ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Em live da ADUFPel, docentes debatem saúde e educação públicas diante da pandemia de COVID-19

No final da tarde desta terça-feira (28), a ADUFPel realizou a sua primeira live, transmitida pelo Facebook, sobre o tema “COVID-19, saúde e educação pública”. A atividade, que teve a participação da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande (APROFURG), buscou ampliar o debate sobre conjuntura durante o avanço da pandemia e seus impactos aos trabalhadores e à saúde e à educação públicas, além de fortalecer a luta e a parceria das entidades que vêm trabalhando em conjunto em várias frentes.

O debate foi mediado pelo jornalista da entidade, Mathias Rodrigues, e contou com a participação de Celeste Pereira, presidente da ADUFPel, e Cristiano Engelke, presidente da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande (APROFURG), que falaram por 1h e 8 minutos. Após 30 minutos de exposições iniciais, os espectadores puderam participar enviando perguntas. 


Vida x economia 

A presidente da ADUFPel deu início à discussão abordando a conjuntura de uma forma geral e o modo de organização social, política e econômica que coloca o lucro acima da vida. Segundo a docente, a sociedade sobrevive em meio a um sistema em que o capital é a “mola mestre” que, mesmo durante um momento tão dramático como este que estamos vivendo, não se sensibiliza e permanece explorando mesmo que isso custe a vida da população. 


Cristiano Engelke também posicionou-se criticamente sobre o assunto. Para ele, o país já vinha passando por uma crise econômica gravíssima, e o coronavírus, de certa forma, veio para isentar o governo de uma crise econômica em que já estávamos. E, segundo ele, “temos que, urgentemente, sair desse discurso falso e falacioso de que temos que escolher entre vida e economia”. Conforme explicou o professor, o que deve ser defendida é uma vida com qualidade em que a economia funciona e gere bem-estar e uma divisão igualitária de recursos para a sociedade. “Não faz nenhum sentido defender a economia se não tiver vida”, afirmou. 


Em um processo de busca pelo lucro e de exaustão do capital, que vinha ocorrendo antes da pandemia, entram na mira da exploração a saúde e a educação, conforme apontou Celeste. “As empresas privadas, que enxergam na educação um espaço de venda de produto, estão fazendo mil e esforços para colocar no mercado produtos e estratégias para que possam estar ganhando mais com isso”.


Ensino à Distância

Nesse sentido, Celeste citou o Ensino à Distância como um dos dilemas atuais e que integra a tentativa de mercantilização da educação. O tema vem sendo debatido na UFPel e tem gerado preocupação entre os docentes. A presidente da ADUFPel ressalta que o ensino em si não pode se dar à distância “porque a educação não é só a transmissão de conhecimento, ela parte de um processo formativo que necessita de integração”. 


Em sua compreensão, o ensino à distância não é uma forma capaz de formar cidadãos para intervir na sociedade. “O ensino à distância pode ser utilizado como método mas não o processo formativo em si”, explicou. A docente ainda alertou que enquanto uma parcela significativa da população que não tiver acesso a computadores, celulares e internet, não há possibilidade de implementar esse modelo no país. 


Cristiano salientou que a APROFURG também coloca-se frontalmente contrária a essa perspectiva de EaD. Conforme o docente, o que é proposto “é um arremedo de Ensino à Distância e é muito temeroso que se utilize e isso como regra e que isso possa persistir em um momento pós COVID-19”. 


Importância da defesa do SUS e das universidades públicas

Tanto Celeste quanto Cristiano destacaram que estamos vivenciando um momento grave e de caos em que se evidencia, no Brasil, a importância das universidades públicas e do Sistema Único de Saúde (SUS). “Se não ficar claro para a sociedade a importância de um planejamento de saúde pública neste momento, quem não entender isso agora não entende mais”, disse Cristiano. 


Engelke enfatizou que o problema da pandemia torna-se ainda maior por estarmos o enfrentando com um governo negacionista e que se coloca praticamente contra o combate, ao posicionar-se contra o isolamento social. “Soma-se a isso, uma lógica fascista de parcela da sociedade que apoia as medidas do governo. Há alguns setores da sociedade que não compreendem a gravidade da situação da pandemia e a gravidade da situação da saúde pública em nosso país, que acarreta outros problemas como a questão econômica”. 


Ambos também citaram o trabalho que tem sido desenvolvido pelas instituições federais de ensino no desenvolvimento de pesquisa e tecnologia, que têm dado suporte à produção de equipamentos e materiais fundamentais, dos quais o Estado não tem dado conta, assim como na descoberta do genoma do vírus. 


“Tudo isso mostra a importância do Sistema Único de Saúde e da educação pública básica, da educação pública superior e como um todo. A educação pública que vem sendo tão atacada há tempos, mas, principalmente, nesse governo”, afirmou Cristiano. 


