ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Enquanto lucro dos bancos bate recorde, pobreza extrema aumenta no Brasil

noticia

Charge: Márcio Baraldi

Ao mesmo tempo que a pobreza extrema no Brasil aumenta e atinge números alarmantes, o lucro dos bancos cresce e alcança o maior percentual acumulado em 12 meses desde março de 2012. No período entre julho de 2018 e junho de 2019, o lucro foi de R$ 109 bilhões, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC), que integram o Relatório de Estabilidade Financeira. 


As instituições financeiras registraram um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 15,8%, constituindo-se como o maior lucro nominal - sem considerar a inflação - em 25 anos, desde o lançamento do Plano Real, em 1994. O resultado é 18,4% superior ao lucro de R$ 92 bilhões registrado entre julho de 2017 e junho de 2018, e maior do que países como Turquia (14,2%), China (13,2%), Austrália (12,9%), Rússia (11,1%), Reino Unido (7,5%), Japão (7,3%) e França (6,5%), de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O ROE é um dos principais indicadores de rentabilidade de uma empresa e de capacidade de geração de valor. 


O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) é uma publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) que apresenta panorama da evolução recente e perspectivas para a estabilidade financeira no Brasil, com foco nos principais riscos e na resiliência do Sistema Financeiro Nacional (SFN), bem como comunica a visão do Comitê de Estabilidade

Financeira (Comef) sobre a política e as medidas para preservação da estabilidade financeira.


Pobreza aumenta 

Enquanto os bancos lucram, a pobreza extrema aumenta, a economia do país está estagnada, o desemprego cresce e o governo federal corta verbas para a saúde e educação. A população é quem paga a conta e sofre as consequências das medidas impostas, tendo seus direitos retirados quase que diariamente. 


A miséria extrema no país atinge 13,2 milhões de brasileiros, de acordo com dados do Cadastro Único do Ministério da Cidadania. Nos últimos sete anos, mais de 500 mil pessoas entraram em situação de miséria e o Nordeste tem as maiores taxas a cada 100 mil habitantes: Piauí (14,087), Maranhão (13,861) e Paraíba (13,106). 


Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tirou o Brasil do Mapa da Fome, porém, teme-se que o país volte a fazer parte do grupo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2016 e 2017, a pobreza no Brasil passou de 25,7% para 26,5% da população. O número dos extremamente pobres, aqueles que vivem com menos de R$ 140 mensais, saltou, no período, de 6,6% para 7,4% dos brasileiros.


Lucro dos bancos tem relação com três elementos, afirma professor da UFPel

“Os bancos brasileiros ano após ano batem o recorde de lucratividade. É o sistema bancário provavelmente mais lucrativo do mundo”, afirma o professor de Economia do curso de Relações Internacionais da UFPel, Antônio Cruz. Segundo o docente, essa situação tem relação com três elementos: o elevadíssimo índice de concentração bancária, a financeirização da riqueza e a simbiose que existe entre Estado e capital financeiro, que são responsáveis por garantir o “espetacular desempenho do sistema financeiro”.


Ao apontar para esses elementos, Cruz ressalta que 85% do mercado financeiro brasileiro está nas mãos de apenas cinco bancos, dos quais dois são públicos e três privados, utilizando-se de dados do Banco Central. “De modo geral, nos países desenvolvidos os bancos são locais, são bancos de uma cidade e de uma determinada região. É muito raro ter bancos de espectro nacional em países desenvolvidos e menos ainda em países com 200 milhões de habitantes, como é o caso do Brasil”. 


Sobre a financeirização da riqueza, o docente explica que este é um processo global que tem a ver com a concentração do capital e que transforma o capital financeiro no centro de toda a acumulação capitalista. E, ainda, destaca o vínculo entre Estado e capital financeiro, no qual estados nacionais e governos federais, de todo o mundo, operam em uma relação muito estreita com capital financeiro. De acordo ele, “esses governos se financiam a partir de recursos disponibilizados pelo sistema bancário e, em contrapartida, garantem ao sistema bancário, especialmente no Brasil, um elevadíssimo retorno financeiro com o pagamento de taxas de juros bastante significativas em relação às taxas de lucro praticadas em outros ramos da economia capitalista”. 


O professor também salienta que os bancos são um dos dois maiores credores da dívida pública brasileira, junto aos fundos de investimentos e pensão. Isso tem como resultado a manutenção da desigualdade social, na qual apenas 1% mais rico da população brasileira tem, somado, o dobro da renda dos 50% mais pobres. “Um por cento mais rico da população brasileira detém cerca de 22% da renda nacional, enquanto 50% mais pobre detém aproximadamente 12% da renda nacional. Isso evidentemente tem a ver, também, com o funcionamento desse sistema financeiro, desse sistema bancário”, declara.  


Assessoria ADUFPel

* Com informações de Banco Central e Correio Braziliense.


Veja Também

  • relacionada

    ANDES-SN lança campanha de combate ao racismo nas universidades, IFs e Cefets

  • relacionada

    Conheça algumas das mulheres negras que se destacaram na luta pela igualdade racial e pelo...

  • relacionada

    Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia de Tereza de Benguela...

  • relacionada

    Comunicado Consulta Informal Reitoria UFPel (Gestão 2025-2028)

  • relacionada

    Lei garante licença para mães e pais concluírem graduação e pós

  • relacionada

    67º Conad começa na próxima sexta-feira (26)

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.