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Notícia

Em Pelotas, entidades e coletivos realizam atividades relativas ao 8 de março

Ontem, dia 8 de março, ocorreu a primeira etapa do evento “Mulheres em Defesa da Vida – 8 de março é dia de luta”. A programação do dia envolveu uma série de atividades: concentração e ensaio da bateria, entrega de carta de reivindicações à vice-prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, e à diretora de Políticas para as Mulheres, Daiane Dias, marcha pelo centro da cidade e ato no largo do Mercado Público, onde ocorria audiência pública chamada pelo Legislativo. A ADUFPel-SSind, que integra a construção da programação, esteve presente no dia, representada pelas diretoras Celeste Pereira, Daniela Hoffmann e Ana Oliveira e pelo diretor Giovanni Frizzo.

 

A Entrega da carta

A carta de reivindicações elaborada pelas 16 entidades e coletivos envolvidos na organização do evento “Mulheres em Defesa da Vida – 8 de março é dia de luta” foi entregue às 15h, na sala de reuniões da Prefeitura de Pelotas. Roberta Mello, em nome do grupo, explanou sobre o evento e carta à Mascarenhas e Dias. “É notável que no ano passado o movimento de mulheres teve uma ascensão bem grande no país e queremos pontuar que em 2016 seguimos na luta contra o machismo, contra a violência e não nos silenciando frente a algumas pautas que achamos importante estar cobrando e dialogando com o poder municipal”, salientou. Mello também afirmou a relevância da organização de mulheres das 16 entidades e coletivos participantes do evento na construção de uma programação unificada e leu, por fim, a síntese das reivindicações, que são:

1.    Fortalecimento e/ou abertura de escolas de Educação Infantil 100% públicas e gratuitas, com vagas em número suficiente para atender à demanda das mulheres que necessitam deslocar-se para o trabalho e não têm onde deixar seus filhos.

2.    Garantias de que o ensino básico do município seja de competência exclusiva do Executivo municipal;

3.    Fortalecimento das unidades de atendimento de saúde, com investimentos públicos diretos e gestão transparente;

4.    A universalização da coleta e tratamento do esgoto, do acesso a água tratada e da coleta do lixo;

5.    Suspensão do projeto de concessão do SANEP e fortalecimento da autarquia;

6.    Mais investimentos públicos e diretos nas áreas de educação, saúde e assistência social, bem como a valorização de seus profissionais;

7.    Garantia à população que vive em situação de insegurança alimentar de três refeições diárias, além do tratamento e prevenção do crescente alto índice de obesidade;

8.    Respeito à produção de alimentos de qualidade, priorizando o cultivo de alimentos locais, produzidos de forma agroecológicas (sem o uso de agrotóxico), por pequenos agricultores, incentivando com isso a agricultura familiar;

9.    Maior autonomia na produção de alimento, onde a população possa escolher o que deseja produzir, de que forma, assim como o que querem fazer desta produção;

10. Criação do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Pelotas (COMSEA).

11. Solicitação ao Estado do Rio Grande do Sul pela a administração municipal de Pelotas da Patrulha Maria da Penha, aumento do número de policiais que trabalham na Delegacia de Polícia para a Mulher, intérprete de libras para a Delegacia, bem como plantão 24 horas.

 

A vice-prefeita afirmou que o contexto de crise afeta muito os municípios, devido à distribuição tributária entre União, Estado e Município. “Inevitavelmente, quem vai pagar essa conta [da crise] é o povo brasileiro e aliás, já está pagando”, salientou. Mascarenhas também defendeu o modelo de Parcerias Público-Privadas (PPPs) em voga no Brasil e no município de Pelotas, citando o exemplo do Sanep, ao que chamou de “modernização”.  A argumentação foi contestada por Rosemeri Santos, representante do Simsapel e do Comitê em Defesa da Água Pública, citando exemplo da França, que depois de mais de 20 anos de PPP está voltando a municipalizar o saneamento porque a população ficou insatisfeita com o serviço prestado através da parceria.

A presidente da ADUFPel-SSind, Celeste Pereira repassou às e aos presentes o ocorrido na reunião com o Executivo “Essa pauta (da privatização dos serviços de saneamento) não tem como avançar aqui pela perspectiva do movimento social e sindical. A posição do Executivo é, claramente, em defesa das PPP. A vice-prefeita comprometeu-se em dar uma resposta formal sobre o documento. Enfim, foi essa a nossa conversa”. Em seguida, como sequência das atividades, seguimos em marcha pelo centro da cidade.

