Ministro defende universidades apenas para ‘elite intelectual’
“As universidades
devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite
econômica [do país]”. A declaração foi dada pelo ministro da Educação, Ricardo
Vélez Rodríguez, na segunda-feira (28), ao jornal Valor Econômico. Ele
ressaltou que busca um modelo parecido ao de países como a Alemanha.
Rodríguez disse que estuda alterar pontos da reforma do Ensino Médio, aprovada
durante o governo Temer (MDB). No entanto, deve manter o ensino técnico como um
dos principais pilares da educação, como forma de inserir os jovens mais
rapidamente no mercado de trabalho. O ensino técnico foi uma das bandeiras do
presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha para a presidência.
“A ideia de universidade para todos não existe”, declarou ao periódico.
De acordo com o responsável pelo MEC, o retorno financeiro dos cursos
técnicos é maior e mais imediato do que o da graduação. Segundo ele, isso pode
diminuir a procura por Ensino Superior no Brasil.
Cobrança de mensalidades nas IES
Ainda em entrevista, Rodríguez afirmou não está prevista a cobrança de
mensalidades em universidades públicas, mas falou da urgência de reequilibrar
os orçamentos. Ele também defendeu a continuidade do enxugamento do Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) como alternativa econômica para aliviar os
cofres públicos.
Ideologia de Gênero
O ministro foi questionando pelo Valor Econômico sobre as declarações dadas
referentes à “ideologia de gênero” nas escolas. Segundo ele, ensinam
"menino a beijar menino e menina a beijar menina". Rodríguez
limitou-se a dizer que essa não é uma pauta que o interesse: "Mas se
houver demanda da sociedade, vamos discutir".
Ricardo Vélez Rodríguez
Nascido em Bogotá, na Colômbia, Ricardo Vélez Rodríguez tem 75 anos e se
naturalizou brasileiro em 1997. Graduou-se em filosofia e teologia na Colômbia.
É mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ) e doutor no Rio na mesma área pela Universidade Gama Filho. É
professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme). Ele
foi indicado ao cargo de ministro da Educação pelo filósofo Olavo de Carvalho.
É defensor de agendas como expansão de escolas militares no país e o
combate a uma suposta proeminência de “ideias esquerdistas” no ensino.
* Com informações do Valor Econômico
Foto: Luis Fortes/MEC