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Orquestra argentina leva instrumentos ancestrais da América para o palco

A cidade de Pelotas recebeu visitantes ilustres no mês de outubro, com a chegada de dezenas de músicos argentinos da Orquestra Instrumentos Autóctones e Novas Tecnologias. A orquestra é ligada à Universidade Nacional Tres de Febrero, localizada na província de Buenos Aires.

Além de se apresentar no Theatro Guarany no dia 25, eles também foram até o Estúdio de Percussão da UFPel para uma roda de conversas com docentes e estudantes do curso de Música. De ônibus, trouxeram a Pelotas 1,5 tonelada de instrumentos musicais que, como um museu itinerante, contam a história da música no continente americano, do Alasca à Patagônia.

Muitos desses instrumentos são construídos pelos próprios docentes e estudantes ligados à orquestra, a partir de um largo processo de pesquisa histórica. A fabricação culmina no uso de novas tecnologias, como raios laser e programas de escaneamento em 3D, para reproduzir da melhor maneira possível técnicas usadas na confecção de instrumentos, por exemplo, por povos indígenas séculos atrás.

As novas tecnologias também são utilizadas nas apresentações da orquestra. Muitas vezes é impossível distinguir quais sons são computadorizados e quais não, e os músicos parecem gostar dessa dicotomia entre o ancestral e o moderno.

A estética dos instrumentos construídos impressiona. Destacam-se formatos de animais, como uma arara que soa com um leve balançar, fazendo com que o ar passe por dentro da argila, e também totens moldados com enorme cuidado. Há ainda um instrumento que lembra uma escultura duas mulheres, que, quando cheio de água, produz sons únicos ao ser manuseado.  

Aliás, a estética é uma preocupação constante da orquestra. Além de tocar os instrumentos por eles construídos, seus membros dançam organizadamente e vestem figurinos planejados. A direção de artes cênicas e visuais é de responsabilidade da professora Susana Ferreres.

15 anos de educação sob novos paradigmas

Alejandro Iglesias Rossi é docente, idealizador da licenciatura em Música Autóctone, Clássica e Popular da América e maestro da orquestra. Premiado duas vezes pela Unesco por seu trabalho com música, ele afirma que o objetivo do programa universitário é criar um novo paradigma educacional para a área.

“A orquestra forma parte de todo um projeto que envolve a graduação e a pós-graduação. A ideia desde sua criação, em 2004, foi propor um paradigma de ensino, de composição, de interpretação, de pesquisa que fosse diferente à dos conservatórios de música da América Latina, que basicamente copiam o que se aprendeu da Europa e dos Estados Unidos”, comenta. “A ideia é propor outra forma de aproximação à música, tendo como núcleo fundamental a América”, reforça Alejandro.

“Esse nosso paradigma está centrado na América, na recuperação das tradições musicais e de construção de instrumentos do nosso continente. Somos um museu sonoro itinerante. Temos a coleção de instrumentos musicais americanos em uso mais importante do mundo”, completa o docente.

Quase todos os membros da orquestra são ou docentes ou estudantes da universidade. Mas Alejandro ressalta que há a preocupação de manter o programa aberto para participação da comunidade.

Instrumentos pelotenses no acervo da orquestra

Durante a roda de conversas na UFPel, os argentinos puderam conhecer um pouco da música local, em especial da percussão. A eles foi apresentado o sopapo, tambor inventado pelos escravos nas Charqueadas no início do século XIX. O curso de música da UFPel, em conjunto com ativistas do movimento negro pelotense, tem atuado para manter viva a tradição local da percussão e realizado oficinas de construção do sopapo.

Alejandro Iglesias Rossi se mostrou encantado com o instrumento pelotense e já levou de volta à Argentina um sopapo de presente. “Chegando a Pelotas o que nos fascinou foi a característica fisionômica da cidade, completamente diferente. Encontramos aqui uma sensibilidade muito particular, e isso é fundamental. Conhecemos instrumentos da região que queremos que formem parte de nosso acervo”, disse o maestro.

Para conhecer um pouco mais do trabalho da orquestra, acesse o canal.

Assessoria ADUFPel

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