Incompetência de Weintraub coloca em risco futuro de jovens estudantes
UFPel adia divulgação do resultado do Processo Seletivo após erros no ENEM
A sequência de erros de Abraham Weintraub, ministro da educação, pode prejudicar milhões de estudantes brasileiros. As falhas no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) colocaram em xeque o ingresso nas universidades por meio do Sistema de Seleção Unificada (SISU). Na UFPel, a administração da universidade adiou a divulgação dos resultados do Processo Seletivo por conta dos problemas.
O ministro havia dito que o ENEM de 2019 era o “melhor de todos os tempos”. Os fatos, porém, mostram o contrário. A falha na correção das provas de milhares de estudantes, que surgiu com associação equivocada entre as cores do caderno de questões e gabaritos, é apenas a ponta do iceberg de uma série de problemas de gestão no MEC que o exame tem evidenciado.
O erro de correção atingiu, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), quase 6 mil estudantes das cidades mineiras de Viçosa, Ituiutaba e Iturama, e em Alagoinhas, na Bahia. A partir desse problema, a Defensoria Pública da União entrou com um pedido de liminar para suspender o SISU. A liminar foi deferida pela 8ª Vara Cível Federal de São Paulo na sexta-feira (24).
Mas tudo começou em abril do ano passado, quando a gráfica RR Donnelley decretou falência. A empresa era responsável pela impressão do ENEM desde 2009, ano em que provas foram roubadas antes de chegarem aos locais de aplicação. Para seu lugar, o governo contratou a Valid Soluções S.A., pagando a ela R$ 151,7 milhões. A Valid Soluções agora é acusada pelo MEC de culpada pelos erros no ENEM de 2019.
Em 3 de novembro, primeiro dia da aplicação do ENEM, houve ainda o vazamento de uma das páginas da prova, que continha o tema da redação. O MEC acusou um fiscal da prova pela divulgação ilegal.
Mudanças no comando do INEP
Por trás de todos os erros e falhas no ENEM e no SISU, estão uma série de problemas de gestão. Desde que assumiu o MEC, em abril, Abraham Weintraub já trocou três vezes o presidente do INEP, que é o responsável direto pela realização das provas.
De janeiro a maio de 2019, a presidente foi Maria Inês Fini, que já estava à frente do órgão até janeiro e participou da transição entre os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Depois, assumiu Marcus Vinicius Rodrigues, exonerado em 26 de março, um dia depois de cancelar a avaliação federal de alfabetização.
Seu substituto, Elmer Coelho Vicenzi, ficou apenas 18 dias no cargo. Ele foi demitido em meio a uma disputa interna sobre a divulgação ou sigilo de indicadores educacionais produzidos pelo órgão. Após, assumiu o engenheiro químico Alexandre Lopes, que segue na presidência do INEP até agora.
Leia a nota completa da UFPel:
A Coordenação de Registros Acadêmicos (CRA) da Pró-Reitoria de Ensino (PRE) da Universidade Federal de Pelotas informa que a divulgação do resultado de seu Processo Seletivo 2020, agendada para a próxima terça-feira, 28 de janeiro de 2020, foi adiada em virtude de questionamentos sobre inconsistências identificadas na correção das provas do ENEM que pode ter alterado a classificação dos candidatos que participaram do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
O processo encontra-se suspenso por liminar concedida pela 8ª Vara Cível Federal de São Paulo, na tarde da última sexta-feira, 24 de janeiro de 2020, em ação movida pela Defensoria Pública da União.
A medida da UFPel tem como objetivo resguardar os direitos de todos os candidatos inscritos no Processo Seletivo 2020, tendo em vista que a ação judicial questiona a validade das notas do ENEM divulgadas pelo INEP/MEC, as quais são utilizadas como critério de avaliação dos candidatos a uma vaga na instituição.
Desta forma, a divulgação dos aprovados e do cronograma de matrícula ocorrerá tão logo as informações prestadas pelo INEP/MEC sejam reconhecidas como válidas e definitivas.
Assessoria ADUFPel. Com informações de UFPel, EBC e BBC Brasil. Imagem de EBC.