Estudantes da Uece são atropelados em manifestação contra cortes na Educação
Dois estudantes foram feridos na
manhã desta quinta-feira (9) durante um protesto em frente à Universidade
Estadual do Ceará (Uece), em Fortaleza, contra o recente anúncio de cortes de
R$ 790 milhões no orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), que afetam, entre outras, as bolsas do Programa de
Incitação à Docência (Pibid) e também contra a redução nas bolsas do Programa
de Assistência Estudantil (Praes) na Uece.
Os estudantes organizaram um ato
em frente ao Campus Itaperi da Uece e bloquearam a avenida em frente à
universidade. Durante a manifestação, na qual os estudantes dialogavam com a
população no local, explicando a pauta do protesto, um motorista atravessou a
barreira e atropelou dois alunos. De
acordo com o 2º vice-presidente do ANDES-SN, Epitácio Macário Moura, presente
no ato, os estudantes feridos foram socorridos pelo Samu e encaminhados a
hospitais da cidade.
Larissa Caúla, representante do
Centro Acadêmico (CA) de Ciências Sociais da Uece – uma das entidades que
convocou o ato -, disse que os manifestantes fecharam a via em frente à Uece e
explicaram à população que a ação duraria apenas alguns minutos. “Um motorista
enfurecido simplesmente arrancou o carro e atropelou dois estudantes”, contou. O motorista fugiu depois o atropelamento.
Segundo ela, após o ocorrido, os
presentes, ainda em choque, desocuparam a via, e permaneceram em frente à
instituição. “Isso nos abala enquanto estudantes, mas vamos transformar nosso
abalo em luta. Estamos conversando para dar todo apoio à família dos estudantes
que foram feridos”, explicou.
Cortes na Educação
Dos cortes anunciados pelo
governo federal na verba destinada à educação pública, mais de R$ 9,4 bilhões
no orçamento do Ministério da Educação, o montante de R$ 790 milhões seria
retirado de programas atendidos pela Capes, entre eles o Pibid.
A representante do CA de Ciências
Sociais contou que, na Uece, entre os campi na capital e no interior do estado,
são 1024 bolsistas atendidos pelo programa. “A manifestação era contra os
cortes que estão ocorrendo na educação, principalmente as bolsas do Pibid,
Programa de Iniciação à Docência que leva os estudantes de dentro da
universidade para a escola pública no sentido de fortalecer a relação
universidade pública e escola pública, e as bolsas da Praes “, explicou.
De acordo com Larissa, os cortes
foram anunciados, mas ainda não foi definido quantos estudantes serão afetados
e a manifestação foi no sentido de tentar reverter os cortes antes que eles
aconteçam e inviabilizem as atividades do Programa.
Outro ataque aos estudantes da
Uece, por conta do ajuste fiscal, foi nas bolsas de assistência estudantil.
Durante a greve realizada em 2014, que unificou os três segmentos da comunidade
acadêmica, os estudantes conquistaram manutenção da ampliação dos recursos
destinados ao Praes, com a duplicação do valor das bolsas e do número de
pessoas atendidas.
“A universidade sofreu uma
redução de 20% das suas verbas e a reitoria já anunciou também que as bolsas da
Prae vão ser atingidas, entre outros cortes. O slogan do governo ‘Pátria
Educadora’ realmente é uma contradição, porque sabemos que a educação é a área
que mais está sofrendo com os cortes”, comentou Larissa.
O diretor do ANDES-SN lembra que
no acordo firmado com a reitoria para a suspensão da greve em 2014, havia o
compromisso de continuidade dos repasses na ordem de R$ 10 milhões,
conquistados na greve de 2013, para bolsas estudantis das bolsas.
“O fundamental dessa mobilização
é que os estudantes estão se rebelando contra os cortes que atingem cerca de
75% de verbas e bolsas aqui da nossa universidade”, ressaltou Macário.
Luta em defesa da Educação
Durante a semana, diversas
manifestações ocorreram por todo o país contra os cortes e por mais
investimentos na educação pública. Em
Brasília, mais de três mil Docentes, técnicos e estudantes participaram da
Caravana em Defesa da Educação Pública, na terça-feira (7), organizada pelo
ANDES-SN, Fasubra, Sinasefe, Anel, Oposição de Esquerda da Une e Fenet –
entidades representantes dos três segmentos.
Os manifestantes se reuniram em
frente ao Museu da República marcharam até o Ministério da Educação, para exigir
uma audiência do ministro Renato Janine e cobrar a reversão dos cortes no
orçamento da Educação Federal e mais investimentos na área. Leia mais aqui.
*Imagens 1 e 2: Diário do
Nordeste
Fonte: ANDES-SN