Ataques ao funcionalismo público

Os docentes também abordaram os sucessivos ataques e retirada de direitos dos trabalhadores públicos. Celeste destacou a mais nova medida do governo, definida durante a pandemia, de congelamento dos salários dos servidores por um ano e meio como contrapartida dos governos locais para receber o auxílio financeiro.


“A gente vem tendo uma série de direitos retirados e agora, nesse momento, em que as pessoas mais estão precisando, de ter um alento mínimo, elas estão de novo com a faca no pescoço e o risco do seu salário ser reduzido em até 25% por um período de um ano e meio”, enfatizou Celeste. 

Para Cristiano, os ataques ao funcionalismo não irão cessar e questiona: “Imagina lidar com essa situação de pandemia se não tiverem servidores de servidores públicos atuando em todo o país nas esferas municipais estaduais e federais? (...) Os ataques ao funcionalismo público seguem independentemente do que acontecer ou não em relação ao coronavírus”. 


A pandemia e os mais pobres

Para os debatedores, onde a COVID-19 atacará de forma mais brutal é na parcela da população mais pobre, que carece de saneamento, emprego, renda e diversas outras coisas que as colocam em uma situação de vulnerabilidade. Por isso, veem como problemático o afrouxamento do isolamento social. 


“O vírus não atinge todas as classes sociais da mesma forma. Existe o recorte de gênero e de raça durante a pandemia. As mulheres ficam mais vulneráveis e há dados que demonstram aumento da violência contra a mulher durante a anemia. Nos Estados Unidos, a população negra e latina foi muito mais atingida do que a população branca”, disse Engelke. 


Para Pereira, a situação das comunidades pobre também é extremamente preocupante. “Em Pelotas, nós temos pelo menos 30 mil domicílios que não têm condições sanitárias mínimas. Multiplica por um número de 4 ou 5 pessoas por domicílio, que às vezes não tem sanitário não tem água encanada. São situações muito dramáticas. Nós temos ainda um agravante que é o inverno chegando e que aumenta muito ainda o contingente de doenças respiratórias e como nós não temos a possibilidade de bancar teste de Diagnóstico para todo mundo”. 


O mundo pós COVID-19

Ambos ainda reforçaram que a vida não voltará a ser como antes, mas esperam que as pessoas passem a compreender a importância e o papel das instituições públicas de ensino e do SUS para a sociedade. “Eu não consigo entender que o que a gente tinha antes era um estado de normalidade. Pelo menos não a normalidade desejada por nós porque, em uma sociedade de classes com essa disputa que existe e com essa concentração de renda na mão de 6 ou 7, não dá para chamar isso de um estado normal das coisas e não é o estado normal que a gente defende e tão pouco não é para onde a gente quer voltar”, avaliou Celeste. 


Cristiano afirmou que esse momento irá servir para refletirmos sobre o modelo que nós temos vigente até então, de diminuição do Estado e de entregá-lo para o mercado financeiro, ou se iremos perceber que temos um estado forte e presente para construí-lo de forma democrática, coletiva e com solidariedade. 


“É lamentável e preocupante o que temos pela frente. Em um momento em que as pessoas em muitas cidades do Brasil aumentam o movimento nas ruas e deixam de fazer o isolamento isso é muito preocupante”, disse o presidente da APROFURG, que concluiu otimista: “Que a gente possa organizar a nossa luta de uma forma positiva e alegre, avançar de fato e sair com um mínimo possível de dano dessa crise”. 


Para a presidente da ADUFPel, a luta que teremos pela frente será muito dura, mas que poderá ser superada assim como os demais momentos difíceis que já foram enfrentados anteriormente. “Nós vamos conseguir superar isso com a união dos trabalhadores. (...) Há de chegar a hora em que, de fato, a gente vai poder assumir na mão o nosso futuro. Eu acredito nisso, eu luto por isso e acho que os sindicatos têm um papel fundamental nesse sentido, e junto com os demais movimentos sociais, irão ajudar a classe trabalhadora a se organizar para vencer mais essa porque eu acredito que a gente vai vencer”. 


A live completa pode ser acessada em nossa página no Facebook ou em nossa conta no YouTube


Assessoria ADUFPel

Veja Também

  • relacionada

    Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia de Tereza de Benguela...

  • relacionada

    Comunicado Consulta Informal Reitoria UFPel (Gestão 2025-2028)

  • relacionada

    Lei garante licença para mães e pais concluírem graduação e pós

  • relacionada

    67º Conad começa na próxima sexta-feira (26)

  • relacionada

    Regional RS do ANDES-SN abre inscrições para o XXV Encontro que ocorre em agosto

  • relacionada

    Brasil teve 208 indígenas assassinados em 2023, diz relatório do Cimi

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.