ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Marcha da Consciência Negra ocupa as ruas de Pelotas

Centenas de pelotenses se reuniram no final da tarde de quarta-feira (20) para marchar, cantar, dançar e gritar pela Consciência Negra. A Marcha de 2019 homenageou a Mestre Griô Sirley Amaro, carnavalesca, costureira e contadora de histórias, conhecida por sua contribuição para a preservação da cultura negra em Pelotas.

A concentração teve início no Altar da Pátria, às 17h. Lá se reuniram diversos militantes, coletivos, movimentos sociais e entidades sindicais. Perto das 18h, o microfone foi aberto e começaram as homenagens a Sirley Amaro. A Mestre Griô, presente na linha de frente da manifestação, ouviu emocionada intervenções que ressaltaram sua importância para a luta da comunidade negra pelotense.

Não à toa, o tema escolhido para a Marcha de 2019 foi “pela nossa história e ancestralidade”. “A lua minguante hoje está me dando uma grande homenagem. Todos aqui são importantes. Cada um tem a sua importância para a luta”, afirmou a Mestre Griô Sirley Amaro, logo passando a palavra a outros participantes da manifestação.  

Após as falas iniciais, teve início a Marcha. Liderados por Sirley Amaro, centenas de pessoas apressaram o passo pela rua Andrade Neves, andando atrás de um grupo de percussão. Intercalavam-se sambas e breves palavras de ordem. Do microfone, entre um “Não Deixe o Samba Morrer” e uma canção de Tim Maia, manifestantes lembravam aos transeuntes que Pelotas é uma cidade negra e que por lá passava a Marcha da Consciência Negra de 2019.

Outros lutadores e lutadoras também foram lembrados durante o ato. Zumbi dos Palmares, líder quilombola assassinado justamente em um 20 de novembro, no ano de 1695, no que hoje é o estado do Alagoas, assim como sua esposa e companheira, a guerreira Dandara. Teresa de Benguela, líder quilombola no cerrado brasileiro.

Marielle Franco, vereadora carioca assassinada. A menina Agatha, recente vítima da política de extermínio do governo do Rio de Janeiro. E Taison, o jogador de futebol nascido em Pelotas, que enfrentou duros ataques racistas durante uma partida na Ucrânia.

A caminhada durou quase duas horas, cruzando uma boa parte do centro da cidade. Se encerrou no beco ao lado da Bibliotheca Pública Pelotense, onde uma estrutura para apresentações musicais já estava montada. Subiram ao palco, por várias horas, diversos artistas da comunidade negra de Pelotas e região.

Debate político dá início ao 20 de novembro em Pelotas

As atividades da Marcha começaram mais cedo. Às 14h, na sede da ASUFPEL, foi realizado um importante espaço de debate político sobre a data. O tema foi “Colonialismo e Movimentos de Esquerda no Brasil: Raça e Racismo em pauta”.

Miriam Alves, diretora da ADUFPel, foi uma das palestrantes e avaliou positivamente as discussões. “A mesa teve um papel importante no sentido de iniciar um alinhamento político dentro do debate da questão racial nos movimentos sociais na cidade. Isso tem uma potência, pode se expandir para a região. Resgatar essa Marcha e reunir todas essas pessoas é extremamente significativo. Mostra a potência de um grupo que, por algum motivo, estava um pouco adormecido. Aqui há um marco histórico de retomada de articulação política”, comenta.

Um dos encaminhamentos do debate foi que é necessário pensar ações durante todo o ano, e não apenas às vésperas de novembro. “Que a Marcha de 2019 comece a pensar a Marcha de 2020. Aquele grupo vai passar a se reunir e a pensar estratégias de mobilização e isso vai culminar no 20 de novembro do ano que vem”, afirma Miriam.

Olumide Betinho, de Gravataí, foi outro dos palestrantes. Ele é ativista dos povos e comunidades tradicionais. Para Betinho, as ações do movimento negro de Pelotas repercutem no Rio Grande do Sul e no Brasil. “Pelotas tem uma representação importante no cenário estadual e nacional na construção das políticas de luta antirracista. Pelotas sempre foi muito importante para os negros gaúchos e, há algum tempo, faltava maior participação. Foi um movimento muito rico. Fica a certeza de que o movimento negro está se repensando e se oxigenando aqui na cidade”, avalia.

Participação docente na Marcha

Confira as avaliações de alguns professores da UFPel que participaram da Marcha. Ambos são membros do Grupo de Trabalho de Política de Classe para Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da ADUFPel.  

Thiago Sebastiano de Melo, da Faculdade de Administração e Turismo

Me parece que há convergência de lutas que extrapola a potência do movimento negro e desagua numa conjunção que dá uma força que há tempos não aparecia. Essa é uma realidade do país todo, inclusive pelo aprofundamento das desigualdades e da narrativa da violência, que legitimam uma barbárie institucional, gerando alguns alvos. A população negra e as populações tradicionais são o alvo predileto. Todas as manifestações de 2019 mostram essa força de resistência.

Gilson Porciúncula, do Centro de Engenharias.

É bastante importante participar desse movimento de 20 de novembro. Há alguns anos não se fazia um movimento unificado. Neste ano, há bastante sucesso. Foram envolvidas várias pessoas para fortalecer a nossa luta diária e necessária contra o racismo.

Assessoria ADUFPel

Veja Também

  • relacionada

    Conheça algumas das mulheres negras que se destacaram na luta pela igualdade racial e pelo...

  • relacionada

    Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia de Tereza de Benguela...

  • relacionada

    Comunicado Consulta Informal Reitoria UFPel (Gestão 2025-2028)

  • relacionada

    Lei garante licença para mães e pais concluírem graduação e pós

  • relacionada

    67º Conad começa na próxima sexta-feira (26)

  • relacionada

    Regional RS do ANDES-SN abre inscrições para o XXV Encontro que ocorre em agosto

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.