Estudantes reivindicam acessibilidade na Faculdade de Medicina
Estudantes
dos cursos de Psicologia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de
Pelotas (UFPel) ocuparam a entrada do prédio do Colegiado da Faculdade de Medicina
(Famed) na quinta-feira (23). Entre as reivindicações estão: acessibilidade,
infraestrutura e horário de funcionamento da biblioteca. A mobilização deste
dia foi simbólica para mostrar ao Colegiado que os estudantes estão organizados
para exigir respostas à burocracia imposta pela Universidade.
No início do ano, estudantes haviam sofrido ataques deslegitimando a mobilização. Segundo a estudante de Psicologia Laís Campo, “a gente fez um outro ato no início do semestre passado no primeiro dia de aula e colocamos umas barracas dentro do Colegiado simbolizando que a gente ainda não tem a Clínica e a falta de salas para os Centros Acadêmicos. Nossas barracas foram retiradas na época sem nosso consentimento, sem nos perguntarem, praticamente foram furtadas, e nos foi dito depois que aqui não é nosso lugar de protestar”.
A
pauta principal, motivadora de mais um ato, é a de acessibilidade. “Esse prédio aqui não tem mais estacionamento especial e acessibilidade.
Normalmente, para eu poder acessar o Colegiado, eu peço para um colega me
ajudar, através de um favor, ou então é uma dificuldade para eu subir sozinho
pelo problema de osteoartrose que eu tenho no joelho. Quando chove é pior. A
escada não tem antiderrapante e o corrimão é cheio de limo e não tem como se
apoiar. No meu caso, para subir e descer as escadas eu me apoio em muletas e a
dificuldade é bem maior”, conta o estudante de Terapia Ocupacional Roberto
Brod.
Para
a estudante de Psicologia Alexia Juliane Iahnke Steim, que é cadeirante, a
dificuldade vem sendo enfrentada há dois anos, desde que ingressou na Universidade.
“Para acessar o prédio eu só consigo subir de bengala, com dificuldade, mas
quem não tem mobilidade nas pernas não consegue”, relata a estudante. Ainda que
tente argumentar com os órgãos e pessoas responsáveis pela resolução dessa
situação, nada é feito. Segundo a estudante de Psicologia Mariana Junges, o
pró-reitor de Desenvolvimento e Planejamento, Luiz Osório dos Santos, alega que
uma rampa é esteticamente feia e a estudante acrescenta, “ele
foge da responsabilidade praticamente com todas as questões que a gente
apresenta”.
Segundo as
estudantes, o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) alega não poder mexer
na estrutura porque o prédio é histórico. No entanto, na Faculdade de Direito
há uma rampa de alumínio adicionada na frente do prédio para facilitar o acesso
de pessoas com debilidade física. Sendo assim, há uma contradição, pois se é
possível incluir uma rampa em um prédio da Universidade, por que em outro isso
é tão difícil? “O curso tem dez semestres e eu estou no 4º. Eu me vejo saindo
daqui e ainda não ter nada feito em relação à acessibilidade”, desabafa Alexia.
No Colegiado
da Famed funciona a sala de supervisão de estágio e possui também laboratórios
onde estudantes têm aula. Para quem precisa ter acesso, mas não consegue por
falta de uma rampa, depara-se com dificuldades. Mas além dessa pauta há também
o pedido de democratização dos espaços na Unidade. Segundo Laís, “o
prédio do DANK [Diretório Acadêmico Naum Keiserman], que é o Diretório da Medicina,
possui uma sala grande que dá para fazer eventos e isso não é democrático aqui
dentro, pois é gerido pelo DANK, eles [os estudantes da medicina] alegam que o
prédio é deles, que eles têm um documento que nunca nos mostraram até hoje e
cobram pelo uso desse prédio e a gente entende isso como privatização do espaço
público”. A biblioteca também está na pauta dos estudantes, pois fica aberta
somente até as 15h, sem acesso aos que frequentam o campus no turno da noite.
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Assessoria ADUFPel