Estudantes ocuparam, na terça-feira (31), o prédio das pró-reitorias da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O movimento posiciona-se contrário à precarização do ensino público e reivindica assistência estudantil satisfatória, que garanta a permanência dos discentes na Universidade.

Na manhã do mesmo dia, houve reunião com a reitoria e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) da FURG, que se negaram a atender a qualquer demanda levantada pela Comissão de Assistência Estudantil. Pela tarde, foi realizado um ato pelos estudantes, tendo como pauta ampliação da assistência estudantil e educação pública, de qualidade e popular. Após a manifestação, que contou com a presença de cerca de 200 pessoas, houve assembleia dos discentes, que deliberaram pela ocupação do prédio.

Assistência estudantil é insuficiente
A principal motivação para a mobilização é a deficiência dos auxílios estudantis oferecidos pela Universidade. Em nota divulgada na página do Facebook da Frente de Lutas Contra a Precarização da Universidade - FURG, os estudantes criticam o contingenciamento realizado pelo governo federal, em especial os cortes de mais de R$ 20 bilhões no setor da educação, que atingiu as políticas de permanência de estudantes de baixa renda nas instituições de ensino. A adoção destas medidas, na FURG, tiveram como resultado o indeferimento de quase dois mil pedidos de bolsa permanência, o aumento da burocracia institucional, que acarretou no atraso da abertura do segundo Restaurante Universitário (RU), e na insuficiência de vagas e falta de manutenção das moradias estudantis.

Reivindicações

As reivindicações englobam a definição de um prazo para a construção das Casas do Estudante Universitário (CEUs) III e IV, café da manhã para todos, reforma do hotel de trânsito (alojamento provisório), creche universitária, construção de passarela coberta no RU, prestação de contas da FURG de forma transparente e detalhamento dos dados referentes a assistência, entre outras.

Atividades durante a ocupação

Somando-se à luta dos estudantes, os Centros e Diretórios Acadêmicos dos cursos de Artes Visuais, História, Direito e Psicologia organizaram uma mesa de debate sobre precarização da educação na tarde de ontem (1°). A atividade aconteceu em apoio à campanha pela permanência e por mais assistência estudantil, que a Frente de Lutas Contra a Precarização da Universidade vem realizando.

O diretor da ADUFPel-SSind, Giovanni Frizzo, que participou da mesa como palestrante, manifesta preocupação com a situação da comunidade acadêmica frente ao contingenciamento. “Os cortes no orçamento das universidades públicas têm ocasionado diversos problemas e intensificado a precarização do trabalho e ensino. Os estudantes sofrem ainda mais com a precarização quando não têm condições de permanência garantidas. Na FURG foram 1700 indeferimentos de pedidos de assistência estudantil, ou seja, este contingente de estudantes não terá nenhuma garantia de permanência por parte da instituição para estudar”, pontua.

Na programação de ontem, houve ainda debate sobre o movimento de ocupação nas escolas estaduais, com presença de professores estaduais em greve e estudantes secundaristas. As atividades seguem na ocupação da FURG. Hoje, às 16h, haverá debate sobre a situação das mães na universidade e a luta por creche e moradia familiar.

A luta não é de agora

No ano passado, também em maio, a FURG foi ocupada por oito dias pelos estudantes. A vitória do movimento havia sido a garantia, por parte da reitoria, do atendimento de demandas como café da manhã para todos, aumento no valor do rancho dos residentes da CEU e entrega das duas novas moradias em um ano. Entretanto, houve descumprimento do acordo por parte da administração superior da Universidade.

Assessoria ADUFPel

*Com Informações de Frente de Lutas Contra a Precarização da Universidade - FURG.

Foto: Frente de Lutas Contra a Precarização da Universidade - FURG