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Hoje pastor, ex-delegado do Dops confessa ocultação de cadáveres durante a ditadura militar e vira réu

Cláudio Antônio Guerra, 79 anos, hoje é pastor da igreja Assembleia de Deus, mas seu passado traz revelações de um período sombrio. Ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), ele é agora acusado de ocultação de 12 cadáveres entre os anos de 1974 e 1975 durante a Ditadura Militar.


O pastor, como prefere ser chamado, já confessou os crimes diversas vezes. Entre elas, sete anos atrás, em seu livro “ Memórias de uma Guerra Suja”, no qual conta suas recordações da época, e durante a Comissão Nacional da Verdade. A mais recente foi no documentário “Pastor Cláudio” da diretora Beth Formaggi, uma entrevista de 70 minutos na qual ele conta como foi chamado para fazer parte do grupo que torturou e matou militantes da oposição. 


“Você sabe que esses comunistas têm que morrer, e sei que você é um patriota. Precisamos de você.” foi o convite que ele recebeu através do Coronel Perdigão (Freddie Perdigão Vieira) e pelo Comandante Vieira para compor a Operação Radar, que executou 19 militantes do Partido Comunista Brasileiro.


No documentário, ao ser questionado sobre nomes de desaparecidos durante o regime militar ele chega a responder “ Esse aí eu matei”, “esse eu incinerei”. Guerra contou que ele e colegas ficavam encarregados de queimar os corpos e que às vezes abriam os sacos plásticos em que eram colocados os mortos para espiar. Ainda falou que viu uma mulher com sinais físicos de estupro e um homem sem os braços, o qual desconfia ser José Roman, integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), na época.


No dia 22 de outubro o Ministério Público Federal foi notificado sobre a decisão da juíza Flávia Rocha Garcia, da 2ª Vara Federal de Campos, de acatar a denúncia do procurador Guilherme Virgílio. Cláudio Guerra foi então acusado pelo crime de ocultação de cadáver. A juíza federal em sua decisão resgatou a Lei da Anistia promulgada em 1979 pelo último presidente da ditadura militar (1964-1985), o general João Figueiredo. Ela aponta que a legislatura que anistiava "crimes políticos ou conexos com estes" durante o período, foi promulgada "antes do advento da Constituição Cidadã" e "certamente não é convencional, isto é, está em flagrante dissonância com tratados e convenções de Direitos Humanos que o Brasil se submeteu" na comunidade internacional. 


Em depoimento Guerra confirmou que era encarregado de sumir com os mortos, os que não eram queimados, eram jogados de preferência no rio, e para evitar que um corpo pudesse submergir à superfície, arrancavam parte do abdômen para que não formasse gases. Também confessou que parte dos corpos eram buscados na Casa da Morte, situada na época no centro de Petrópolis (RJ), ponto utilizado para assassinar opositores do regime. O ex-agente ainda disse que a ideia de usar a Usina Cambahyba, usina de açúcar desativada em Campos dos Goytacazes (RJ), surgiu devido a facilidade de eliminar rastros. No local, ele já desovava os corpos de criminosos comuns. Segundo ele, era amigo do proprietário.


Ficha de acusações

Cláudio Antônio Guerra já cumpre prisão domiciliar desde o ínicio deste ano pelo assassinato de sua esposa e cunhada, encontradas mortas em 1980 em um lixão com 19 e 11 tiros respectivamente. Crimes os quais ele nega ser autor ou ter participação.


Pela Procuradoria ele ainda é denunciado por sua participação no atentado ao Centro de Convenções Riocentro (RJ), em 1981, em uma tentativa frustrada de ataque a bomba. E, pelo assassinato de um estudante de geologia em 1973, Ronaldo Mouth Queiroz, membro da Aliança Nacional Libertadora (ANL) na época. Das acusações, agora já cumprindo uma pena, a Procuradoria também pede condenação pela ocultação de cadáveres que Guerra confessou, e que a União cancele eventual aposentadoria que ele esteja recebendo por atuação como agente público. 


Assessoria ADUFPEL
*Com informações de Folha de S. Paulo

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