durante o ato do dia 26 de novembro, em Porto Alegre. 


Acesse aqui o panfleto sobre os motivos do estado de greve docente da UFPel. 


Acesse o álbum de fotos aqui



Assessoria ADUFPel

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