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Notícia

Maior escola estadual de Pelotas é ocupada por estudantes

Motivados pela falta de infraestrutura e funcionários, decorrentes do atraso de repasses do governo estadual, e contra a privatização da educação pública, estudantes ocuparam a maior escola estadual de Pelotas, o Instituto Estadual de Educação Assis Brasil (IEEAB), na manhã de hoje (16). A mobilização acontece em apoio aos professores, que deflagraram greve na sexta-feira (13) por tempo indeterminado.

 

Organizadas pelos movimentos estudantis e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), as ocupações acontecem em diversos estados, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro. No RS, pelo menos quatro municípios já estão inseridos no movimento. Em Porto Alegre, pelo menos dez escolas foram ocupadas, em Rio Grande sete e uma em Passo Fundo. O objetivo dos estudantes é permanecer até que o governo amplie os investimentos na educação e atenda as demandas.

 

Infraestrutura precária

Teto caindo, vidros quebrados, infiltração, falta de funcionários responsáveis pela limpeza e merenda são alguns dos problemas enfrentados por professores, alunos e funcionários do IEEAB. Quando chove, as aulas acabam sendo transferidas para outras salas, que muitas vezes não comportam o número de alunos, que chega a 40 por turma.

 

A solução seria uma reforma do prédio, que já sofre com problemas estruturais há muitos anos. A diretora Magna Lameiro, conta que a falta de repasses impossibilitam obras no prédio. Em 2014, o instituto foi contemplado com o ProEMI (Programa Ensino Médio Inovador), que garantiria verba para a melhoria dos laboratórios e quadras esportivas, porém o repasse foi de apenas 50%. “Ontem o teto de uma sala de aula caiu. Nós precisamos reformar os prédios, mas a verba não veio. A nossa escola é muito grande e um atraso de repasse representa bastante”, explica a diretora.

 

Além disso, houve atraso nas verbas de custeio, referentes à compra de materiais de papelaria e limpeza. Faltam canetas, folhas de ofício, papel higiênico, apagador, entre outros materiais. “Está difícil fazer prova porque não tem canetas para aplicá-la no quadro e faltam folhas de ofício também”, destaca o aluno Rafael Cordeiro, de 17 anos.

 

De acordo com Rafael, a desmotivação dos professores, decorrente do descaso do governo com a educação, os afeta. “A gente olha para eles tristes e essa tristeza contagia”.

 

Falta de funcionários

Apesar da verba para a merenda estar em dia, como contam os alunos e direção, o quadro reduzido de funcionários da merenda, limpeza e monitoria não é suficiente para dar conta de todo o trabalho. Magna afirma que o número ideal de merendeiros seria de seis, porém a escola possui apenas a metade do necessário. No período da tarde, há uma merendeira para atender 500 alunos. Mobilizados, os estudantes auxiliam na preparação dos alimentos e limpeza da escola.

 

A luta continua

Os estudantes entregaram uma carta de reivindicações à direção da escola. Na terça-feira, haverá um encontro entre Cpers e governo do estado. O professor de Sociologia do IEEAB, Fernando Rosário, conta que apoia a iniciativa dos estudantes: “São duas lutas que se juntam. A luta dos professores é por salário e condições de trabalho e a luta dos estudantes é por melhorias dentro da escola, contra o sucateamento e contra o PL [Projeto de Lei] 44/16”.

 

Medidas contribuem para a precarização da educação pública

Desde o início da gestão, o governador José Ivo Sartori vem apresentando uma série de medidas de “ajuste fiscal”. Conhecido como “Pacotaço”, o conjunto foi apresentado em etapas e prejudica ainda mais a população gaúcha, somando-se aos cortes orçamentários já realizados anteriormente pelo governo federal, gestão Dilma Rousseff. Desde então, medidas adotadas pelo governo estadual contribuem ainda mais para a precarização da educação, como atrasos nos repasses de verbas, parcelamento dos salários dos servidores e tentativa de aprovação do PL 44/16, que visa permitir a interferência de Organizações Sociais nas escolas.

 

Para a ADUFPel-SSind, a luta dos estudantes, professores e demais trabalhadores das escolas estaduais de Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas e de todas as outras cidades pelo Brasil é justa e deve ser apoiada. O atraso no pagamento dos salários dos servidores e no repasse de verbas às escolas, assim como o aumento das parcerias público-privadas nas instituições de ensino, contribuem para a precarização e mercantilização da educação. A mobilização é fundamental para que nossos direitos sejam preservados. A luta contra a precarização do ensino e por um projeto democrático de educação fazem parte dos temas que serão debatidos no II Encontro Nacional de Educação (ENE), que acontece entre os dias 16 e 18 de junho, em Brasília.

 

Assessoria ADUFPel

 

Fotos: Assessoria ADUFPel

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