 

A Marcha

A marcha teve início às 16h, saindo da frente da Prefeitura, onde a bateria e manifestantes já estavam posicionadas/os. Em frente ao Sanep, houve manifestação com músicas elaboradas pelas feministas. “Prefeito veio quente, nós já tá fervendo/Quer privatizar, não tô entendendo/Mexeu com nosso esgoto você vai sair perdendo/Nossa água não é mercadoria/Nosso esgoto não é mercadoria/O povo não é bobo, já tá te manjando/Diz que é pouco tempo, mas são 35 anos”, dizia uma delas. A marcha das mulheres também passou pelo Café Aquários, Esquina Democrática (chafariz da Sete de Setembro), rua Floriano Peixoto e Mercado Público. Na Floriano, em frente ao local do feminicídio de Caroline Ramires, ocorrido em dezembro passado, houve uma intervenção com falas e leitura de poesia.

“Só para reafirmar, existem muitos dados de violência, muitos dados de feminicídio, a Caroline foi mais uma dessas vítimas, a Jaine também. Então a gente precisa entender que a cada uma hora e meia uma mulher é assassinada no Brasil. Existem dados que mostram como é gritante a violência que as mulheres estão sofrendo e nós estamos aqui na rua para denunciar isso”, afirmou Daniele Rehling, representante do Rua. Édna da Rocha, vinculada ao coletido Lélia Gonzalez, complementou: “queria falar que estamos aqui nesse espaço simbólico, não somente porque uma mulher foi morta, mas porque uma mulher negra foi morta. Os dados do Mapa da Violência mostram que, em 12 anos, o número de mulheres negras que são mortas aumentou. E essas mulheres negras não estão sendo violentadas somente com a violência física, quando um homem lhes tira a vida, mas essas mulheres negras estão sendo violentadas quando elas não tem o direito – e mínimo – de estar aqui. Então eu acho que eu e algumas mulheres negras que estão aqui, estamos para lutar pela vida dessas mulheres e para que elas possam estar em outros espaços, além daqueles que já nos são garantidos e que,  infelizmente, por muitos e muitos anos desde a escravidão, nos foram cerceados”.

Após a intervenção, a marcha deslocou-se para o largo Mercado Público, onde ocorria a audiência pública com presença de membros do Legislativo e Executivo municipal. Lá, as e os manifestantes realizaram uma roda de cantos feministas e finalizaram a programação do dia.

 

Truculência da Brigada Militar

Quando a marcha se preparava para fazer uma pausa na Esquina Democrática, foi surpreendida por uma ação da Brigada Militar (BM). A BM aproveitou-se do fato de que uma das manifestantes estava concedendo entrevista e a abordou de forma truculenta, afirmando que era a responsável pelo grupo todo.

A ação da Brigada, no entanto, não começou nem terminou ali. Houve mais abordagens agressivas enquanto a passeata passava pela Félix da Cunha e no calçadão, com ironias por parte dos policiais, os quais, quando se dirigiam a mulheres, tentavam também contato físico com elas. Enquanto as ações ocorriam, militantes cantavam: “Ela é injusta, ela é racista/Ela mata, ela é a polícia/É militar, do exército ou civil”. Mas nem mesmo a ação violenta da Brigada Militar desarticulou a mobilização. Pelo contrário, reafirmou a necessidade da articulação das mulheres contra o machismo, inclusive o machismo que ocorre dentro e nas práticas das instituições. 

 

A luta segue

A organização das mulheres de diversas frentes demonstra a força de um movimento feminista que cresce e tenta, através do aprendizado e do diálogo, englobar os diversos feminismos. As ações conjuntas são espaços onde as militantes crescem como agentes dos seus respectivos coletivos e entidades e como mulheres. Ainda, nas ações conjuntas que ocorrem no espaço público, entram em contato com diversas esferas da sociedade, tendo a oportunidade de conversar e informar a sociedade civil sobre o que é o feminismo e realizar ações de troca de experiências. Por estas e outras razões, foi considerado como extremamente positivo o saldo da luta do dia 8 de março, institucionalizado como Dia Internacional da Mulher. Mas a luta não para por aí. Dando seguimento à programação, no dia 12 de março, próximo sábado, acontece uma roda de conversa na Esplanada do Artista, em frente ao Sete de Abril. A atividade contará com debates sobre a situação política nacional e internacional sob o viés da mulher e com intervenções artísticas. Todas e todos estão convidadas/os a integrar o evento, que começa às 15h.

 

Assessoria ADUFPel

 

Fotos: Assessoria ADUFPel

 

 

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